Domingo, 27 de maio de 2018
Segundo estudo internacional, tomografia expõe o paciente a níveis menores de radiação e tem menos risco de complicações e é mais eficaz do que cateterismo para diagnosticar doenças do coração (Foto: Ministério da Saúde/Creative Commons)
Já passamos da zero hora deste domingo, dia 27 de
maio de 2018. Fico aqui pensando em alguns (alguns, mas reputo da maior
gravidade) problemas de atendimento na rede pública de saúde vividos pelos
moradores do Gama e Santa Maria. E também, claro, por nossos irmãos que moram
no chamado Entorno Sul de Brasília.
Não vou falar aqui, agora, dos absurdos fechamentos e desmontes da Pediatria e do Pronto Atendimento Infantil (PAI) do HRG e do
atendimento inadequado com a recém abertura desses setores no HRSM.
Vamos
falar um pouco de tomógrafo [e da vida de pacientes]
O tomógrafo do Hospital Regional de Santa Maria
(HRSM) encontra-se quebrado há bastante tempo. Prometem o conserto praticamente
para toda semana, mas nunca isso acontece.
Imagine você um hospital do tamanho do HRSM sem um tomógrafo
funcionando. As dificuldade enfrentadas pelos médicos para definir diagnósticos
e, principalmente, o altíssimo risco de morte e de sequelas que correm os
pacientes.
Na Regional Sul de Saúde, que abrange Santa Maria e
Gama, mas que atende também pacientes do Entorno Sul de Brasília, desde o meio
da semana passada os pacientes não contam com tomógrafo funcionando, que possa
agilizar e tornar mais eficaz diagnósticos e, consequentemente, os mais
indicados tratamentos.
O tomógrafo do HRSM, como já assinalado mais acima,
está quebrado há bastante tempo. Nesse período, pacientes do hospital de Santa
Maria podiam fazer exame no tomógrafo do HRG. Agora essa alternativa não existe
mais. É que o tomógrafo do HRG opera no sistema “meia-boca”. Gera as imagens da
área examinada, arquiva tais imagens, mas não grava no CD.
E qual é o problema que essa impossibilidade de
gravar o CD pode acarretar? Ora, se o sistema do tomógrafo é para gerar as
imagens e depois imediatamente gravá-las em CD para que possam de pronto ser
acessadas pelo médico em seu consultório no hospital e agora essa possibilidade
não é possível, é perfeitamente correto se dizer que o tomógrafo do HRG está
funcionando à “meia-boca”, o que acarreta riscos elevadíssimos para os
pacientes.
Imaginemos um paciente com suspeita de Acidente
Vascular Cerebral (AVC), ou de infarto. Se submetido imediatamente ao exame,
este gravado em CD (como é a função do equipamento) e entregue ao médico, tal
profissional de saúde pode mais rapidamente identificar o problema e prescrever
os procedimentos e medicamentos que podem salvar a vida e afastar riscos de sequelas.
E como a coisa está sendo feita atualmente no HRG?
O médico encaminha o paciente para o exame de tomografia. Em casos em que o
exame identifica problemas, o médico é comunicado e tem que deixar seu posto de
trabalho no consultório —que fica distante da localização do tomógrafo— para
ver na tela do equipamento as imagens. Enquanto o tempo corre contra a boa
saúde do examinado, o médico ao deixar seu consultório também interrompe o
atendimento de outros pacientes. E sabemos como é a demanda de consultas em
nossos hospitais.
Resumo do
caos:
1.
Tomógrafo do Hospital
Regional de Santa Maria, totalmente quebrado já há bastante tempo;
2.
Tomógrafo do
Hospital Regional do Gama, funcionando à meia-boca, gerando as imagens, mas sem
possibilidade de gravá-las em CD;
3.
Médicos
correndo pra um lado e pra outro no trajeto entre seus consultórios e o
tomógrafo meia-boca;
4.
Pacientes, em
razão dessa meia-boca do tomógrafo, levando mais tempo para ser exatamente
diagnosticado, correndo alto risco de morte e de sequelas;
5.
Pacientes que
eram encaminhados ao HRG pelos centros de saúde do Gama para exames de
tomografia, hoje já não são atendidos no hospital, pois sem o CD gravado os
médicos dos centros de saúde ficam com as mãos amarradas. E os pacientes...com
o pescoço à mercê da foice da Morte;
6.
Os pacientes
do HRSM, que em razão do tomógrafo quebrado em Santa Maria, estavam sendo normalmente
encaminhados ao HRG, agora são removidos para hospitais fora da Regional Sul de
Saúde. Mais tempo para se chegar a um diagnóstico mais completo. E a tratamento
mais rápido;
7.
Pacientes do
HRG, que submetidos ao exame de tomografia e que em razão de seu diagnóstico
precisem ser removidos para outro hospital, o Base, por exemplo, ao chegarem em
tal hospital de destino, terão que se submeter a novo exame de tomografia, pois
não estará levando o CD com o resultado dos exames feitos no Gama. Mais tempo,
mais risco, mais mortes;
8.
A ‘gestão’ de
manutenção de equipamentos na rede pública é uma coisa horrorosa. É de fazer
corar o próprio aço com que muitos dos equipamentos são fabricados;
9.
E a pergunta
que não quer calar: Até quando o usuário da rede pública de saúde do Gama e
Santa Maria ficará sem este recurso indispensável —tomógrafo em pleno
funcionamento— ao correto diagnóstico de muitas doenças...e ao salvamento de
vidas?
Conserta logo os dois equipamento,
Rollemberg? Vidas estão em risco!