Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Pandemia, Educação e Meios de Comunicação em Massa

Quarta, 1º de julho de 2020
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna


Mirar em alternativas à internet para o ensino à distância é fundamental. Até porque, no novo normal, as escolas não voltarão a ser lotadas como antes. É fundamental, pois, que olhemos para os Meios de Comunicação de Massa. Até porque, eles não estão assim tão na pré-história.

Por Chico Sant’Anna*
Publicado originalmente no Correio Braziliense, edição de 01-07-2020

Falar em Meios de Comunicação de Massa em pleno século XXI, tempos de web-plataformas, aplicativos, redes sociais, pode parecer um papo meio sobre pré-história das tecnologias da informação. Evoluímos muito nas últimas décadas, mas a evolução não foi socializada para todos e muitos ainda vivem um profundo apartheid tecnológico e, consequentemente, social.

O isolamento imposto pela Covid-19 escancarou essa dura realidade, nem sempre perceptível à sociedade brasileira e mesmo àqueles que têm por missão pensar a universalização do ensino e do acesso aos meios digitais. Parcela majoritária da população não dispõem de computadores, tabletes ou notebooks. Mesmo dentre aqueles que dispõem desses aparelhos muitos não contam com banda larga, o que permitiria o acesso às modernas ferramentas de ensino à distância. Nas camadas sociais mais desprotegidas, o que salva é o telefone celular, com o wi-fi emprestado do vizinho ou dos raros provedores públicos existentes. Mas está tudo fechado e não dá pra concluir um ano letivo pegando carona no wi-fi alheio ou mesmo consumindo créditos da telefonia pré-paga. E não são só os mais carentes que sofrem com a internet. Mesmo em áreas economicamente mais fartas, a reclusão social e o intenso uso da internet revelaram a má qualidade do serviço prestado pelas operadoras no Brasil.