Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 1 de maio de 2021

Nesse 1º de maio pandêmico, reinventar o sentido do Trabalho

Sábado, 1º de maio de 2021

Do Setorial Nacional Ecossocialista Paulo Piramba do PSOL


O termo trabalho, em suas raízes, ficou ligado a um sentido de dor e sofrimento. Com origem do latim, da palavra tripalium - que também era a denominação de um dos instrumento usado na antiguidade para tortura de escravos, e homens livres com dívidas pendentes. Nesse período, quando se pensava em trabalho, era algo que despertava medo, temor, agonia.


No sentido atual, trabalho pode ser relacionado a atividades de subsistência, como coleta, caça, pesca, construção ou procura de abrigo. Essas atividades se desenvolveram em populações humanas que tratavam o mundo natural como propriedade comum, e tinham sentido em gastar essa energia, para suprir as necessidade de sobrevivência. Sendo o restante de seu tempo, ocupado com outras atividades como, descanso, entretenimento, reprodução, aprimoramento tecnológico.


A partir do surgimento das sociedades de classes, emergiu um apelo para uma ideia de direito divino de certos grupos sociais, ou pessoas, como forma de alienação da maioria das massas populares, para se submeter a dominação de grupos menos numerosos. Essa lógica garantia o “direito’ da posse das terra, das riquezas naturais, e até mesmo da vida de alguns, ou seja da “propriedade divina” de bens comuns, os cidadãos podiam ser forçados a trabalhar, ou trocar seu trabalho por comida e moradia, e/ou vender parte do que produziam.


Conforme a população crescia, e as demandas para suprir uma dinâmica sociometabólica entre humanos e natureza se intensificavam, se modificavam também as relações de trabalho e de poder. A classe que passou a gerir a relação da humanidade com o planeta, assumiu uma dinâmica de acumulação de capital, que necessita do trabalho das pessoas, e dos recursos da natureza, para criar uma infinidade de produtos que devem ser consumidos, para muito além das necessidades humanas básicas. Essa relação de produção e de reprodução da vida, faz com que o trabalho seja essencial para manter a produção e o consumo ilimitados da sociedade, em um modelo de economia linear e destrutivo, que tem como horizonte, as taxas de lucro. E como esse lucro fica em sua grande maioria represado para os que dominam, criou-se a “propriedade financeira” dos bens comuns.


Nos dias de hoje, o trabalho tem um sentido até místico, quem nunca ouviu; “o trabalho dignifica o homem”. Essa noção é absolutamente necessária para garantir a docilidade das massas de trabalhadores do mundo, e foi difundida e enraizada na sociedade por décadas, através de complexas estruturas de comunicação de massa, e imposição cultural imperialista. O capitalismo também cria e espalha uma cultura de competição, que aguça características individualistas e consumistas nas populações, o que distancia cada vez mais a classe trabalhadora, e consequentemente, a humanidade, de um nível de cooperação essencial para a manutenção da nossa espécie no planeta.


Nesse 1º de maio de 2021, um ano pandêmico, em que o desequilíbrio dos ecossistemas pode mostrar seu potencial para toda a humanidade, nós ecossocialistas não viemos apenas homenagear todas e todos os trabalhadores do mundo, isso também, certamente. Nós também viemos dar um grito pela unidade, pela busca do sentido real do trabalho - e da própria vida -, e da necessidade de que empenhemos nossa força para que ele supra nossas necessidades, e não sugue nossa vitalidade e humanidade.

Só assim poderemos construir uma nova sociedade, com um novo metabolismo com o planeta, recuperando a utopia revolucionária, na construção de uma projeto político unitário, que possa garantir nossa existência no curso da história do planeta. Um projeto para uma sociedade Ecossocialista!

Viva as trabalhadoras e trabalhadores do mundo. Uni-vos!

# de Maio