Terça, 30 de janeiro de 2024
Parceria entre universidades e MST é na área de bioinsumos e de maquinário agrícola para agricultura familiar. - Foto: Marla Galdino
Atividade faz parte de cooperação internacional para construção de um Centro de Pesquisa entre os dois países
Valmir Araújo
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 30 de janeiro de 2024
O intercâmbio de técnicas e tecnologias para o desenvolvimento da agricultura familiar foi o foco de uma visita realizada nesta segunda-feira (29) por professores e pesquisadores da Universidade Agrícola da China (CAU, sigla em inglês para China Agricultural University) à Fazenda Água Limpa, área agrícola da Universidade de Brasília (UnB), localizada à 28km do Campus Universitário Darcy Ribeiro.
Fundada em 1905, a CAU é o instituto de agricultura mais antigo da China e é considerado, por rankings internacionais, a segunda melhor universidade da área da agricultura no mundo.
De acordo com o reitor da CAU, Zhenghe Song, essa visita à UnB tem como objetivo fortalecer a parceria entre as duas universidades e também das técnicas e tecnologias para o desenvolvimento agrícola. “Espero que possamos melhorar cada vez mais a nossa agricultura, por meio desse intercâmbio”, enfatizou o reitor da universidade chinesa.
Em setembro do ano passado, UnB e CAU assinaram uma documento formalizando uma parceria para a construção do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia em Mecanização para Agricultura Familiar. A atividade faz parte de um convênio maior, entre os países, China-Brasil de cooperação técnica e desenvolvimento industrial e foi articulada pela Associação Internacional para Cooperação Popular, Baobab.
“Os eixos de trabalho do Centro são: a mecanização da agricultura familiar, a produção de bioinsumos, o desenvolvimento a partir das nossas bases camponesas e também a melhoria de vida da classe trabalhadora das cidades”, explicou Luiz Zarref, coordenador da Baobab América Latina.
Comitiva chinesa conhece produção da Fazenda da UnB / Foto: Marla Galdino
Na Fazenda Água Limpa (FAL) serão desenvolvidas as ações do Centro. A presidente do Instituto Internacional de Equipamentos Agrícolas da CAU, Yang Minli, parabenizou a universidade brasileira e ressaltou a importância da cooperação para o desenvolvimento da agricultura familiar. “Precisamos aprofundar a parceria entre nós e acredito que será ainda mais frutífera”, destacou.
Yang Mili conhece maquinário na UnB. China é uma referência em relação à produção de bioinsumos / Foto: Marla Galdino
O vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, destacou que a atenção para a melhoria da agricultura familiar é o ponto central da parceria entre as duas universidades. “O uso de novas tecnologias é um ponto central para a agricultura familiar e de segurança alimentar para ambos os países”, destacou.
“Nossos países comemoram 50 anos de relações diplomáticas em 2024 e pretendemos, nesse contexto, inaugurar o nosso Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção da Ciência e Tecnologia para Agricultura Familiar”, destacou a reitora da UnB, Márcia Abrahão Moura, atestando que um dos pilares dessa parceria é o combate à fome e a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis.
Fortalecimento da agricultura familiar
Considerando a desigualdade nas condições de produção agrícola no país, a cooperação entre China e Brasil é um passo na implementação de tecnologias para melhorar a produção da agricultura familiar e camponesa no país. “Precisamos de um salto na agricultura familiar por meio da mecanização e de novos conhecimentos para produzirmos mais alimentos e superar a fome fome no Brasil”, ressaltou Milton José Fornazieri, secretário de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
“Essa cooperação vem para reforçar uma missão histórica, que é missão da agricultura familiar e por consequência do MST, que é de garantir que alimentos saudáveis cheguem todos os dias na cidade. Isso só é possível se a gente garantir também o acesso, a democratização, a popularização das tecnologias e tecnologias voltadas para a produção de alimento saudável a partir da agroecologia, a partir dos bioinsumos e das máquinas agrícolas adaptadas, que são chaves para aumentar a produtividade da agricultura familiar”, destacou Bárbara Loureiro, do Setor de Produção do MST.
Bárbara Loureiro, do setor de produção do MST, durante reunião com a comitiva chinesa / Foto: Marla Galdino
Entrega de máquinas
A comitiva chinesa participa nesta sexta-feira (2) do ato político de lançamento do Campo Experimental das Máquinas Chinesas, em Apodi, no Rio Grande do Norte. O evento formaliza a chegada de 29 máquinas agrícolas chinesas ao país, destas, 11 serão entregues ao MST no RN, Paraíba, Maranhão e Ceará.
O maquinário, que inclui micro-tratores, roçadeiras, semeadeiras e plantadeiras, já está montado e passará por uma avaliação sobre as adaptações que serão necessárias para o uso em solo brasileiro. O ato é organizado pelo Consórcio Nordeste, governo do estado do Rio Grande do Norte e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Edição: Márcia Silva