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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

MPDFT ajuíza ação para regularizar oferta de endoscopia na rede pública de saúde do DF. Um quadro de caos, ou quase isso.

Quarta, 27 de agosto de 2025

Do MPDFT

Plano de ação da SES para resolver o problema existe há mais de dois anos, mas a demanda reprimida cresceu nesse período

A 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) ajuizou ação civil pública nesta terça-feira, 26 de agosto, para que o Distrito Federal regularize o acesso de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) ao exame de endoscopia digestiva alta. A medida busca solucionar a longa fila de espera pelo procedimento, que, segundo dados de maio de 2025, ultrapassa 19 mil pacientes.

A ação pede que a Justiça determine ao Distrito Federal, em caráter de urgência, a qualificação da demanda reprimida, informando o número de pacientes em cada classificação de risco (vermelho, amarelo, verde e azul). Pede também a apresentação de um estudo sobre a capacidade instalada em cada hospital para a realização do exame.

O objetivo é que a Justiça obrigue o Distrito Federal a elaborar e apresentar, em 60 dias, um novo plano de ação com metas e indicadores para reduzir a fila. A execução desse plano deverá ocorrer em até 180 dias, com prioridade para os casos de urgência e emergência. A Prosus solicita ainda que seja mantida uma oferta de exames superior às novas demandas, de modo a garantir a realização dos procedimentos no prazo máximo de 100 dias.

Fiscalização

A ação é resultado de um procedimento administrativo instaurado em 2023 pela Prosus para acompanhar a oferta do exame na rede pública. A endoscopia digestiva alta é fundamental para diagnóstico e tratamento de doenças do sistema digestivo, como gastrite, esofagite, úlceras, sangramentos e tumores. A demora no acesso ao procedimento pode levar a diagnósticos tardios, com agravamento de quadros clínicos e necessidade de tratamentos mais complexos e caros, como cirurgias e quimioterapias.

A Secretaria de Saúde (SES) já havia elaborado, em 2023, um plano de ação para mitigar a demanda reprimida, com propostas de qualificação da fila e ampliação de vagas. No entanto, o que se observou desde então foi a piora na situação, com o aumento do número de pacientes que aguardam pelo exame.

Para subsidiar a ação, a Prosus realizou inspeções nos seis hospitais da rede pública que oferecem o serviço. Os relatórios apontaram problemas recorrentes nas unidades, como déficit de recursos humanos, em especial de técnicos em enfermagem; quantidade insuficiente de equipamentos (endoscópios); falhas na manutenção de máquinas reprocessadoras, essenciais para a limpeza e desinfecção dos aparelhos; e, em alguns casos, instalações físicas inadequadas.

As vistorias também identificaram alto índice de ausência dos pacientes aos exames agendados, atribuído a falhas na comunicação entre a SES e os usuários. No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), a espera pelo exame pode chegar a três anos, uma vez que os agendamentos de 2022 estão sendo realizados atualmente.

Clique aqui para ler a ação.


Fonte: MPDFT