Quarta, 13 de janeiro de 2021
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna
Ponto de Coleta exclusivo para vidros no Guará 2-DF, ao lado do Mercado Dona de Casa. Brasiliense não segue as regras da separação de resíduos. Joga metais, plástico e papelão, onde só se recebe vidro, e vice-versa.
Além de produzir muito lixo, o Distrito Federal pouco recicla. Falta educação ambiental. De bairros pobres a ricos, a cena se repete: lixo jogado em local inadequado – como terrenos baldios -, pontos de coletas que não são respeitados. E um Aterro Sanitário em Samambaia que satura mais rápido do que o previsto inicialmente. Nova área igual a sete superquadras é negociada para ampliar a capacidade de acumular lixo.
Por Chico Sant’Anna
Mesmo com a Pandemia da Covid, da redução das atividades econômicas, cada brasiliense, incluindo as crianças, terá produzido cerca de 470 quilos de lixo no ano que passou. Trata-se de 1,3 kg de resíduos por pessoa, a cada um dos 365 dias do ano. Esse cálculo conta apenas os resíduos recolhidos pelo Serviço de Limpeza Urbana – SLU e as empresas por ele contratadas. Não inclui o lixo jogado ou queimado irregularmente nos terrenos baldios, nem os restos da construção civil e de podas de jardins que são despejados no antigo lixão da estrutural. Essa lixarada toda, dói no bolso do contribuinte. O gasto do SLU por ano chega a quase meio bilhão de reais, R$ 466,3 milhões. Dinheiro que poderia ser melhor aplicado, se o brasiliense colaborasse mais na hora de dispensar seus rejeitos. Com esses recursos daria para ampliar o metrô até o final da Asa Norte.
Os dados coletados até setembro – e que constam do portal do SLU – apontam um volume de 1,057 milhão de toneladas, dentre lixo doméstico e comercial, lixo recolhido nas ruas, os recebidos pelas cooperativas que fazem triagem para reciclagem, bem como o lixo hospitalar, que é queimado em Santo Antônio do Descoberto. É possível, então, inferir que a produção de resíduos sólidos do Brasiliense terá chegado a 1,410 milhão de toneladas de lixo, nos doze meses do ano que findou.
Pouca reciclagem
Destrinchando esses dados, percebe-se que além de produzir muito lixo, o Distrito Federal pouco recicla. Dessa montanha de lixo, apenas 224 mil toneladas foram destinadas as duas únicas usinas de tratamento de lixo, localizadas no Setor P-Sul, da Ceilândia, e na Avenida das Nações. Dessas unidades – fazendo a projeção a partir dos dados de janeiro a setembro -, surgiram 62 mil toneladas de composto orgânico – adubo – cuja a terça parte foi doada a pequenos produtores rurais do DF. Um bom uso, mas que deveria ser ampliado, principalmente com a compostagem das podas de árvores jogadas no lixão.