QUAL CONGRESSO QUAL NADA; QUEM GOVERNA O BRASIL É A BANDIDAGEM OU O COMANDO VERMELHO
No escurinho da madrugada, a Câmara dos Deputados fez o Brasil retroceder à escravidão. Agora é a escravidão do medo, conduzida pela ignorância e pela violência. A escravidão à marginalidade, aos assaltantes vestidos como autoridades, melhor se diria fantasiados, pois aqui é o país do carnaval!
Esta Câmara, que já havia aprovado a PEC da Bandidagem (353 a favor e 134 contra, sendo unanimemente favoráveis os 83 deputados do Partido Liberal (PL), os 42 dos Republicanos e os 5 do Partido Renovação Democrática), repete seu compromisso com os marginais nesta Dosimetria ou PEC da Impunidade, 291 a favor (unanimemente no NOVO e PRD, quase unânime no PL, amplamente majoritários no União Brasil, PP, Republicanos, Podemos, PSDB e MDB) e 148 contrários.
Por mais precário que seja o Supremo Tribunal Federal (STF) em fechar suas portas à bandidagem, teve, na 1ª Turma, com simbólico apoio da 2ª Turma, a coragem ou a ousadia de punir criminosos fardados. Algo que o País deixou de fazer no século passado, como igualmente não o fizera ao proclamar a República.
Se aqui é o país do carnaval também é o da falta de vergonha na cara, que leva o apelido de cordialidade. É sob o manto da cordialidade que entregamos para usufruto e lucro dos estrangeiros toda nossa riqueza natural e todo suor de nosso trabalho. Duvida? Pois verifique então quem, efetivamente, governa a Região Norte, a Amazônia da COP30. E encontrará as Organizações Não Governamentais (ONGs), com sedes, recursos ou orientações no estrangeiro, muito embora sejam algumas mantidas com verbas de pessoas ingênuas ou corrompidas usando o Tesouro Nacional, além dos contrabandistas, traficantes e outros bandidos que aproveitam as facilidades locais.
E os militares que lá servem? Afinal para aquela região temos o Comando Militar do Norte (CMN), o Comando Militar do Oeste (CMO) para parte do Tocantins e o Estado do Mato Grosso, além do Comando Militar da Amazônia (CMA) para os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima.
Há duas considerações a fazer. Primeiro específica do local. Para defrontar com a marginalidade que domina a região os militares são minoria, pior aparelhada e nada motivada. Aliás esta condição de inferioridade para enfrentamentos que leva também muitos militares a sonhar com golpes de Estado.
Mas existe algo mais profundo e danoso: o objetivo profissional, a guerra. Há no filme de Ingmar Bergman, de 1955, “Sorrisos de Uma Noite de Amor” um diálogo entre o advogado e o militar que disputam os favores da anfitriã. Pergunta o advogado: está havendo alguma guerra?; ao que responde o militar: não, por que haveria?; e retruca o advogado: é o que sempre me pergunto: por que haveria?.
Imagine-se, caro leitor, passar a vida se preparando para alguma ação indesejável, que só ocorre porque a sociedade humana ainda vive em sofisticada barbárie. É assustador.
E acrescentamos um calcanhar de Aquiles da sociedade brasileira: a formação para cidadania. Não aprendemos para servir ao nosso País, mas para nos aproveitarmos dele. Tê-lo como escudo de nossas lambanças e para isso construímos nossa institucionalidade; estes órgãos e leis que se contrapõem, contradizem e disputam o poder.
O feito da Câmara dos Deputados na madrugada do dia 10 de dezembro de 2025 merece passar para história como Dia da Humilhação. Não o dia em que o bolsonarismo venceu, como toda mídia hegemônica procurará reduzir, mas o dia que nos submetemos à maioria corrupta que lá decide. Porque quem se aproveitará da redução das penas já está na prisão por crimes como corrupção, chantagem, assassinato, falsificação de documentos, tráfico de drogas, chefia de milícias e outros similares.
E temos ainda outra disfunção social. Uma certa ojeriza ao saber. Fica talvez bastante oculta mas se revela ao eleger o ignorantaço Jair Bolsonaro, que é motivo de riso quando recebe um livro de presente e não sabe o que fazer com ele, mas que terá sua pena reduzida se ficar lendo na cela...(sic).
A interesse na ignorância pode ser buscado nos descobridores, como relata o historiador António Sérgio na magnífica “Interpretação da História de Portugal”, 1929: “dos grande males da nação foi a fidalguia que não se enraizou nem exerceu seu papel civilizador, antes se fez parasita do povo e do Poder Central. Os maus efeitos desse vício sentem-se ainda hoje no País”.
No Brasil, o exemplo que temos foi no isolamento da esquerda à direita com que a política tratou Leonel Brizola pelo “crime” de ter construído de 1959 a 1963, como Governador do Rio Grande do Sul, 5.903 escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios e escolas normais. Como Governador do Rio de Janeiro entre 1983 e 1987 e 1991 e 1994, Brizola revolucionou a educação com a criação dos 500 CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), projeto de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer para escolas de tempo integral, que ofereciam além do conhecimento acadêmico, refeições, atividades culturais e esportivas, assistência médica e odontológica, visando à formação cidadã no combate à violência.
Hoje, ao que tenho conhecimento, não há CIEP como escola de tempo integral e nem mesmo os magníficos prédios de Niemeyer permanecem pois a falta de manutenção os está destruindo.
Mas não há mal que sempre dure. Os brasileiros que não se conformam em viver com medo, no País dirigido pelos criminosos, podem ir às urnas em outubro de 2026 e renovar a Câmara dos Deputados e dois terços do Senado.
Pedro Augusto Pinho é administrador aposentado.
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