Sábado, 10 de outubro de 2020
Para a pesquisadora Lígia Bahia, doutora em Saúde Pública, "as mortes precisam ser cobradas, indenizadas coletivamente"
Na opinião de Lígia Bahia, o Brasil naturalizou as mortes em decorrência da covid-19 - Foto: Elpídio Jr.
Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena Tutaméia —30 de Setembro de 2020
"Não é natural esse número de mortes. Essas mortes são um genocídio. Genocídio! Elas poderiam ter sido impedidas. A saúde pública ficou manietada. Impediram que a saúde pública atuasse para controlar a pandemia. A gente podia ter controlado essa pandemia. Essas mortes precisam ser cobradas, indenizadas coletivamente. Uma cobrança não só pecuniária, mas moral. É preciso que a gente tenha um ajuste de contas nesses dois sentidos. É imoral que as pessoas tenham sido deixadas à morte, uma morte que poderia não ter ocorrido. É preciso que a sociedade se mobilize e faça uma comissão da verdade da covid”.
A declaração é da médica e pesquisadora Ligia Bahia ao Tutaméia. Doutora em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela analisa a evolução da pandemia no Brasil, desmonta o discurso criminoso de Bolsonaro sobre a doença, condena a atuação do setor privado na crise sanitária –“um fiasco, fechou as portas na cara dos doentes”–, argumenta contra a volta das aulas presenciais e comenta a atitude das elites nesse momento no Brasil.