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(Millôr Fernandes)
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sábado, 20 de janeiro de 2024

Padre Lancellotti e os incircuncisos de coração

Sábado, 20 de janeiro de 2024

Do Pátria Latina — publicado em 14 de janeiro de 2024
José Bessa Freire

“Homens incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sois como os vossos pais, que mataram os profetas”.(Santo Estevão, protomártir, ano 35 d.C.)

O padre Júlio Lancellotti, defensor dos moradores de rua, foi canonizado em vida pelo Brasil limpo e decente. Santo ele já é. No entanto, os incircuncisos de coração, entre eles o Coiso, o Coisinha e o Mamãe Falei querem convertê-lo em mártir. Incentivam a violência física, quando disparam lama e o apedrejam simbolicamente. Ele já recebeu várias ameaças de morte, não apenas verbais.

O Coiso, então deputado federal, publicou em 2017 nas redes sociais um vídeo tão fedorento e fake como ele, intitulado “O nebuloso envolvimento do padre Júlio Lancellotti em caso de pedofilia”, além de acusações falaciosas de enriquecimento do padre com os usuários de crack, como se a Cracolândia fosse um cofre de joias presenteadas pela Arábia Saudita. Tais agressões se devem ao fato de que a especulação imobiliária é combatida pela Lei Padre Júlio Lancellotti.

Essa lei do senador Fábio Contarato (PT-ES) foi vetada pelo Coiso, presidente da República, já depois de derrotado na última eleição. A lei proíbe a “arquitetura hostil” – o uso de técnicas construtivas em espaços públicos das cidades para afastar os pobres das praças, viadutos, calçadas e jardins. Até cercas eletrificadas foram colocadas em logradouros para “limpar” a área, que ficaria “desvalorizada” com a vizinhança dos sem-teto.

O Congresso derrubou o veto em 16 de dezembro de 2022, quando o Coiso preparava sua fuga para Miami. O nome da lei finalmente aprovada traz o nome do padre Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua em São Paulo, que usou uma marreta, feito um arcanjo guerreiro, para quebrar as pedras pontiagudas colocadas pela Prefeitura debaixo de um viaduto.

Morte ao padre