Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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sábado, 4 de outubro de 2014

"Luciana Genro mais uma vez deu um show no debate da Globo"

Sábado, 4 de outubro de 2014 

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Do Diário do Centro do Mundo

Mais uma vez, os melhores momentos couberam a Luciana Genro no debate da Globo, o último antes das eleições.

Foi brilhante sua reação a uma deselegância de Aécio quando ela o questionou sobre o aeroporto que ele mandou construir em terras da família com dinheiro público.

Desnorteado, sem encontrar palavras que expliquem o aeroporto, ele esticou o dedo para Luciana Genro. Imediatamente ela ordenou que ele baixasse o dedo.

E ele baixou, depois da bofetada moral que levou.

Logo no começo, ela aproveitou para falar o que pensava da Globo em plena Globo. Não poderia perder a oportunidade, e não perdeu.

Luciana Genro disse também certas verdades inconvenientes a Marina, e arrancou dela uma declaração vital. Num tributo involuntário a Luciana Genro, Marina disse que seu programa é parecido com o dela, Luciana, e não com o de Aécio.

Marina completou ali o giro total que ela deu nas suas propostas. Premida pela queda nas intenções de voto, ela acabou indo para a esquerda, depois de começar com um discurso de centro direita, parecido com o de Aécio.

Flexibilizar as leis trabalhistas se transformou em estendê-las para empregados que não estão protegidos pela CLT. Até para o Bolsa Família ela anunciou uma novidade: um 13º.

É presumível que seu guru econômico, o ortodoxo Eduardo Giannetti, tenha engasgado diante da nova Marina, tão identificada com Luciana Genro que chegou a usar o pronome “tu” em certo momento.

Giannetti dissera, antes da transformação, que os compromissos sociais só seriam cumpridos se e quando o orçamento permitisse.

Marina está dizendo o oposto, e há aí uma dissonância cognitiva que deve redundar numa crise na equipe de Marina. Informalmente, é como se ela tivesse despedido Giannetti e companheiros de ortodoxia.

Luciana Genro foi aguda, também, ao perguntar a Dilma o que pensa da taxação das grandes fortunas. É uma pena que Dilma não tenha respondido. No encontro com blogueiros, diante de outro ponto vital para o avanço da sociedade, a regulação da mídia, ela respondeu com firmeza e clareza.

Foi ainda Luciana Genro quem trouxe a criminalização da homofobia para o centro do debate nacional ao perguntar, no debate anterior, a Levy Fidelix o que pensava do assunto.

Disse, em outro artigo, e repito aqui: Luciana Genro não vai ganhar, e nem passará para o segundo turno.
Mas, e isto ninguém lhe tira, ela dinamizou o debate político nestas semanas de campanha com sua verve, com sua inteligência, com sua coragem e com sua sinceridade. A expressão “nova política” acabou se tornando uma piada, no decorrer das últimas semanas.

Mas, se alguém emergiu desta campanha com ideias que merecem ser chamadas de novas, é essa gaúcha ousada e intrépida que, cachos ao vento, capturou o Zeitgeist, o espírito do tempo – aquele sentimento que comandou as Jornadas de Junho, nas quais a voz rouca das ruas disse não à política que está aí.
 
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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Leia também:
Entrevista da Associação Nacional dos Pós-Graduandos com Luciana Genro

terça-feira, 23 de julho de 2013

A prisão absurda dos repórteres da Mídia Ninja e os tiros no pé da PM

Terça, 23 de julho de 2013
Kiko Nogueira*
23 de julho de 2013
Diário do Centro do Mundo 
O coletivo de jornalistas não larga o osso da notícia.
Felipe Peçanha
Felipe Peçanha

A prisão absurda de dois jornalistas da Mídia Ninja nas manifestações de segunda-feira no Rio de Janeiro foi mais um tiro no pé da PM. Felipe Peçanha e Felipe Assis foram levados para a delegacia sob a alegação de que estavam “incitando a violência”.

Não é verdade. Estavam trabalhando.

Assis estava em frente à 9.ª DP, no bairro do Catete, quando foi abordado por um tenente identificado como Daniel Puga. Uma advogada da OAB chegou a tentar intervir. Puga recebe uma ligação: “O major Nunes mandou levar ele”, diz, acrescentando: “Quem passar mensagem pelo celular será preso”.

A detenção, na verdade, tinha como objetivo levantar a folha dos dois repórteres para que, caso houvesse alguma coisa registrada, eles permanecessem detidos. É algo que não existe num regime democrático.

A Mídia Ninja está cobrindo os protestos ao vivo, em regime 24 por 7. Tem o aval e a confiança dos manifestantes. Deixa claro de que lado está. É um coletivo de jornalistas que não abandona o front (Ninja é a sigla para “Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação”). Tudo é transmitido ao vivo, a partir de um celular, num aplicativo chamado Twit Casting. Os seguidores compartilham links, mandam fotos e vídeos, num diálogo permanente. A força dos ninjas, e sua voz junto aos manifestantes, fez com que o prefeito Eduardo Paes os recebesse para uma entrevista exclusiva na última sexta.
A PM do Rio, numa tentativa desastrada de usar as mesmas armas, resolveu se manifestar compulsivamente no Twitter com uma retórica truculenta. “PM vai agir contra vândalos que pretendem se reunir no Lgo do Machado”, anunciaram de cara; “Membros da @OABRJ_oficial prejudicando” (como se ninguém tivesse direito a um advogado). Postaram fotos de manifestantes capturados por, de novo, “incitar violência” — numa exposição, no mínimo, desnecessária.

Na madrugada daquela segunda, os ninjas ainda conversaram com o farmacêutico Rafael Caruso, atingido na perna pelo que seria uma bala de arma letal. Queriam acompanhar Rafael a um hospital. Ele preferiu ir para casa, para fazer um curativo. Um membro da OAB que o acompanhava afirmou que seu receio era que os possíveis vestígios de pólvora pudessem ser eliminados. A polícia está declarando que o projétil é de borracha.

Os ninjas se despediram, comeram um pão com manteiga na OAB e retornaram à rua, que é onde a história acontece. Estão lá agora. Dá uma olhada.

* Kiko Nogueira é diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
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 Policiais infiltrados no grupo de manifestantes