Domingo, 17 de dezembro de 2017
Primo Carbonari
Vicente Vecci*
Na lida com as filmagens em 35mm e 16 mm, merecem atenção e destaque os
cinegrafistas que operavam as câmeras
nas mais diversas situações e
fatos do cine jornalismo, desde os noticiários para cinema até às reportagens para as emissoras de TVs, não
esquecendo os documentários que focavam
um tema específico e também o
curta-metragem de natureza cultural.
A maioria desses profissionais trabalhavam antes na profissão de fotógrafos e eram hábeis na captação de imagens sejam em filmes preto e branco e
posteriormente a cores. Manipulam as câmeras
muitas vezes pela prática, desde à escolha das películas com as específicas
sensibilidades de luminosidade,
abertura das lentes para impressão das imagens de acordo com a luz
ambiente e a velocidade do disparo dos dispositivos.
Muitos não utilizam um aparelho que
orienta como deve ser a abertura de luz ideal conhecido como
fotômetro. Popularmente usavam o
conhecido “olhomêtro” devido às suas
experiências com a fotografia. As lentes são determinadas para diversos ângulos
ou cenas. Tem grande angular que captura imagem
até 180 graus, conhecida como olho de boi, e as outras medidas milímetros como a de 12mm (grande angular) e a mais comum
de 50mm. A teleobjetiva (zoom), abrange várias lentes independentes juntas numa
só.
A sensibilidade dos filmes com relação à
luminosidade tem como padrão de
medida a quantidade conhecida como “asa”. Daí se o ambiente externo a ser fotografado for com muito luz, sol a pino ou de brigadeiro, por exemplo,
utiliza-se filmes de 100 asas, com
abertura da lente marcando de 16 a 22 na lente, velocidade de
125 a 250. Tempo fechado com pouco luz as aberturas mais utilizadas com filmes analógicos podem ser 5.6. 8,10 e velocidade na faixa de 250. No ambiente interno na fotografia noturna as aberturas variam de
5.6 a 16, dependendo da sensibilidade da
películas que na maioria são de 200 a
400 asas.
Nas filmagens em 35/16mm a película é a mesma com a maior
metragem. A abertura de luminosidade
praticamente é idêntica, mudando apenas
à velocidade que marcada por fotogramas
em movimento podem ser inicial de 24
quadros por segundo ou mais, chegando até
64 fotos por segundo.
No período em que trabalhamos na área do cine jornalismo nas décadas de 70
a 90, onde acompanhávamos às
filmagens em 35mm, atuando como diretor
de fotografia em documentários e redator dos noticiários, conhecemos alguns cinegrafistas que
trabalhavam com essa bitola, podendo serem citados na equipe do então cine-jornal O Brasil em
Notícias, sediado em Brasília-DF, os profissionais Osmar Assumpção, Euler Teixeira que eram
credenciados na presidência da República
e no Congresso Nacional e, acompanhavam também as viagens pelo país e
internacionais dos presidentes da República. Em 16mm com reportagens para TV e
documentários, destacava-se em Brasília, o pioneiro Dino Cazolla.
Em Goiânia
Ronan Carvalho que também trabalhava com 16mm na sua empresa RC Filmes,
Eurípedes, Taquinho e José Petrillo (documentarista). No Rio de Janeiro-RJ Cláudio Assumpção (Antiga Agência Nacional
hoje EBC), José Cavalcanti (Zé
Tiroteio).
Em São
Paulo, Jean Manzon, francês
naturalizado brasileiro vindo de Paris onde foi fotógrafo de famosas
revistas e diretor da Paris Match e no
Brasil da histórica revista O Cruzeiro; Trabalhou também no DIP-Departamento de Imprensa e
Propaganda do governo Getúlio Vargas. Posteriormente cinegrafista pioneiro da
sua própria produtora de documentários
para cinema, fundada em 1952, chegando a produzir e distribuir nos cinemas cerca de 900 documentários ao longo de sua
existência. Conhecemos Manzon em seu estúdio em São Paulo-SP junto com o cineasta Silvio Tendler que
era montador e editor de suas produções.
Quando vinha à Brasília, nós proporcionava-lhe apoio para contatos com órgãos
do governo Federal. Havia também do nosso conhecimento Primo Carbonari (foto) que começou como
fotógrafo lambe-lambe depois cinegrafista e fundou sua empresa de cine-jornal e
documentários, considerado pioneiro nessa área. Visitamos na época, seu estúdio no bairro Barra Funda em São Paulo, capital.
Ainda sobre cine-jornais vale
citar Carlos Niemeyer (flamenguista)
ex-piloto da FAB na década de 1940, depois cinegrafista e lançou o famoso
Canal 100 que levou as principais partidas de futebol para o cinema.
Também merecia nossa atenção para contatos em Brasília, Luís Severiano Ribeiro
Jr., com o Atualidades Atlântida,
da pioneira produtora dos longa
metragens de chanchada e musicais, aonde se destacaram Oscarito,
Grande Otelo, Carlos Imperial, Dercy Gonçalves, Ângela Maria, Elizete Cardoso,
entre outros. Ribeiro era exibidor e sua
rede de cinemas e nas principais cidades do pais. Hoje seus herdeiros tem
cinemas em shoppings que integram ao
grupo Cinemax.
A partir do governo Getúlio
Vargas houve um decreto presidencial que
era obrigatório de todos os cinemas exibirem antes da projeção do longa-metragem um complemento nacional que poderia ser um cine-jornal e/ou documentário, não podendo exceder 10
minutos.
Com a chegada da Embrafilme no
regime militar, instituiu-se oficialmente a obrigação também de dos cinemas
exibirem, alternando, o curta-metragem de natureza cultural premiado e selecionado por essa empresa
oficial. O produtor era compensado com
uma pequena porcentagem da renda das bilheterias dos cinemas. Nesse aspecto
tivemos um curta-metragem dirigido por nós, premiado e exibido em rede
nacional, intitulado Manobras, onde
focamos as Cavalhadas de Pirenópolis.
-->
*Vicente Vecci, edita há 33 anos em Brasília-DF o Jornal do Síndico- www.jornaldosindicobsb.com.br
e-mail: sindico@jornaldosindicobsb.com.br.
Trabalhou
no DF nas décadas de 70/90 com o cine-jornal O Brasil em Notícias, produzido pela empresa Produções Cinematográficas Brasil Central
===========
Leia também: