Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Georgia on my mind

 Quinta, 7 de janeiro de 2021

Pra gente da minha geração ver o novo senador negro, Raphael Warmock, da Georgia, falar no congresso americano é como sentir na alma cada dor que por séculos marcou a vida dos afro descendentes naquele estado. Ray Charles traduziu na música o sentimento mais profundo de um povo perseguido, depois de escravizado. Martin Luther King discursou sobre o sonho de justiça e igualdade, uma fala inesquecível que lhe custou a vida. Sabemos que a história das injustiças cometidas pela supremacia branca vai muito além do preconceito de cor. Tem a ver com uma postura opressora e sádica, capaz de invadir e desafiar a democracia tentando desestabilizar o valor da igualdade por quem os povos e as minorias sem voz precisam gritar e lutar. Quando Vinícius dizia: o branco mais preto do Brasil, ele me representava sim. Esses seres roubados de suas tribos foram considerados pessoas de menos ou nenhum poder. Mas a vida dá voltas e essa direita extrema e escravagista terá que engolir um mundo mais justo e de igualdade de oportunidades para todos. O novo senador, com nosso apoio e torcida, nos honrará com sua presença na história que ainda está sendo escrita, principalmente neste momento mundial de pandemia e grande confusão por troca de valores sociais. Somos parte dessa luta insana, contra preconceitos ultrapassados e dores testemunhadas. Vidas importam sim. Negras, brancas ou amarelas, são elas que nos sacodem para dar um basta nos que se imaginam superiores e donos do poder. O poder é de todos nós. Baianos ou georgianos, cubanos ou japoneses, chineses ou sudaneses, europeus ou africanos, pouco importa, mas a luta continua, disso nós temos certeza. Há muitas batalhas a vencer ainda. Georgia está na nossa mente eternamente. Cida Torneros

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Cida Torneros é jornalista aposentada e edita no Rio de Janeiro o Blog Vou de Bolinhas.