Quinta, 29 de maio de 2025
Brasil de Fato — Brasília
Postado originalmente no Brasil de Fato de 27 de maio de 2025
Os benefícios da Tarifa Zero são inúmeros: as pessoas podem circular em espaços que foram historicamente negados
Há mais de 20 anos, o Movimento Passe Livre, os movimentos sociais, o movimento estudantil e partidos de esquerda lutam por melhorias no transporte público e pela Tarifa Zero no DF.
Em certos momentos, os mais pessimistas acreditavam que as lutas, marchas e ocupações aconteciam em vão, mas seguimos firmes, sem recuar e finalmente tivemos uma vitória histórica: o povo do DF passou a experimentar como é viver a cidade com Tarifa Zero aos domingos e feriados!
O que antes o GDF dizia ser impossível se tornou a única salvação para o transporte público e mobilidade urbana do DF. A cada domingo e feriado, o número de acessos nas catracas só aumentam, o que deixa evidente que a população está vivendo cada vez mais a cidade.
E os benefícios da Tarifa Zero são inúmeros: as pessoas podem circular em espaços que foram historicamente negados por fatores sociais e econômicos, movimentar o comercio local, fortalecer a economia criativa e economizar entre 20% e 40% da renda mensal, além de acontecer uma redução significativa na emissão de gases poluentes e na quantidade acidentes de trânsito.
Mesmo comemorando, nós sabemos que nada cai do céu e as mudanças não vem sem luta, ainda mais quando estamos falando do Governo Ibaneis. Com a Tarifa Zero, o povo ganha muito, mas atualmente, com a tarifa sendo calculada com base no Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK), quem mais está ganhando são os grandes empresários do transporte do DF.
Para que todos possam entender, o Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK), vincula o custo da viagem de ônibus ao número de passageiros, ou seja, dá mais dinheiro para as empresas que andam com os ônibus lotados, o que não faz o menor sentido, pois, por exemplo, com 5 ou 45 passageiros, uma viagem do Centro da Ceilândia até a Rodoviária do Plano Piloto tem o mesmo custo para a empresa de ônibus que faz a viagem.
O IPK premia a superlotação do transporte público e trata os passageiros como carga e não como usuários de um serviço. Para garantir um transporte público digno no DF precisamos acabar com o cálculo baseado no Índice de Passageiros por Quilômetro!
A Tarifa Zero é uma política pública que está em disputa. Enquanto a direita quer implementá-la para garantir o lucro das empresas de ônibus que estão indo rumo à falência pela má prestação de serviço, o campo progressista está preocupado em garantir mais acesso e dignidade para o povo.
E acreditamos que para que isso realmente aconteça, nós precisamos ampliar a luta pelo Sistema Único de Mobilidade (SUM), que foi apresentado como PEC pela deputada Luiza Erundina (Psol-SP), garantindo de maneira eficaz o direito ao transporte — que é previsto na constituição — de maneira gratuita, universal, acessível e sustentável.
Em meio a todo esse cenário existe algo que nós não podemos perder de vista: lutar por Tarifa Zero Universal é lutar por melhorias na vida de toda a população!
*Max Maciel é deputado distrital pelo Psol-DF e presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana
**Mariana Soares é militante da Maloka Socialista e assessora do deputado Max Maciel.
** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha do editorial do jornal Brasil de Fato – DF.
Editado por: Flavia Quirino