Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
Mostrando postagens com marcador escravidão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escravidão. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Mulheres eram forçadas a engravidar em fazendas de reprodução de escravizados

Segunda, 27 de janeiro de 2025

Fonte: 

Postado originariamente na Agência Pública em 23 de janeiro de 2025
Por Amanda Audi

Bebês tirados das mães assim que nasciam eram vendidos. Homens eram explorados como “reprodutores”

A investigação foi feita com apoio do Pulitzer Center

Um dos aspectos menos conhecidos da escravidão no Brasil é também um de seus lados mais sombrios: a reprodução sistemática de pessoas escravizadas. Mulheres eram forçadas a engravidar continuamente, enquanto homens (os mais fortes e saudáveis) eram colocados na posição de “reprodutores”. Os bebês ficavam pouco tempo com a mãe e logo eram negociados pelos senhores de escravos como mercadoria. Exatamente como funciona hoje uma fazenda de criação de gado.

O tema é pouco conhecido no país porque não há muitos documentos históricos — em parte por causa da destruição de arquivos ligados à escravidão no fim do regime, e em outra medida por ser uma atividade ilegal, feita às escondidas. As informações que se tem sobre o assunto baseiam-se principalmente em relatos orais e no que sobrou de censos e controles de natalidade das fazendas.

O pesquisador e jornalista Laurentino Gomes, autor de uma trilogia de livros sobre a escravidão brasileira, encontrou ao menos duas fazendas que serviam como espaço de reprodução de escravizados. Uma delas fica em Remígio, na Paraíba, e a outra em Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Ele acredita que havia muitas outras espalhadas pelo interior do país, mas que acabaram desaparecendo aos olhos dos historiadores. “Essa é uma prática muito camuflada no Brasil, muito dissimulada, mas que permeou todo o sistema escravista”, afirma.


Localizada na região de Campina Grande, a segunda maior cidade da Paraíba, a fazenda de Remígio é conhecida até hoje pelos moradores do entorno como “a maternidade”. Lá era o lugar em que as escravizadas de Francisco Jorge Torres, um português que se mudou para o Brasil no início do século 19 e fez fortuna com a criação e venda de pessoas, iam para dar à luz os bebês que depois seriam comercializados por ele. Pelo menos cem crianças tiveram esse destino. Além de servir para a reprodução de pessoas, o local funcionava também como fazenda de criação de gado e curtume.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

ESCRAVIDÃO —Exclusivo: 44 pessoas resgatadas de pedreira usavam bombas caseiras sem proteção em Alagoas

Quarta, 12 de abril de 2023

No Brasil, o número de trabalhadores resgatados da escravidão contemporânea na Extração de Pedra, areia e argila aumentou 17 vezes em 10 anos. - Pedro Stropasolas

Auditores fiscais do trabalho encontraram trabalhadores sem EPIs, ganhando 50 centavos por paralelepípedo produzido

Pedro Stropasolas e Rodolfo Rodrigo
Brasil de Fato | Recife (PE) | | 12 de Abril de 2023 às 06:09

A detonação é a primeira das etapas para a produção do paralelepípedo. Wesley* conta que ela proporciona o descolamento dos blocos de granito do solo, facilitando o corte das pedras. A preparação é caseira: é necessário apenas fios, uma bateria, e a mistura de clorato de potássio com açúcar.

“Tem alguns que já perderam a mão, outros parte da mão, e alguns perderam a visão. Por motivo de explosão. Tem que se afastar bastante para ficar longe do risco”, revela o trabalhador.

Entre os dias 3 e 5 de abril, o Brasil de Fato acompanhou uma operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), do Ministério do Trabalho e Previdência, em pedreiras da região da Zona da Mata Alagoana, historicamente conhecidas pelas condições degradantes de trabalho.


Em uma das pedreiras fiscalizadas, na zona rural de Murici, a 55 km de Maceió (AL), a Inspeção do Trabalho encontrou 44 pessoas em situação análoga à de escravo. Todos homens.

Os trabalhadores estavam em condições degradantes de trabalho, moradia e de submissão a jornadas exaustivas, elementos que caracterizam a escravidão contemporânea, com base no artigo 149 do Código Penal.

“Eles estão debaixo do sol, sem uma proteção adequada, quebrando pedras com risco de lascas virem aos olhos, sem utilizar óculos de proteção, sem luvas, com botas inadequadas ou mesmo de chinelos. Há também outros meios de segurança que não estão sendo verificados, como por exemplo a detonação das rochas. Está sendo feito de forma totalmente improvisada, artesanal e com risco associado muito maior”, explica Gislene Ferreira dos Santos Stacholski, auditora fiscal do trabalho que coordenou a operação.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

13 de maio: 'Vida de negro é difícil'; 'Zumbi'

Quarta, 13 de maio de 2020
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!


Colombo! fecha a porta dos teus mares!
(3 estrofes do poema O Navio Negreiro — Castro Alves)

Escrava Anastácia


Vida de negro é difícil - Lerê Lerê
(Dorival Caymmi)

Zumbi — Jorge Ben Jor

Vídeo postado no Youtube pelo Canal
Rogério Beier

=========
O Navio Negreiro
(Tragédia no mar)


                          1ª

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A Melhor Mão de Obra e a Pátria Impossível

A melhor mão de obra
O sacerdote francês Jean-Baptiste Labat recomendava num de seus livros, publicados em 1742:
Os meninos africanos de dez a quinze anos são os melhores escravos para se levar para a América. Tem-se a vantagem de educá-los para que marquem o passo como melhor convenha aos seus amos. Os meninos esquecem com mais facilidade seu país natal e os vícios que lá reinam, se encarinham com seus amos e estão menos inclinados à rebelião que os negros mais velhos.
Esse piedoso missionários sabia do que falava. Nas ilhas francesas do mar do Caribe, Père Labat oferecia batismos, comunhões e confissões, e entre missa e missa vigiava suas propriedades. Ele era dono de terras e escravos.
=================
A pátria impossível
Em 1791, outro amo de terras e escravos enviou uma carta do Haiti:
— Os negros são muito obedientes, e serão sempre — dizia.
A carta estava navegando rumo a Paris quando ocorreu o impossível: na noite de 22 para 23 de agosto, noite de tormenta, a maior insurreição de escravos da história da humanidade explodiu nas profundidades da selva haitiana. E esses negros muito obedientes humilharam o exército de Napoleão Bonaparte, que havia invadido a Europa de Madri a Moscou.
Eduardo Galeano, no livro Os filhos dos dias (Um calendário histórico sobre a humanidade), 2ª Edição, L&PM Editores, 2012, páginas 268 e 269.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Dia contra a Escravidão

Dezembro
2

Dia contra a Escravidão

Em meados do século XIX, John Brown, branco, traidor da sua raça, traidor da sua classe, assaltou um arsenal militar na Virgínia, para entregar armas aos escravos negros das plantações.
O coronel Robert Lee, chefe da tropa que cercou e capturou Brown, foi promovido a general; e pouco depois comandou o exército que defendeu a escravidão durante a longa guerra do Sul contra o Norte dos Estados Unidos.
Lee, general dos escravagistas, morreu na cama. Foi enterrado com honras militares, música marcial, disparos de canhão e palavras que exaltaram as virtudes desse grandiosos militar da América.
Brown, o amigo dos escravos, foi condenado por assassinato, conspiração e traição ao Estado. Morreu enforcado em 1859, no dia de hoje.
No dia de hoje, que por casualidade é o Dia contra a Escravidão.


Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”, 2ª edição, folha 380, editora L&PM.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

África Minha

Fevereiro
26

África Minha

 

No final do século XIX, as potências coloniais européias se reuniram, em Berlim, para repartir a África. Foi longa e dura a luta pelo botim colonial, as selvas, os rios, as montanhas, os solos, os subsolos, até que as novas fronteiras fossem desenhadas e no dia de hoje de 1885 foi assinada, “em nome de Deus Todo-Poderoso”, a Ata Geral.    
Os amos europeus tiveram o bom gosto de não mencionar o ouro, os diamantes, o marfim, o petróleo, a borracha, o estanho, o cacau, o café, e óleo de palmeira, proibiram que a escravidão fosse chamada pelo seu nome, chamaram de sociedades filantrópicas as empresas que proporcionavam carne humana ao mercado mundial. Avisaram que atuavam movidos pelo desejo de favorecer o desenvolvimento do comércio e da Civilização, e, caso houvesse alguma dúvida, explicava, que atuavam preocupados em aumentar o bem-estar moral e material das populações indígenas
Assim a Europa inventou o novo mapa da África. Nenhum africano compareceu, nem como enfeite, a essa reunião de cúpula.

(Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos Dias’. L&PM Editores, 2012, pág. 74.)


sábado, 13 de maio de 2017

No 13 de Maio, jovens artistas recontam a história da escravidão e da abolição

Sábado, 13 de maio de 2017
 Escrava Anastácia
 =============

=============
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil

No dia 13 de maio de 1888 foi sancionada a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil. A lei, ao contrário do que resumem muitos livros de história, não é mérito exclusivo da princesa Isabel, mas resultado de um movimento liderado por abolicionistas e pelos então escravos, fugidos e libertos, e que envolve grandes nomes como o de Zumbi dos Palmares e sua companheira Dandara. A abolição se deu oficialmente naquela data, mas nenhuma estrutura foi oferecida aos recém-libertos, que se viram sem terras ou recursos. A herança deste momento histórico se perpetua até hoje: é entre a população negra que se verificam os maiores índices de pobreza e violência, além dos entraves para o acesso à educação.


As condições em que vive a maior parte da população negra ao longo da vida afetam todo o processo de escolarização. Em 2015, apesar de o número de negros no ensino superior ter dobrado, influenciado por políticas de ações afirmativas, somente 12,8% dessa população chegou ao nível superior, enquanto entre os brancos o índice era de 26,5%. A dificuldade dos estudantes negros em ingressar em uma faculdade é reflexo também das altas taxas de evasão escolar ainda no ensino fundamental e dos índices de repetência ao longo da vida.

domingo, 8 de março de 2015

Copa do Mundo de 2022: Libertem os escravos modernos do Catar

Domingo, 8 de março de 2015
De avaaz.org

Caros amigos,
Forçados a trabalhar sob o sol escaldante do deserto, sem direito a comida ou água e proibidos de voltar para casa, milhares de homens estão no Catar como verdadeiros escravos modernos. Podemos ajudar a libertá-los.

No ano passado, uma pessoa morreu a cada dois dias na construção de um mega-projeto de um bilhão dólares para a Copa do Mundo de 2022 no Catar. A maior parte do projeto é administrada por uma empresa norte-americana, cuja presidente mora em uma cidade pacata no estado de Colorado, EUA. Se mais de 1 milhão de nós nos unirmos em prol da liberdade, podemos confrontá-la com nossas vozes toda vez que ela sair de casa até que ela faça alguma coisa. 

Esta mesma tática forçou a rede de hotéis Hilton a proteger mulheres contra o tráfico sexual em questão de dias. Assine essa petição urgente para ajudar a libertar os escravos modernos do Catar:  
https://secure.avaaz.org/po/bloodiest_world_cup_loc/?bqdfwgb&v=54342 

O programa de trabalhadores convidados do Catar é a raiz do problema. Trabalhadores do Nepal e Sri Lanka são enganados com promessas de bons empregos, mas quando chegam no país os empregadores confiscam seus passaportes e os forçam a trabalhar longas horas, sob um calor de 50 graus, sem nenhuma possibilidade de fuga. 

CH2M Hill, a empresa norte-americana, coloca a culpa em prestadores de serviços locais e nas leis do país, mas é o rosto público das obras da Copa. A presidente da empresa pode e deve assumir um papel para garantir que não teremos mais sete anos manchados pela morte de operários. Ela poderia até mesmo ameaçar a retirada de seus negócios do país se o sistema não mudar. 

A CH2M Hill tem o dever de ajudar a acabar com essa escravidão moderna. Nossa petição pode persuadir CH2M Hill a vir a público, o que pode levar outras empresas a exigir que cada trabalhador seja livre para voltar para casa quando quiser. Clique abaixo para assinar a petição: quando alcançarmos 1 milhão de assinaturas, nossa mensagem será enviada diretamente à Jacqueline Hinman, CEO da CH2M Hill, quantas vezes forem necessárias.  
https://secure.avaaz.org/po/bloodiest_world_cup_loc/?bqdfwgb&v=54342 

Um clamor global na hora certa pode salvar milhares de vidas. Quando a rede de hotéis Hilton não estava seguindo regras para proteger mulheres e crianças contra o tráfico sexual em seus estabelecimentos, a equipe da Avaaz bateu na porta da casa do CEO com uma petição. Em questão de dias, a política da rede de hotéis mudou. Vamos fazer isso mais uma vez.

Com esperança,

Emma, Nell, Mais, Ricken, Alice e toda a equipe da Avaaz

Mais informações:

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A eficiência

Quarta, 7 de janeiro de 2014
Do Blog Política Econômica do Petróleo

A EFICIÊNCIA DAS EMPRESAS DE MINERAÇÃO
 
Wladmir Coelho
 
A disputa por áreas com potencial mineral não constitui novidade histórica e todos conhecemos inúmeras guerras originadas, de forma oculta, na disputa pelo domínio do petróleo, ouro, ferro dentre outros minerais.
 
Observa-se ainda o controle de áreas de mineração efetivado com base em acordos comerciais favorecendo conglomerados cujo único compromisso é retirar a matéria prima de um determinado território sem preocupação com o desenvolvimento local ou conseqüências ambientais.
 
Este modelo de exploração predatória aplica-se, via de regra, em países de economia com base colonial ocorrendo este fato independente de sua alegada soberania política. Os governantes destes países, na prática, renunciam a elaboração de políticas econômicas nacionais e entregam-se as determinações ou interesses políticos das empresas.
 
O maior ganho possível dos conglomerados torna-se a base das políticas econômicas. O fato lucro transforma-se, deste modo, em objetivo oficial orientando a verdadeira ação do Estado.
 
Neste caso podemos observar, como exemplo, a questão do trabalho aspecto regulamentado (jornada, salário mínimo, aposentadoria) em praticamente todo o planeta. Vejamos um caso:
 
A Eritreia, na ponta oriental da África, a legislação determinou a incorporação obrigatória e não remunerada ao Exército como forma de garantir a reconstrução do país e formação profissional da juventude.
 
Neste país africano a mineradora canadense Nevsun Ressources acrescentou, desde 2011, em suas receitas aproximadamente US$ 1,6 bilhões. Segundo a Anistia Internacional e Human Rights Watch as atividades da lucrativa empresa canadense apresenta como característica a utilização da mão de obra escrava.
 
A seleção destes trabalhadores ocorre na forma de recrutamento obrigatório para o Exército legalizando, além do trabalho forçado, as penas de prisão e castigos corporais.
 
No Congo mineradoras utilizam-se de práticas como o endividamento (hospedagem, alimentação, equipamento de trabalho) para manter cativo os trabalhadores que encontram-se submetidos a vigilância armada.
 
As industrias de telefones celulares e computadores encontram-se entre as principais beneficiadas desta forma de exploração do trabalho que inclui crianças e mulheres retiradas a força de suas casas.
 
Outra conseqüência da submissão das instituições aos interesses dos oligopólios da mineração encontra-se no desprezo ao meio ambiente. As mineradoras e petrolíferas apresentam-se, na publicidade, como defensoras do meio ambiente distribuindo quantidades imensas de papeis coloridos com fotos de flores e desenvolvendo projetos, amparados na renuncia fiscal, nas escolas quando crianças são incentivadas a colorir desenhos de árvores recortando em seguida garrafas pets entendida esta atividade como reciclagem. Tiram-se muitas fotos, imprimem-se muitas revistas.
 
Enquanto isso somente o mineroduto Minas-Rio consome, por hora, dois e meio milhões de litros de água para exportar minério. Nos meios de comunicação as mesmas empresas que cometem este crime determinam ao povo um banho rápido sem cantoria. Transferem a culpa.
 
Neste caso é notório a transformação de um bem comum – a água – em simples elemento para a produção colocando o interesse particular de uma empresa acima das necessidades gerais.
 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

IHU: O racismo e a sonegação da história afrodescendente no Rio Grande do Sul. Entrevista especial com Jorge Euzébio Assumpção


Sexta, 30 de maio de 2014
Do IHU
Instituto Humanita Unisinos

O racismo e a sonegação da história afrodescendente no Rio Grande do Sul. Entrevista especial com Jorge Euzébio Assumpção

“Há uma apropriação do passado dos negros pelos imigrantes não só por causa dos imigrantes, mas devido ao mito de o Rio Grande do Sul ser um estado diferenciado”, pontua o historiador.
 
“Qual é o símbolo de que temos presença negra no Rio Grande do Sul?”, pergunta Jorge EuzébioAssumpção, na entrevista a seguir, concedida pessoalmente à IHU On-Line. A resposta é categórica: “Nenhuma. Não há nenhum símbolo que demonstre a presença negra no estado. O negro passa quase que invisível pela história do Rio Grande do Sul e essa invisibilidade faz parte do racismo sulino, ou seja, ao negar e sonegar o papel dos negros no estado, estamos praticando um ato de racismo, porque se está, inclusive, escondendo as fontes históricas”.
Autor do livro Pelotas: escravidão e charqueadas 1780-1888 (Fcm Editora, 2013), resultado da sua dissertação de mestrado, o historiador demonstra que os afrodescendentes tiveram um papel fundamental no desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, o qual é atribuído majoritariamente aos imigrantes alemães, italianos e açorianos, que colonizaram o estado a partir da segunda década de 1800. “Com a criação das grandes charqueadas, a partir de 1780, houve uma introdução de negros em grande escala no Rio Grande do Sul.
Pelotas foi a cidade em que proporcionalmente houve maior número de trabalhadores escravizados no Rio Grande do Sul, e, por consequência, o maior número de negros proporcionalmente. Calcula-se que Pelotas chegou a ter mais de 70% da sua população descendente de negros escravizados ou não”. Assumpção esclarece que não está negando o valor do imigrante na história gaúcha, “mas tentando restabelecer uma ordem de dizer que não foram somente os imigrantes os responsáveis pelo desenvolvimento do Rio Grande do Sul, mas também os negros, os quais tiveram uma participação anterior à do imigrante”.
De acordo com o pesquisador, a historiografia gaúcha passou a ser revista a partir dos anos 1980, mas ainda persiste no imaginário popular a imagem do gaúcho e da formação de um estado de imigrantes. “Há todo um mito em torno do imigrante do Sul do país, e que este é o estado mais europeu da nação. Por isso, grande parte da pesquisa dos historiadores sonega a participação do negro, porque eles contribuem com esse mito de que o Rio Grande do Sul é formado por imigrantes. Isso leva, por sua vez, ao mito dogauchismo no sentido de que no Sul se teve uma formação diferenciada por conta da qualidade aventureira do gaúcho e aqui a escravidão não se fez presente”. E acrescenta: “O Rio Grande do Sul é, sim, um estado racista. Contudo, com a vinda dos imigrantes, a quantidade de negros pareceu diminuir diante da quantidade desses imigrantes que entraram no estado. Mas esse mito mantém-se até hoje”.
Jorge EuzébioAssumpção é graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS e mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente é professor dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade Porto-Alegrense – FAPA, onde coordena o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros – NEAB, e da Unisinos.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Escravidão: Extremo-Oeste da Bahia registrou 90,9% dos casos no estado em 10 anos

Segunda, 21 de abril de 2014

Produtores de milho e algodão têm casos frequentes de exploração. Região de Barreiras recebe migração de pessoas do Piauí e do Maranhão
 
Alexandro Mota

Entre  2003 a 2013, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), 90,9% dos casos de trabalho escravo na Bahia foram registrados no Extremo-Oeste. “A situação do trabalho no Oeste é mais endêmica”, diz Rafael Garcia, procurador do Ministério Público do Trabalho na Bahia. Ele aponta que a região de Barreiras recebe migração de pessoas do Piauí e do Maranhão.

“É próprio do fluxo migratório e da atividade econômica da soja”, explica.  Além de Barreiras, as cidades de São Desidério, Formosa do Rio Preto e Correntina têm maior número de casos. Produtores de milho e algodão também têm casos frequentes de exploração.
Baianos resgatados no Piauí: sem higiente e pagando pela estadia
(Divulgação/MPT)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Escravidão na península do Sinai (Egito)

Domingo, 16 de fevereiro de 2014
Adiante mais um apelo da avaaz.org
 
Cara comunidade,
Haben*, grávida de nove meses e acorrentada, foi espancada sem piedade pelos seus torturadores, que exigiram de seu marido um resgate de U$35 mil. Ela deu à luz algemada, ao lado de outras pessoas que tinham sido sequestradas como ela. E a única coisa disponível para cortar o cordão umbilical era um pedaço de metal enferrujado. É inacreditável que casos assim aconteçam em pleno 2014! 

Surpreendentemente, Haben sobreviveu. Ela é uma dentre milhares de habitantes da região leste da África que são raptados e torturados por traficantes na península do Sinai, no Egito, até que suas famílias paguem enormes quantias por sua liberdade. Se mostrarmos às autoridades do Egito que esse segredo nojento foi revelado, e que irá afetar a reputação turística da "Riviera do Mar Vermelho", poderemos acabar com as redes de tráfico e libertar estas pessoas da situação de escravidão.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fim à escravidão no Brasil

Sexta, 27 de abril de 2012
Apelo da Avaaz.org pelo fim da escravidão

Caros amigos do Brasil,



Em poucos dias, o Congresso pode votar uma histórica reforma constitucional que pode punir pessoas que mantenham escravos e confiscar terras onde forem encontradas pessoas escravizadas para reforma agrária. Agora é hora de agir, e garantir que o Brasil se ergua enquanto um país livre de escravos. Assine a petição abaixo e a Avaaz irá entregá-la para o Presidente da Câmara dos Deputados:

Em poucos dias, o Congresso pode votar uma histórica reforma constitucional que pode punir pessoas que mantenham escravos e confiscar terras onde forem encontradas pessoas escravizadas para reforma agrária. É a legislação mais forte que já propuseram para lutar contra o flagelo do trabalho escravo no Brasil.

É inaceitável que, no século 21, o horror da escravidão ainda assombra todos os cantos do país -- à medida que centenas de milhares pessoas são escravizadas atualmente. No mês passado, adultos e crianças foram resgatados de uma fazenda cujo proprietário era um deputado estadual! Eles moravam em pequenas barracas e bebiam da mesma água suja que as vacas e outros animais.

Agora é hora de agir. Nosso protesto em todo o país pode forçar o Congresso a fazer os donos de fazenda pagarem o preço por torturarem ou escravizarem seus concidadãos. Clique abaixo para se juntar e construir um protesto ensurdecedor antes da Avaaz se reunir pessoalmente com o Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, para entregar nossa mensagem:

http://www.avaaz.org/po/stop_slavery_in_brazil/?vl

Os livros escolares nos ensinam que a escravidão foi abolida há 124 anos pela princesa Isabel, mas a verdade é que ainda hoje há pessoas que vivem na escravidão -- os mais pobres de nós são levados a acreditar em empregos prósperos, mas acabam arriscando suas vidas em plantações de cana-de-açúcar, carvoarias, criação de gado, prostituição e outras atividades. Muitas vezes eles são literalmente forçados a trabalhar com uma arma apontada para suas cabeças.

Uma chave para acabar com a escravidão está prestes a ser entregue ao Congresso. Vamos abafar o lobby dos ruralistas, que querem acabar com essa PEC, e aumentar o coro retumbante para derrotar o vergonhoso mercado da escravidão do Brasil de uma vez por todas. Assine a petição e encaminhe para todos:

http://www.avaaz.org/po/stop_slavery_in_brazil/?vl

Cada vez mais, vemos que o poder popular pode fazer o impossível. A escravidão é uma crise que afeta todo o planeta e temos uma chance de encabeçar a abolição. O Congresso deu o primeiro passo, agora podemos ajudar a alcançar um Brasil livre de escravos.

Com esperança,

Pedro, Emma, Diego, Laura, Carol, Ricken e toda a equipe da Avaaz

Mais informações:

Governo quer votar PEC do Trabalho Escravo até 13 de maio (Rede Brasil Atual)
http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2012/03/governo-quer-votar-pec-do-trabalho-escravo-ate-13-de-maio

Governo pede agilidade na votação de projeto sobre trabalho escravo (Folha de São Paulo)
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1061665-governo-pede-agilidade-na-votacao-de-projeto-sobre-trabalho-escravo.shtml

Crianças bebiam água do gado em fazenda de deputado flagrada com escravos (Repórter Brasil)
http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=2040

Comissão: 40 mil foram resgatados da escravidão no Brasil desde 1995 (Terra)
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5718577-EI306,00-Comissao+mil+foram+resgatados+da+escravidao+no+Brasil+desde.html

PEC do trabalho escravo é prioridade para governo (Congresso em Foco)
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/reportagens-especiais/pec-do-trabalho-escravo-e-prioridade-para-governo/

Debate da PEC 438/2001 contra o Trabalho Escravo (e-Democracia)
http://edemocracia.camara.gov.br/web/contra-o-trabalho-escravo/inicio