Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O dia seguinte ao Covid 22

Segunda, 24 de outubro de2022

Escrito por Pedro Pinho
Publicado originalmente na AEPET em 24/10/2022

Nos artigos anteriores, “Militares, Religiões, Elites Brasileiras e o Desenvolvimento Nacional” (AEPET Diário, 20/10//2022) e “A Soberania e as Finanças Globais” (AEPET Diário, 21/10/2022) mostramos o Brasil no processo de autodestruição, conduzidos por elites ignorantes, insaciáveis, audazes e onzeneiras, a serviço dos capitais apátridas e marginais.

Parte desta elite viu a morte se aproximar e aliou-se, como nos exemplos históricos do capitalismo, ao povo, aos trabalhadores, e deste modo obteve a vitória. Repetiram a revolução francesa, o castilhismo, a revolução soberanista de 1930 e a redemocratizadora de 1988. Mas, para todos nós que vivemos do trabalho, aplica-se o tradicional slogan: a luta continua. Pois somente participando diretamente das decisões, o povo, o trabalho, será reconhecido.

Esta luta precisa objetividade quanto aos fins e meios. Destas condições trataremos neste terceiro e último artigo.

Um país só é soberano se os dirigentes também sofrerem as mazelas da situação colonial. Ora, se os dirigentes constituem um pequeno grupo, a minoria absoluta da população, eles podem ser comprados, chantageados, corrompidos pois o proveito com a colonização do país será milhares, milhões de vezes superiores a estes gastos.

De acordo com as pesquisas domiciliares, as classes que ocupam direta e indiretamente o poder no Brasil representam menos de 16%. Isto significa que 84% dos brasileiros sofrerão com a colonização estrangeira, seja de algum país, seja, como demostramos nos artigos anteriores, pelo capital financeiro.

Com mais de 62,6 milhões de habitantes, a população da França é das maiores da Europa. A Bahia (564.733 km²) tem dimensão territorial semelhante à França, 643.801 km². No entanto é bem menos populosa: 15,13 milhões (IBGE, 2014).

Porém a grande diferença está na qualidade de renda e de vida. A renda per capita francesa é US$ 42.680 dólares, na Bahia, neste último ano, 2021, as políticas econômicas de Bolsonaro/Paulo Guedes promoveram a redução nominal de 12,6% (R$ 843), dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE.

Confrontando o Brasil com a França, as classes sociais, pelo critério de renda, são quase simetricamente opostas, pois a classe de renda mais baixa na França está próxima a 20%, o que no Brasil representa a soma das classes A, B e parte da C.

Cabe tratarmos da pedagogia colonial. Ela constitui a forma de dominação do consciente e da compreensão da realidade; é o primeiro e mais importante passo para a escravidão, para incompreensão do próprio ser e, com isso, agir contrariamente a suas próprias necessidades.

Pode um pobre, preto, desempregado votar na continuidade destes governos, deste sistema de poder existente no Brasil? Obviamente não.

Pode uma pessoa que vê departamentos, setores da empresa onde trabalha serem fechados, colegas dedicados ao trabalho, competentes serem demitidos, as receitas da empresa diminuírem e achar que o problema é Cuba ou está na Venezuela? Vai ser míope assim em outro mundo, porque neste você não percebe coisa alguma.

Mas o que ocorre nestes dois casos hipotéticos é a pedagogia colonial penetrando profunda nas pessoas. Se o Brasil não é um país soberano, não é por outra causa do que a elite dirigente estar voltada para atender a necessidade de outro país ou subordinadas a elites e sistemas estrangeiros.

A formação do pensamento próprio, da compreensão das necessidades específicas de seu viver e da existência autônoma do seu país é a cultura, ou seja, a relação dialética que estabelecemos com o meio onde nascemos. Em outras palavras, são as maneiras de convivência, ora enfrentando ora se aliando à natureza que nos cerca, isto é cultura.

E ela é própria de cada realidade física e humana. Vimos a França e a Bahia, espaços territoriais quase iguais, dotados de cursos de água bastante próximos, mas de climas, solos, recursos minerais e sobretudo de recursos energéticos bastante diferentes. São as diferenças e não as identidades que fazem surgir povos distintos, ainda que de idioma do mesmo tronco linguístico. Esta diferença além das elites, lá com interesses coletivos aqui individuais ou alienígenas, que resultam nos padrões de vida e sociedades desiguais.

O que verdadeiramente falta ao Brasil é ter elite com interesse nacional. No início desta série de artigos, mostramos que as oportunidades de construção de uma elite nacionalista foram poucas, mas existiram. Também demonstramos qual poder corrompe a elite dirigente e que promove golpes quando não está sendo atendido.

A pedagogia colonial dos interesses estrangeiros foi mais forte do que a cultura que produzimos aqui. Um exemplo, se não for falsa gravação a fala do general Heleno, homem do sistema de informação oficial, que corre nas redes sociais, está na ameaça de golpe implícita se não for reeleito o candidato das finanças marginais.

Onde deveríamos ter um Estado unitário, que era a nossa prática, copiamos uma federação que só tumultuou a administração brasileira e fez perdurar o sistema de capitanias hereditárias por toda nossa existência. Ou o que é o “Centrão” parlamentar senão o acordão dos herdeiros das capitanias?

Temos uma sucessão de golpes, aplicados desde 1822 até hoje, sempre no sentido de impedir a construção de um Estado Nacional Soberano. Mas estes golpes nunca aparecem conforme são efetivamente. Estatisticamente a corrupção e o comunismo são os pretextos mais usuais, o que mostra até a ignorância ou a pouca criatividade das elites dirigentes ou de seus donos no estrangeiro.

Como Bolsonaro chegou ao poder? Por um golpe que evitou a continuidade da transformação social que vinha ocorrendo no Brasil e do uso da mina de ouro descoberta em 2007, o pré-sal, com reservas de petróleo para quase um século, que permitiria atingirmos relação desenvolvida de consumo de energia per capita.

Em outras palavras, de podermos ser, finalmente, um país industrializado com tecnologia desenvolvida aqui mesmo. Como já deram mostra a Petrobrás, na área do petróleo e seus derivados, a Eletrobrás, na geração e transmissão de energia elétrica, a Cobra (Computadores e Sistemas Brasileiros) na fabricação, hardware e software de computadores inteiramente nacionais, a Nuclebrás, no desenvolvimento da tecnologia nuclear, a Embratel, no desenvolvimento das comunicações por satélite, a Embraer, na fabricação de aviões de uso militar e civil, e tantas outras empresas que a ideologia importada do neoliberalismo apagou da nossa história, e impediu o nosso futuro.

Onde está a corrupção senão nos bancos, nos subornos e nas chantagens com que agentes do exterior influenciam dirigentes brasileiros? Corrupção vem de quem têm dinheiro para corromper, é uma via de mão dupla. Só nos discursos de um juiz, formado e orientado pelos Estados Unidos da América (EUA), onde constantemente vai buscar orientação, pelas poucas luzes de seu discernimento, a corrupção é avassaladora.

Onde está o perigo comunista, onde um partido legalmente constituído, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), com 12.767 filiados, não consegue eleger um único representante para o congresso, um único governador ou deputado estadual, ou prefeito de capital? Apenas nos discursos do senador Hamilton Mourão, pois nem é tão burro que acredite nesta sua fala.

Mas foi com estas acusações que tiraram Getúlio Vargas, por duas vezes, do governo, exilaram João Goulart do Brasil, e aplicaram o golpe da dívida para evitar que Ernesto Geisel escolhesse seu sucessor, dando continuidade aos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND).

E nos vemos, hoje, com um amontoado de mentiras, que robôs pagos e orientados pelo exterior inundam as redes sociais, levam o povo, doutrinado pela pedagogia colonial, a manter a Questão Nacional fora do debate político.

O dia seguinte ao covid 22 pode ser o fim de um Estado Nacional, pelo domínio absoluto dos capitais marginais apátridas.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, atual presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás – AEPET.

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quinta-feira, 21 de abril de 2022

PRECAUÇÕES NAS ELEIÇÕES

Quinta, 21 de abril de 2022
já se pode verificar a confusão que se procura estabelecer na mente brasileira para que estas finanças apátridas continuem a vender ativos brasileiros, destruir as instituições nacionais...

Pedro Augusto Pinho

A proximidade das eleições para os executivos e legislativos federal e estaduais e a explícita manifestação do sistema financeiro apátrida, em decisões e exposições do judiciário que parcialmente o vocaliza, de permanecer no poder, malgrado as inconfundíveis manifestações de desagrado da população com os rumos do Brasil, nos faz concluir que a pedagogia colonial se intensificará.

E o que significa este aprofundamento, este mais constante e penetrante descolamento das palavras dos seus verdadeiros sentidos etnográficos, dicionarizados para compreensão brasileira, e mais mentiras e maiores falácias por todas as comunicações de massa, em especial pelos sistemas de comunicação digital. Estas comunicações virtuais além de seu alcance, nesta era cibernética, são também dinâmicas, ou seja, produzem informações em tal quantidade e velocidade que sua multiplicidade impede a reflexão e, até mesmo, os confrontos reveladores das incoerências, de apresentar um contraditório ou pedir um simples esclarecimento.

É uma comunicação dogmática, em meios supostamente abertos e democráticos, onde a participação não é real, há censura, que se traveste como questão de fé, de uma religião sumamente autoritária, excludente, punitiva.

O culto jornalista Luis Britto García, na Introdução de sua análise sobre a comunicação e a cultura (El Império contracultural - Del rock a la postmodernidad, FUNDART, Caracas, 2015) ironiza as previsões de intelectuais da moda nos anos 1960, com suas “claras visões do que sucederia nas décadas seguintes”, apresentadas por Marcuse, McLuhan, Alvin Toffler, Servan-Schreiber, Sartre e Janis Joplin, entre outros, e os efetivos acontecimentos e alterações naquelas sociedades em vias de profunda regressão.

Escreve García que “os professores se equivocaram porque apenas olhavam a si mesmos”, não foram capazes de entender que um “ciclo capitalista quando chega ao auge, expande o emprego e reduz o excedente a distribuir, faz surgir as culturas do ócio, da despreocupação, da esperança” e “as possibilidades de investimentos se esgotam, a demanda decresce, as empresas diminuem seus ritmos de inovação e produção, até encerram sua atividade, e o desemprego aumenta, restringindo o mercado”.

Aquele delírio onírico da “consciência que saberia equilibrar os conflitos internacionais” (Marcuse), ou transformar a Terra numa “aldeia global” (McLuhan), ou “não haver limite para o aumento do consumo” (Toffler), ou, ainda, “o aperfeiçoamento das instituições estadunidenses como desafio para as demais potências” (claramente a URSS), por Servan-Schreiber, quando, simplesmente, as sociedades entraram em crises (petróleo, juros) e ficaram submetidas a regimes ultraconservadores e ao endurecimento das políticas que transformavam a produção e o trabalho em especulação e rentismo.

Verifiquemos algumas contradições que, desde já, se nos apresentam a pedagogia colonial.

Estado versus Mercado. Veja-se, como exemplo, a notícia do maior órgão de doutrinação colonial no Brasil, o jornal “O Globo”, do “grupo Globo de comunicação”, para noticiar a postergação da decisão sobre a alienação da empresa de energia Eletrobrás, hoje parcialmente estatal, a grupos financeiros privados apátridas: “Plano Frustrado”, com subtítulo, “TCU adia por 20 dias análise da venda da Eletrobrás e ameaça privatização este ano” (quinta-feira, 21/04/2022, página 11, Economia).

Analisemos mais amplamente do que os “intelectuais” referidos por Luis Britto García, ou seja, além do próprio umbigo.

De início vamos entender que “energia” não é “commodity”. Energia é soberania, é a capacidade de um país orientar seu crescimento e assim poder beneficiar toda sociedade. Logo “energia” não deve ser sinônimo de lucro, mas de eficiência. Ao trocar a capacidade de decisão de uma empresa de energia do Estado para a gestão do mercado, o que se está efetivamente obtendo é o descaso com a eficiência e a ênfase no aumento do ganho financeiro. Daí a importância desta eleição para o poder que se estabeleceu no Brasil, com a eleição de 1989, e que não quer largar o osso, dando inclusive o golpe jurídico-parlamentar, em 2016, para que não corresse este risco.

Militares e civis. Uma pátria verdadeiramente cidadã, que não usa a cidadania como adjetivo, atrativo para incautos, mas para efetivo objetivo de governo, não pode distinguir cidadãos com objetivo de exclusão, mas de proteção a deficiências inatas ou adquiridas.

Causa surpresa que o professor e político cearense Roberto Amaral, ministro de estado no primeiro governo Lula, escreva artigo sob o título “Indignidade/indigência militar, um tema inadiável”, tendo transcrito, na abertura, parte da matéria de Hélio Schwartsman, publicada em 20/04/2022, na Folha de S.Paulo.

O que procuraria este ex-professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ)? Acrescentar mais um identitarismo àqueles que o capital financeiro apátrida inunda o Brasil, com o evidente motivo de seccionar o povo brasileiro, promover cizânias que fragmentem a Nação?

Não foram militares patriotas como Horta Barbosa, Estillac Leal, Moreira Lima, Francisco Teixeira, almirante Aragão, Teixeira Lott, Alfeu de Alcântara Monteiro, Ernesto Geisel, entre tantos outros, a quem devemos a Petrobrás, a Nuclebrás — energia nuclear sob controle brasileiro, a Embrapa, a Embratel, a Central de Medicamentos (CEME), enfim o desenvolvimento tecnológico e industrial nacional?

O porta-voz do financismo, megaespeculador George Soros declarou que o maior inimigo das finanças apátridas era o nacionalismo. E o que foram estes citados e muitos mais, presos, destituídos de suas funções, apagados de nossa história e até assassinados, senão cidadãos conscientes de sua nacionalidade e defensores do Brasil, seu povo e seu desenvolvimento integral?

Parece que o ex-comunista e ex-socialista Roberto Amaral adotou o neoliberalismo como ideologia. Ao menos está com o Grupo Globo apoiando sua candidata na eleição para presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), ao invés de integrar a corrente nacionalista de Octávio Costa.

Nestes poucos casos já se pode verificar a confusão que se procura estabelecer na mente brasileira para que estas finanças apátridas continuem a vender ativos brasileiros, destruir as instituições nacionais, até o dia que esquartejarão o território nacional entre gestoras de ativos que estão com seus capitais em paraísos fiscais, espalhados pelo mundo.

Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Um imenso risco para o Estado nacional brasileiro

Quarta, 1º de dezembro de 2021


Escrito por Pedro Pinho
Espelho meu, espelho meu, há presidente mais nefasto do que eu? Existe sim, Trump boy, é o Sergio Moro, o Biden boy.

Como todos já sabemos, e com abundância de detalhes, o mundo ocidental, desde 1989, é dirigido pelas finanças, onde os capitais marginais (das drogas, dos contrabandos, da corrupção, da prostituição e outros atos contrários à humanidade) têm expressiva participação.

Também, os melhores informados sabem que a “crise” de 2008/2010 não acabou. A quantidade de papéis, derivativos, que circula pelo mundo é oito ou mais vezes superior ao produto bruto mundial (em 2020, PBM=US$ 85 trilhões). Isto significa que todos os ativos reais não cobrem o que se especula em bolsas de valores e de mercadorias; a soma dos ativos financeiros com os derivativos deve estar próxima a 13 PBM’s. Logo esta nova crise somente espera decisão dos bancos de receberem, e em que volume, nova injeção de recursos dos tesouros nacionais ou de recursos ainda sob o controle do estado, com nova onda de privatizações.

Por conseguinte, sob mais uma farsa, outro argumento fraudulento, o Brasil fará, forçado pelos capitais apátridas residentes nos paraísos fiscais, outro programa de transferências de tributos e privatizações para o sistema financeiro.

E a imprensa venal que adotou a candidatura Moro, imposta pelas finanças e com o aval dos seus executores dos Estados Unidos da América (EUA), já inicia o preparo psicológico da população para a entrega a estes capitais do que restar do petróleo brasileiro e da tecnologia que só a Petrobrás dispõe, dos sistemas de produção, transmissão e distribuição de energia elétrica, hídrica e nuclear, coordenado e operado pela Eletrobrás, e de aquíferos e outros recursos hídricos que vão ficando a cada dia mais valiosos e deles dependente toda a população do planeta.

Mas sem esta clareza. Certamente o primeiro passo será culpar os pobres, os que nada têm, por romperem o Teto de Gastos. Não ria, caro leitor.

Você está, desde agora, sendo preparado para ter esta compreensão: não são as fraudes bilionárias praticadas pelas finanças, como os depósitos voluntários das instituições financeiras mediante polpudas remunerações, mas os ridículos 200 reais por alguns meses, para minimizar a fome, que estarão obrigando a venda das empresas estatais promotoras do desenvolvimento brasileiro ou da sua integração, como os Correios.

Veja-se a manchete do caderno “mercado”, da Folha de S.Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2021: “Próximo presidente enfrentará maior risco desde o Plano Real”, com subtítulo “Embora candidatos defendam arrumar contas públicas, dificuldade política e social pode levar a grave crise”.

Façamos breve análise deste conteúdo. Os Estados Nacionais tem duas fontes de receitas: os tributos e os resultados dos empreendimentos onde o Estado participa como investidor direto, ou seja, possui ações. No caso do BNDES, o Estado receberia parte do lucro da instituição, que é uma empresa pública, e de capital fechado, no caso da Petrobrás, uma empresa de capitais públicos e privados, a parcela do lucro distribuída aos acionistas, pois o Estado também o é.

Mas o Estado, diferentemente dos particulares — daí uma das incomensuráveis sandices dos Carlos Alberto Sardenberg (1947, São Paulo (SP)), Miriam Leitão (1953, Caratinga (MG)), e outros “comentaristas” (sic) que dizem que administrar um País é como administrar uma casa — o Estado, repito, pode emitir dinheiro. Para que se tenha uma ideia do que isto pode significar, os EUA são o país com a maior dívida do mundo. A eles se seguem, por ordem de endividamento, o Reino Unido, a França, a Alemanha e os Países Baixos. Ou seja, todas as nações mais poderosas do mundo acumulam dívidas para continuarem sendo as nações mais ricas e poderosas. Enquanto a dívida per capita brasileira, em 2017, era US$ 3.200, a da Suíça era US$213.100, da Noruega US$ 117.000 e de Luxemburgo US$ 6.968.000, todas no mesmo ano (CEIC Data e FMI).

Só aqui, neste país onde as elites nos cobrem de farsas e fraudes, a começar pelas da comunicação, pela pedagogia colonial, é que se admite um Teto de Gastos. Verifique se de Alexandre Hamilton a Janet Yellen, atual e primeira mulher a ocupar a Secretaria do Tesouro estadunidense, algum se preocupou com tetos de gastos. Se houvesse este colonizado secretário, os EUA continuariam pertencendo ao Reino Unido. 

Lá foi o Estado, financiando, construindo, subvencionando, sustentando empreendimentos com impostos, e operando empresas que erigiram a poderosa nação e uma classe industrial que avançou pelo mundo, criando mercado, transferindo operações e colonizando setores econômicos. E com lisura? Nenhuma, ou estes empresários não seriam denominados robber barons (barões ladrões) por controlar recursos nacionais; acumular altos níveis de influência no governo; pagar salários extremamente baixos; esmagar a concorrência através da aquisição de rivais, criar monopólios para aumentar os preços e arquitetar esquemas para vender ações a preços inflacionados para investidores desavisados até acabar por destruir a empresa para a qual o estoque de ações foi emitido, causando o empobrecimento de investidores e enriquecimentos dos barões.

E o boletim Focus, aquela publicação de cerca de 100 empregados do sistema financeiro (bancos, corretoras, administradoras) que “busca influenciar” as decisões governamentais para seu máximo ganho, já aumenta a inflação do próximo ano (2022) de 4,55%, há trinta dias, para os atuais 5%. Promovendo o arrocho nas despesas com a população (saúde, educação, transporte, habitação) e ampliando aquelas com o sistema financeiro (juros e amortização da dívida) e justificando também elevação das taxas de juros. 

Estão abertas as condições para as transferências dos recursos do tesouro nacional e a privatização do país, no que colaborarão a corrupção (afinal é o mestre nela que dirige o País) e a desburocratização (que nem mesmo os parlamentares e magistrados sabem corretamente o que é).

Mas é preciso garantir a urna eletrônica sem impressão de voto; uma vitória da CIA, da Secretaria de Justiça dos EUA, da antiga ABIN, hoje, GSI, do general Heleno, que encontrou alguma oposição nas Forças Armadas (FA).

Então se cria o núcleo militar do Moro. Já temos o general homem de partido, Carlos Alberto Santos Cruz, filiado ao Podemos (We can), já pensando no lugar do colega de farda Hamilton Martins Mourão.

Mas entre militares de pijama e fardados já se juntaram: Ítalo Fortes Avena, Paulo Chagas, Santa Rosa, Lauro Pires da Silva, Marco Aurélio Costa Vieira, Otávio Rego Barros, Guilherme Theophilo, o coronel Walter Felix Cardoso e o capitão de mar e guerra Álvaro José Teles Pacheco. Uma pergunta está no ar: são estes entreguistas os filhos de Caxias? Nenhum destes entendeu a importância da Petrobrás, da Eletrobrás, da Itaipu Binacional, da Nuclebrás, dos Correios, da Embraer, da empresa nacional de informática: hardware e software, da navegação nacional de cabotagem (oh! Comandantes)? E nem estamos incluindo a indispensável participação do Estado para a saúde (CEME, do Presidente Médici), para educação (Projeto Rondon, do Presidente Costa e Silva), para habitação (BNH, do Presidente Castelo Branco), para a assistência e previdência social e para cultura (Ministério da Previdência e Assistência Social e Funarte, do Presidente Geisel). O que será do Brasil entregue a tais dirigentes sem qualquer interesse na Pátria onde nasceram?


Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.