Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Brasil: chega de tanta barbárie!

 Quarta, 2 de fevereiro de 2022

Professora Fátima Sousa

O cruel assassinato do jovem Moïse Mugenyi Kabagambe exige uma ação rápida e severa do poder público do Rio de Janeiro. É preciso não apenas identificar, mas punir com rigor o ato doloso e sem espaço para defesa praticado contra um jovem de 24 anos, por motivos fúteis. Nada justifica o espancamento que ele sofreu. E palavras de indignação já não bastam para responder à violência que assola o país e abate, especialmente, brasileiros imersos nas minorias: pobres, pretos, subempregados, LGBTQIA+ e outros.

Presos os suspeitos, é preciso agilizar a investigação e garantir punição exemplar e sem brecha para liberdade. É momento de decisões pedagógicas, para frear a violência e reeducar segmentos que, na expectativa da impunidade de sempre, praticam atos como este. A dor da família do Moïse não pode ser menosprezada. Que seja feita justiça e que cada um de nós possamos agir por um Brasil melhor para todas, todos e todes. Por ele e por todos os que foram vítimas antes, tantos e tantas, de crimes sem solução.

Como brasileira e defensora dos direitos humanos, eu me recuso a aceitar que esse seja o Brasil possível para nossos irmãos refugiados. Não aceito este país sequer para o cidadão que nasceu aqui e ajudou a construir a sua história. Venho somar forças, e oferecer minha voz, aos movimentos que tenham esperança de forçar as mudanças necessárias para fazer do Brasil, de fato, um lugar acolhedor, com políticas públicas inclusivas e uma sociedade focada no bem-viver de todos.

A barbárie noticiada em toda mídia expõe questões que para muitos sequer são problemas. Nossa sociedade vive anestesiada, absorvida pela falta de perspectivas e empatia. Racismo, xenofobia e precarização das relações de trabalho são as mais evidentes questões escancaradas pela tragédia do congolês. É mais um caso gerado pelo histórico do Brasil, mas também dos estímulos à violência por parte do desgoverno e dos tempos sombrios que vivemos, em que faltam políticas para o bem-viver, e se espalham movimentos para a instauração da sociedade do medo.

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*Fátima Sousa
Paraibana, quatro décadas da sua vida dedicadas a saúde e a gestão pública;
Professora e pesquisadora da Universidade de Brasília;
Enfermeira Sanitarista, Doutora em Ciências da Saúde, Mestre em Ciências Sociais;
Doutora Honoris Causa;
Implantou o ‘Saúde da Família’ no Brasil, depois do sucesso na Paraíba e em São Paulo capital;
Implantou os Agentes Comunitários de Saúde;
Dirigiu a Faculdade de Saúde da UnB: 5 cursos avaliados com nota máxima;
Lutou pela criação do SUS na constituinte de 1988;
Premiada pela Organização Panamericana de Saúde, pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.

Entidades que estarão presentes no ato de denúncia do assassinato de Moise, sábado, às 10h, na Barra da Tijuca.

Quarta, 2 de fevereiro de 2022



Entidades que estarão presentes no ato de denúncia do assassinato de Moise, sábado, às 10h, na Barra da Tijuca.

1. ABI - Associação Brasileira de Imprensa 
2. Advocacia Decolonial
3. Advocacia Preta Carioca
4. Afoxé Filhas de Gandhy RJ
5. Afrikanos no Mundo        
6. Afronte! Negro (RJ)
7. Agbara Dudu.
8. AMEINU Brasil - Diversidade Religiosa, Cidadania e Direitos Humanos
9. ANAN
10. Anistia Internacional Brasil
11. Apadrinhe um Sorriso 
12. ASPECAB/CENIERJ.
13. Associação Afro Inter Connections
14. associação cultural EGBE ILE ASE OLOYA TORUN
15. Associação Sementes da Democracia
16. Baque Mulher
17. casa de caridade seara de boiadeiro
18. Casa Fluminense 
19. Catedra Sérgio Vieira de Mello - UERJ
20. Catedra Sérgio Vieira de Mello da PUC-Rio/ACNUR
21. CC Claudia Maria (URI)
22. CEAP.
23. CEDINE.
24. Centro Brasil de Saúde Global
25. Centro de Teatro do Oprimido                                                                Grupo Cultural Afrolaje 
26. CETRAB- NACIONAL
27. CETRAB-RJ
28. Coalizão Negra por Direitos 
29. Coletividade Preta  
30. Coletivo Afrodivas de Niterói - Brasileiras & Cia
31. Coletivo de mães da maré
32. Coletivo Estrela - Portugal
33. Coletivo Madalena Anastácia 
34. Coletivo MUANES Dançateatro
35. Coletivo Negro Aquilombar/UNIRIO
36. Coletivo Nuvem Negra
37. Coletivo Siyanda de Cinema Negro 
38. Coletivona
39. Colymar
40. COMDEDINE.
41. Conselho Regional de Psicologia RJ
42. CUT Rio/Secretaria de Combate ao Racismo.
43. Denegrir.
44. Diocese Anglicana do Rio de Janeiro
45. ECOWAS Brazil Chamber of Commerce
46. Educafro.
47. ENAFRO
48. Espaço Cultural África-Brasil e Artes- ECABA
49. FAMNIT - Federação das Associações de Moradores de Niterói
50. Favelas na Luta                                                                                   Associação de Moradores da Chacara e Arroz
51. FJUNN.
52. Flisgo
53. Fórum de Mulheres Negras RJ.
54. Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro (FPVP-RJ)
55. Frente Ampla Suburbana
56. Frente Favela Brasil 
57. Frente Nacional Antirracista.
58. Frente Quilombola RS.
59. GRES G15
60. Grupo Acesso Cultural SG
61. Grupo Capoeira Angola Ngoma.
62. Grupo Cor do Brasil
63. Grupo de estudos Muniz Sodré sobre sobre Relações Raciais
64. IANB/Instituto da Advocacia Negra Brasileira
65. Ilé àṣẹ Èṣù Àti Ogun
66. INAMUR / Instituto Nacional de Mulheres Redesignadas.
67. INCub-Portugal
68. Instituto Justiça Negra Luíz Gama.
69. Instituto Move o Mundo - Empreendorismo Social
70. Instituto Niemeyer
71. Instituto Pensamentos e Ações para Defesa da Democrática - IPAD
72. Instituto Sociocultural Brasil Chama África
73. IPCN.
74. Jornalistas Pretos
75. Judeus e Judias pela Democracia SP
76. Levante Feminista.
77. LGBT+Movimento
78. Magdas Migram
79. MISSAO ROCINHA
80. MNE/Movimento Negro Evangélico.
81. MNU RJ.
82. mojuba Urab Maricá
83. Movimenta Caxias 
84. Movimento Federalista Pan Africano.
85. movimento muleques
86. Movimento Parem de Nos Matar!
87. Movimento Popular de Favelas
88. Movimento Pretah Dance
89. MUHCAB.
90. NENRI
91. Observatorio Judaico dos Direitos Humanos no Brasil
92. OIM/Agência da ONU para Migrações.
93. perifaConnection 
94. Portal Favelas.
95. Projeto BAMBUZAL
96. PUD/Psicanalistas Pela Democracia.
97. Quilombo Allee/Berlim.
98. Quilombo Cultural Urbano Casa do Nando
99. RAICO - Rede Afro de Influenciadores e Comunicação
100. Raízes 88
101. REAFRO
102. Rede de Comunidade e Movimentos Contra a Violência
103. Rede Jubileu Sul
104. Representação da ONU.
105. Roda de Samba Luz D'Samba 111 - Bloco Carnavalesco Mameluco
106. Rosa Miranda Afro Verdes RJ PV 
107. Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
108. SEPE/Lagos.
109. Setorial de Favelas Marielle Franco PSOL/ RJ
110. SINDSPREV/RJ
111. Terreiro da Liberdade
112. UBM
113. Uneafro Brasil RJ
114. UNEGRO RJ.
115. Youth for human rights Portugal

VIOLAÇÕES —Sistema prisional do DF: Comissão de Direitos Humanos entrega à ONU relatório com 983 denúncias

Quarta, 2 de fevereiro de 2022

Em 2021, os casos de tortura e maus-tratos chegaram a 222, para as visitas e incomunicabilidade dos internos com a família foram registradas 123 denuncias - Foto: Thathiana Gurgel/Agência Brasil


Em três anos, a CDH recebeu denúncias de tortura e maus-tratos, violência psicológica e negativas a direitos básicos

Roberta Quintino
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 02 de Fevereiro de 2022

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa entregou, nesta quarta-feira (2), ao Subcomitê de Combate à Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) um relatório que apresenta 983 denúncias de violações no sistema prisional do DF.

O encontro aconteceu no Congresso Nacional e contou com a participação de entidades que atuam contra as violações no sistema prisional, além de parlamentares. O presidente da CDH, deputado distrital Fábio Felix (PSol/DF), ao entregar o documento, afirmou que as denúncias estão inseridas em diversas áreas, da precariedade da alimentação à casos de torturas.

Em três anos, a Comissão da Câmara Legislativa recebeu denúncias de tortura e maus-tratos, violência psicológica, sobre as péssimas condições de higiene nos presídios, proibição de contato com a família, negativas a direitos básicos, dentre outras.


De acordo com o deputado, as denúncias de violações no sistema prisional aumentaram de forma significativa nos anos de 2020 e 2021, especialmente, “pela ausência dos familiares que também ajudam nesse controle democrático nas visitas”, canceladas devido à pandemia de covid-19.

BdF Exclusivo: como Bolsonaro usou o governo para apoiar grupo que abriu guerra contra o MST na BA

Quarta, 2 de fevereiro de 2022

Ex-militante do MST que se tornou aliado de Bolsonaro, Liva do Rosa (à esq.) recebe do presidente o título de domínio de seu lote - Divulgação/Incra/Governo Federal

Presidente foi à Bahia entregar título de terra a agricultores; entre eles, um ex-membro do MST que se tornou seu aliado

Igor Carvalho
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 02 de Fevereiro de 2022

Depois de um ano de "guerra-fria" e troca de acusações com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sul da Bahia, uma comitiva de Jair Bolsonaro (PL) ancorou no município baiano de Teixeira de Freitas, em 28 de setembro de 2021, onde o presidente entregou o título de domínio (TD) de propriedades rurais para pequenos agricultores da região.

Um dos beneficiados pelo documento fundiário foi Liva do Rosa do Prado, ex-militante do MST que se tornou aliado de Bolsonaro depois de ser acusado pelo movimento de tentar cooptar as famílias que vivem na área, prometendo facilidades para acessar o título das terras onde estão acampadas.

Durante o evento, sem maiores cerimônias, o secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, o pecuarista Luiz Antônio Nabhan Garcia, revelou porque os integrantes do Planalto se deslocaram até o sul da Bahia para aquela ocasião:

“Nós estivemos aqui há mais de um ano e vimos uma cena lamentável, senhor presidente da República. Aqui, uma organização criminosa chamada MST, apoiada por um governo irresponsável, do PT, que tem uma quadrilha de violentos e vândalos que estão apoiando destruir casas, ameaças e agressão, como foi o caso da dona Vanuza”, diz Garcia ao microfone.

A mulher citada é a agricultora Vanuza Santos de Souza, ex-assentada do MST, que acusa militantes do movimento de a terem agredido e expulsado de um lote, no acampamento Fábio Henrique, em Prado, no sul da Bahia, em abril de 2020. Na época, ela gravou um vídeo que foi divulgado por Bolsonaro.

Vanuza também é acusada pelo MST de tentar cooptar famílias assentadas, mesma prática que teria sido adotada por Liva, segundo o movimento.

Esta é a primeira reportagem de uma série sobre o tema que o Brasil de Fato publica com exclusividade nesta quarta-feira (2). Para ler as outras reportagens, clique nos links abaixo.

Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) questiona nota técnica que considerou a obrigatoriedade da vacinação infantil contra covid como violação a direitos humanos

Quarta 2 de fevereiro de 2022
Ministério de Damares

Fundamentos para emissão do documento deverão ser apresentados já que a medida sanitária é prevista em lei, referendada por decisão do STF

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) tem dez dias para encaminhar informações ao Ministério Público Federal (MPF) sobre a nota técnica que considera a obrigatoriedade da vacinação infantil contra a covid-19 como violação de direitos humanos, além de ser contrária ao passaporte vacinal. O prazo foi dado pelo procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, que quer saber se a nota técnica representa a posição oficial da pasta, tendo em vista ter sido assinada por substitutos de diversas secretarias do ministério.
Quarta, 2 de fevereiro de 2022

Esta é a repetição de postagem de 2/2/2019 no Blog Gama Livre: E mais uma vez, na praia do Rio Vermelho, nos mares da mágica Bahia, presentes e cantos para Iemanjá; 'eu andei lá, eu já sei o caminho, andei lá'

Infelizmente a festa hoje para a Rainha das Águas na praia do Rio Vermelho, Salvador, Bahia, está sendo feita sem aglomeração. Apenas a entrega de oferendas à Iemanjá. Torçamos para que em 2023 a festa volte a ter a força, a graça a fé, dos baianos e turistas que sempre lotaram a praia desde as madrugadas de cada dia 2 de fevereiro. E dentre os baianos que lotam as festas à Iemanjá, eu, o editor deste Blog Gama Livre.


Abre Caminho

Vídeo da cantora baiana Mariene de Castro, gravado na Festa de Iemanjá, comemoração todo dia 2 de fevereiro na praia do Rio Vermelho, em Salvador.

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Clique nas imagens abaixo para ampliá-la./Fotos: arquivo Blog Gama Livre.
Fé, oferenda, energia. Foto: arquivo Blog Gama Livre

Canto para Iemanjá — Os Tincoãs
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Janaina — vídeo com o cantor Otto

Clique nas imagens para ampliá-las.
Pequenina, linda, graciosa e já no samba de roda. Foto: arquivo Gama Livre

Dia dois de fevereiro é Dia de Yemanjá nos mares da praia do Rio Vermelho na 'cidade da Bahia'

'Dois de fevereiro'

Composição: Dorival Caymmi. Gravação Odeon, de primeiro de setembro de 1957, lançada em dezembro seguinte no 78 rpm. Apareceu também no álbum "Caymmi e o mar", quarto LP do compositor baiano, e primeiro em doze polegadas.

Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Iemanjá
Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Iemanjá
Escrevi um bilhete a ela pedindo pra ela me ajudar
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar
O presente que eu mandei pra ela
De cravos e rosas vingou
Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou
Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou 

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Samba de roda para homenagear Iemanjá no Rio Vermelho / Foto: Arquivo Blog Gama Livre

Praia do Rio Vermelho, Salvador, em dia de Festa de Iemanjá /Foto: Arquivo Blog Gama Livre

A Rainha do Mar na Casa do Peso.  Foto: arquivo Gama Livre



Um Raul Seixas ecológico contra a pesca com dinamite na Baía de Todos os Santos. /Foto: arquivo  Blog Gama Livre


A preocupação com o meio ambiente, com as águas de Odoyá!!! / Foto: arquivo Blog Gama Livre

Dois de fevereiro é festa no mar. Praia do Rio Vermelho, em Salvador. Ao fundo, barcos fazem a "entrega" dos presentes para Yemanjá. Dê um clique sobre a imagem para ampliá-la. Belo dia de sol na capital baiana./ Foto: arquivo Blog Gama Livre.

A deusa está em festa

 Fevereiro

2

A deusa está em festa

Hoje, o litoral das Américas rende homenagem a Iemanjá.
Esta noite, a deusa mãe dos peixes, que há séculos veio da África nos barcos dos escravos, se ergue na espuma e abre os braços. O mar leva para ela pentes, escovas de cabelo, perfumes, doces, boa comida e outras oferendas dos marinheiros que por ela morrem de amor e de medo.
Parentes e amigos de Iemanjá costumam aparecer na festa, vindo do Olimpo africano:
Xangô, seu filho, que desata as chuvas do céu,
Oxumaré, o arco-ires, guardião do fogo,
Ogum, ferreiro e guerreiro, valentão e mulherengo,
Oxum, a amante que dorme nos rios e jamais apaga o que escreve,
e Exu, que é Satanás dos infernos e também é Jesus de Nazaré.

 Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’.
L&PM Editores. 2ª edição, página 50

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Análise | O fracasso dos militares, por José Luís Fiori e William Nozaki

Terça, 1º de fevereiro de 2022
A nova geração de militares “neoliberais” aprofundou a vassalagem aos EUA e trocou o Estado pelo mercado

José Luís Fiori e William Nozaki
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 01 de Fevereiro de 2022

"A incompetência governamental dos militares brasileiros começa por sua subserviência internacional a uma potência estrangeira, pelo menos desde a Segunda Guerra Mundial", consideram José Luís Fiori e William Nozaki

Existe uma psicologia bem compreendida da incompetência militar [...]. Norman Dixon argumenta que a vida militar, com todo o seu tédio, repele os talentosos, deixando as mediocridades, sem inteligência e iniciativa, subirem na hierarquia. No momento em que alcançam cargos importantes de tomada de decisão, essas pessoas tendem a sofrer alguma decadência intelectual. Um mau comandante, argumenta Dixon, nunca quer ou é incapaz de mudar de rumo quando toma a decisão errada.
(Ferguson, N. Catástrofe. Editora Planeta, São Paulo, 2022, p. 184)


Qualquer pessoa de bom senso – dentro e fora do Brasil – se pergunta hoje como foi que um segmento importante dos militares brasileiros chegou ao ponto de conceber e levar adiante um governo militarizado e aliado a grupos e pessoas movidas por um reacionarismo religioso extremado e por um fanatismo econômico e ideológico completamente ultrapassados, todos “escondidos” atrás de um personagem grotesco e um “mau militar”, como afirmou o Gal. Ernesto Geisel em outro momento?

O historiador britânico Niall Ferguson defende a tese da incompetência universal dos militares e aponta algumas razões que explicariam tal incapacidade a partir da própria vida interna dos quartéis e da carreira militar. No caso específico da geração atual de militares brasileiros, há um contingente que vem se dedicando, há três anos, a desmontar aquilo que seus antecessores do século passado mais prezavam: o setor energético brasileiro.

Os militares brasileiros sempre tiveram uma visão elitista e caricatural do país, imaginando um país sem cidadãos e onde as classes sociais próprias do sistema capitalista são vistas com desconfiança e como uma ameaça à ordem social definida por eles segundo critérios ancorados, em última instância, na sua vassalagem internacional. Dentro dessa concepção, de um país sem sociedade civil, eles sempre se consideraram os verdadeiros responsáveis pela moral pública e pela definição do que fosse o “interesse nacional” dos brasileiros.


Conceito próprio de "interesse nacional"

Num determinado momento da história brasileira, os militares entenderam que era importante para o interesse nacional que o país tivesse projetos industrializantes nos setores de metalurgia e siderurgia, ferroviário e rodoviário, petrolífero e petroquímico. No entanto, no momento seguinte, eles mesmos redefinem seu próprio conceito de “interesse nacional” brasileiro, invertem a estratégia econômica dos seus antecessores e promovem a privatização selvagem das empresas públicas, ao mesmo tempo que apoiam a desindustrialização da economia brasileira e seu retrocesso à condição primário-exportadora do início do século passado.

Como é sabido, as Forças Armadas brasileiras tiveram uma participação ativa na construção da Petrobras, Eletrobras, Gasoduto Brasil-Bolívia, Itaipu Binacional e inúmeras outras empresas estatais em setores estratégicos para o desenvolvimento da economia nacional. Mas hoje, como já dissemos, dedicam-se ao desmonte dessas mesmas empresas e de setores econômicos, sem nenhum tipo de justificativa estratégica de mais longo prazo, sobretudo no caso do setor energético, que é peça essencial da “segurança nacional” de qualquer país do mundo.

O Plano Estratégico da Petrobrás é míope, irrealista e negligente

Terça 1º de fevereiro de 2022

O Plano Estratégico da Petrobrás é míope, irrealista e negligente

01 Fevereiro

Proposta de dirigentes e CA [Conselho de Administração] atuais atende apenas aos apetites parasitários de poderosos

O Plano Estratégico da Petrobrás é míope, irrealista e negligente, compromete o futuro da empresa e a segurança energética nacional, não garante o abastecimento de combustíveis, petroquímicos e da energia elétrica aos menores custos possíveis para promover o crescimento econômico e o progresso social.

O Plano Estratégico da Petrobrás é baseado no pressuposto de que petróleo é uma mercadoria como outra qualquer, que o petróleo é um recurso fóssil que será substituído no médio prazo e sofrerá forte redução de demanda nos próximos 28 anos. Baseado numa visão equivocada e de curto prazo, propõe a exploração acelerada das reservas nacionais, a exportação de petróleo cru, e uma visão parasitária e financista de maximizar a distribuição dos dividendos não recorrentes de forma imediata para seus acionistas.

O Plano da Petrobrás reduz investimentos na procura (exploração) de petróleo porque considera que reserva é um estoque, e estoque deve ser minimizados porque imobiliza capital. Considera que investimentos em refino e petroquímica não geram retorno financeiro e dividendos no curto prazo.

O plano estratégico da Petrobrás reduz investimentos em pesquisa e desenvolvimento, dissimulando as suas obrigações de desenvolvimento em transformação digital.

O professor Julian Allwood (*), da Universidade de Cambridge, ressalta que escalar as soluções reais é a única coisa que importa quando discutimos planos para mitigar as mudanças climáticas. Segundo ele, o Acordo de Paris concluiu, em seu relatório, que a substituição do sistema de combustível fóssil existente (petróleo, gás e carvão), usando tecnologias renováveis e eletrificação da sociedade, não serão viáveis para toda a humanidade. Simplesmente, não há recursos para fazer a substituição total. Em um cenário ambiental de deterioração que precisa de ações imediatas, num momento de um sistema financeiro frágil e saturado de dívidas, com energia muito cara, com minerais insuficientes, com países em diferentes condições econômica e sociais e com uma população gigantesca inserida na pobreza, a COP26, em Glasgow, foi um fracasso total, destaca professor Allwood, porque durante toda a reunião baseou-se na ficção de que a tecnologia resolverá o problema das mudanças climáticas, e que o desenvolvimento tecnológico necessário poderia ser alcançado até 2050. Este pressuposto impediu qualquer discussão sobre as soluções reais que requerem políticas globais, restrições específicas a uma série de atividades nos países ricos e discussões técnicas realista de como podemos escalar rapidamente as soluções tecnológicas.

Desta forma, o plano estratégico da Petrobrás deveria focar nos desenvolvimentos tecnológicos alcançáveis e escaláveis como oportunidades de novos negócios e perenidade, com o objetivo de abastecer o Brasil com energia, petroquímicos e fertilizantes aos menores custos possíveis.

O plano estratégico não considera a oportunidade de adicionar a produção da energia elétrica para, com os combustíveis de origem fóssil, abastecer a frota de veículos elétricos, híbridos e convencionais. É necessária capacidade extra de geração de eletricidade para carregar as baterias da frota brasileira dos 75 milhões de veículos, aproximadamente. Como a geração nacional de eletricidade em 2018 foi de 588 TWh, estima-se que para viabilizar a adoção do carro elétrico no Brasil, é necessária uma capacidade extra de 67% de toda a capacidade existente de geração elétrica.

Para substituir gradualmente os combustíveis fósseis, tanto a energia consumida na indústria quanto no transporte, teremos que projetar, reformular e reconstruir o sistema elétrico do Brasil. Temos que desenvolver um sistema elétrico híbrido, integrado vertical e nacionalmente, com usinas fósseis e não fósseis.

Isso exigirá mais energia do que nunca, a indústria de petróleo deve se transformar na indústria integrada de combustíveis, biocombustíveis, da energia, petroquímicos e de fertilizantes para ter papel protagonista para as necessárias mudanças da matriz energética, com capacidade para elevados investimentos e desenvolvimento tecnológico.

Segundo o relatório do Professor Simon Michaux do Geological Survey of Finland GTK, considerando que a energia elétrica gerada a partir de fontes solares e eólicas são intermitentes, tanto em um ciclo de 24 horas quanto em um contexto sazonal, cálculos primários mostram que para substituir uma única usina movida a carvão de tamanho médio (860 MW de capacidade instalada), seriam necessárias 213 usinas solar fotovoltaica de tamanho médio (33 MW de capacidade instalada). Da mesma forma, pode-se calcular que seriam necessárias 87 usinas eólicas de turbinas de tamanho médio (capacidade instalada de 37,2 MW).

Interpolando os números do Professor Michaux para o Brasil, a capacidade anual total adicional de energia elétrica não fóssil a ser adicionada à rede no Brasil precisará ser em torno de 80,2 TWh, então isso se traduz em 472 novas usinas extras para substituir a capacidade instalada atualmente.

Considerando o número de usinas individuais de painéis solares, usinas de turbinas eólicas, usinas nucleares, usinas hidrelétricas e usinas de energia de biomassa para fornecer a exigência adicional de energia para eletrificação da frota nacional de veículos de transporte, o sistema de geração de energia elétrica não fóssil existente (508 TWh) teria que se expandir 2 vezes a capacidade existente. Porém, cada um dos sistemas de combustíveis não fósseis tem limitações práticas para a expansão, por exemplo, as usinas eólicas e hidroelétricas necessitam de condições geográficas e logística de transmissão muito específicas para que sejam viáveis economicamente.

Segundo o relatório finlandês, a produção de biocombustíveis e biomassa é competitiva com a indústria de alimentação humana. Os sistemas que produzem o suprimento mundial de alimentos são muito dependentes de combustíveis fósseis. Alimentar a população global de 2021 de 7,9 bilhões de pessoas, sem fertilizantes derivados de combustíveis fósseis, exigiria metade de toda a terra livre de gelo do planeta, em vez dos 15% da terra arável usada atualmente. Aproximadamente 9% da demanda global de gás é usada para produzir amônia para a fabricação de fertilizantes.

Em resumo, o plano de estratégico da Petrobrás ignora que fertilizantes petroquímicos e defensores agrícolas são necessários para garantir um nível constantemente alto da produção de alimentos. Esses produtos de origem fóssil serão cada vez mais necessários não só para atender à demanda alimentar mundial, mas também para a produção de biomassa para geração de energia elétrica e biocombustíveis para veículos de transporte. Atualmente, para cada caloria dos alimentos consumidos, há 10 calorias de energia fóssil consumidas para produzir e entregar esse mantimento. Grandes quantidades de produtos petrolíferos são utilizados como matérias-primas e energia na fabricação de fertilizantes e defensivos, é fundamental dispor de energia barata e prontamente disponível em todas as etapas da produção de alimentos, biomassa e biocombustíveis: desde plantio, irrigação, alimentação e colheita, até processamento, distribuição e embalagem.

O plano estratégico da Petrobrás não prevê investimentos no desenvolvimento de novos produtos, biocombustíveis e ignora oportunidades de negócios na petroquímica.

Definitivamente, o plano da Petrobrás proposto pelos dirigentes e conselho de administração atuais não atende aos anseios do povo brasileiro, e atende apenas aos apetites parasitários de poderosos, apesar de poucos e temporários acionistas minoritários.

É necessária uma reformulação do plano estratégico da Petrobrás, com discussões técnicas realistas de como podemos desenvolver e escalar opções tecnológicas e apontar soluções reais.

A AEPET defende um plano com fortes investimentos na procura (exploração) de petróleo para recomposição e crescimento das nossas reservas, redução significativa da exportação de petróleo cru, investimentos na geração de energia elétrica em consórcio com as fontes primárias não fósseis e desenvolvimentos de novos produtos para aproveitamento de carbono, desenvolvimentos de biocombustíveis, petroquímicos e fertilizantes. O plano estratégico deve buscar a integração vertical e nacional da Petrobrás, com a garantia da perenidade da empresa. A Petrobrás deve objetivar o abastecimento nacional de combustíveis, biocombustíveis, energia elétrica, petroquímicos e fertilizantes, aos menores custos possíveis, e assim promover o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

Assessment of the Extra Capacity Required of Alternative Energy Electrical Power Systems to Completely Replace Fossil Fuels - Simon P. Michaux - GEOLOGICAL SURVEY OF FINLAND -https://tupa.gtk.fi/raportti/arkisto/42_2021.pdf

(*) Julian Allwood - Technology will not solve the problem of climate change - https://www.ft.com/content/207a8762-e00c-4926-addd-38a487a0995f

Direção da AEPET —Associação dos Engenheiros da Petrobrás

Janeiro de 2022

Lucélia Santos: "Espero que o Lula ganhe no primeiro turno, vamos lavar a bandeira do Brasil"

Terça, 1º de janeiro de 2022

Neste ano, a atriz vai apresentar espetáculo teatral sobre a vida de Chico Mendes. Obra faz parte das comemorações de 50 anos de carreira de Lucélia Santos - Gleilson Miranda/Secom

Atriz completa 50 anos de uma carreira marcada por sucessos e comemora com peça sobre legado de Chico Mendes

Rádio Brasil de Fato
José Eduardo Bernardes —01 de Fevereiro de 2022

Chico Mendes foi a maior liderança socioambiental do Brasil, não surgiu ninguém no lugar dele

Lucélia Santos tem uma carreira marcada por sucessos, no Brasil e no mundo. São cerca de 15 novelas e quase 30 filmes - sem contar as minisséries, os especiais de TV e as peças teatrais - que marcaram gerações de telespectadores, em uma época onde o entretenimento era determinado, quase exclusivamente, pelas produções televisivas.

Em 2022, Santos comemora 50 anos de carreira e segue, segundo ela, “passional e visceral”. Estão no roteiro das festividades uma exposição, um livro de fotos e uma peça teatral sobre uma das principais áreas de atuação da atriz, a causa socioambiental. A montagem aborda a vida do líder extrativista Chico Mendes.


A obra é baseada em uma longa entrevista que a atriz fez com Mendes no final da década de 1980, antes de seu assassinato em Xapuri, no Acre.

“[Mendes] é uma liderança dos povos da floresta, um extrativista, um seringueiro, um homem que aprendeu a ler com 19 anos de idade e foi uma liderança que apresentou ao Brasil um projeto de reforma agrária para a Amazônia, que é o melhor até hoje”, explica Lucélia Santos.

“E a melhor maneira de manter viva essa lembrança é usando como instrumento o meu corpo e o meu trabalho de atriz, a minha voz”, completa. De acordo com Santos, esse material nunca foi revelado a ninguém.

A atriz, convidada desta semana no BDF Entrevista, fala ainda sobre o estrondoso sucesso de Escrava Isaura, uma das mais prestigiadas telenovelas do mundo, sobre a televisão brasileira, o fenômeno das redes sociais e as eleições presidenciais deste ano.

Live com Negodai e o maestro Roberto Farias é nesta terça 1º de fevereiro às 20 horas

Terça, 1º de fevereiro de 2022

ViolãoComRobertoFarias no Instagram será hoje, terça-feira (1º de fevereiro), às 20 horas.


TEM NEGO DAI!! IMPERDÍVEL!!!

Negodai cantor, compositor, produtor, escritor/poeta. Brasiliense, original do Gama-DF, nasceu em 12 de Março de 1976. Começou na música em 95 como cantor em bandas da igreja e corais locais. Estudou música em oficinas, em escolas particulares e com professores da escola de música de Brasília. Com as mais variadas influências Negodai passou a compor material próprio. Gravou o álbum “Uma Parte de Mim”, produzido por Juninho Di Sousa com a participação de grandes nomes da nossa música como, Marcelo Martins (metais), Arthur Maia (baixo), Marcos Farias (acordeon), Mauro Henrique (Back vocal). Participou em shows no Clube da Bossa Nova, Brasília-DF e dos projetos musicais “Encanta Brasília”, “Festa da MPB”, “Temporadas Culturais - Duetos”, “Uma parte de Mim - show autoral”, “Sentidos - Uma Parte de Mim- show autoral”, “Show da solidariedade”, “Temporada de barzinhos” e “Quintal do Nego”. Como escritor/poeta tem publicações no livro “Um Gama de poesias”- coletânea de poesias com nove poetas da cidade do Gama-DF. Atuou como ator nos curtas metragens: Roda da Fortuna e o Livro das Horas.

Não dá pra perder, né? Vamos assistir.

PANDEMIA —Rio de Janeiro tem aumento de 181% nos casos de covid-19 em janeiro, mas vacina freia óbitos

Terça, 1º de fevereiro de 2022

Secretaria estadual de Saúde afirma que ampliou a capacidade de testagem para a covid-19 - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após alta de casos da variante ômicron, capital pode ter chegado a um platô, afirma secretário Daniel Soranz

Redação
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) 

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro informou, nesta segunda-feira (31), que o estado teve no mês de janeiro um aumento de 181% nos casos registrados de covid-19 em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados estão na 66ª edição do Mapa de Risco da Covid-19.

Apesar do número de casos em janeiro deste ano, o número de internações é 78,9% menor, e o número de óbitos, 1.078% menor. Os dados demonstram a eficácia da vacinação. Em janeiro de 2021, foram registrados 86.731 casos, 8.797 internações e 4.146 óbitos. Já de 1º a 27 de janeiro deste ano, foram notificados 243.756 casos, 1.849 internações e 358 óbitos.