Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Lei 780 subiu no telhado

Quarta, 11 de novembro de 2009
Certa vez a mãe de uma moça que morreu despachou um mensageiro para ir até a capital dar a notícia da morte às outras filhas. Chegando ao destino  o mensageiro foi logo avisando: “A irmã de vocês morreu de mal súbito ontem pela manhã”. Foi um Deus nos acuda. As irmãs que moravam na capital tiveram desmaios, crise de hipertensão, pararam no hospital.
Uma das irmãs da falecida reclamou com o mensageiro do modo como ele deu a notícia. Notícias ruins devem ser dadas com cuidado, disse ela ao mensageiro. “Se morre o gato de uma criança, primeiro você deve dizer que o gato subiu no telhado. Mais tarde você diz que o gato deu uma escorregada em cima do telhado. Adiante diz que o gato se desequilibrou e caiu do telhado. E apenas mais tarde é que você deve dizer que o gato morreu.” Com a lição aprendida o mensageiro volta ao interior.
Um mês depois ele retorna à capital. Ao entrar na casa em que um mês atrás havia estado, encontra aquelas irmãs na sala. E começou de chofre: “A senhora mãe de vocês subiu no telhado...”
Toda essa historinha é pra dizer que ontem à tarde, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a Lei 780 de 2008, da lavra do governador Arruda, do deputado cabo Patrício, do deputado Wilson Lima e de mais 18 deputados, subiu no telhado. Começou o julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADINs) que requerem a anulação da Lei 780/2008, e isso desde o início da sua vigência.
O julgamento, porém, foi suspenso em razão do pedido de vistas de um dos desembargadores, devendo prosseguir nos próximos dias.  Mesmo com o voto do relator do processo sendo no sentido de dar validade à lei, a maioria dos desembargadores que já se manifestaram foi pela inconstitucionalidade da 780/2008. Setenta e cinco por cento dos desembargadores que ontem externaram suas posições foi pela inconstitucionalidade da Lei 780/2008.
É, a lei da destruição das áreas verdes e das passagens de pedestres subiu no telhado. Já, já, logo, logo despenca lá de cima. O verde e as passagens de pedestres do Gama agradecem, agradecen pela morte da Lei 780. E o povo do Gama também