Quinta, 1 de novembro de 2012
Por Ivan de Carvalho

As
oposições em âmbito estadual sentem-se estimuladas pela vitória eleitoral nos
dois maiores colégios eleitorais da Bahia – Salvador e Feira de Santana – mas,
com a composição partidária que tem hoje, um mundo ainda a separa do Palácio de
Ondina e mesmo do Senado Federal.
Não
dá para esquecer que o amplíssimo arco partidário construído para apoiar o
governo Jaques Wagner, reforçado pela caça a aliados na preparação da campanha
eleitoral para as eleições de prefeito da capital, tem imenso potencial
político e eleitoral.
A liga que mantém esses
partidos todos na aliança governista é forte, constituída pelo poder do governo
estadual somado ao poder do governo federal, ambos sob comando do PT.
Permanecendo tão ampla aliança em 2014 na Bahia, difícil será às oposições
estabelecer uma batalha eleitoral equilibrada.
É claro que na política as
certezas de hoje, da mesma forma que podem continuar sendo as certezas de
amanhã, podem também transformar-se em incertezas e até em certezas contrárias.
Podemos imaginar que a
situação da política nacional, que estará muito voltada para a sucessão
presidencial e a renovação no Congresso, tenha influência na Bahia. Além disso,
outro dado sobre o qual não há certeza diz respeito à economia nacional,
sujeita aos trancos que afligem a economia e as finanças globais. A situação da
economia em 2014 terá, naturalmente, influência nas disposições do eleitorado e
dos partidos e, portanto, nas eleições federais e estaduais. E também o
desempenho do governo estadual nos próximos dois anos. Esses fatores têm a ver
com a integridade da base política do governo estadual.
Tudo isso apenas para
assinalar que existe hoje uma situação dificílima para a oposição baiana, mas
também que tal quadro pode se modificar de modo significativo – ou não, como
diria Caetano Veloso.
Há detalhes interessantes no
quadro existente, do lado governista (PT e aliados). É que ficou tão amplo o
arco de alianças que, até certo ponto, os jogos de poder deixam de ocorrer
quase que exclusivamente entre situação e oposição – como seria normal dentro de
um quadro de razoável equilíbrio de forças – para serem jogados com intensidade
e frequência também no interior do sistema governista de forças.
Isso também poderia ocorrer
dentro de um partido hegemônico ou único, como era o modo de ser dos partidos
comunistas. Mas o fenômeno pode também atingir, com mais facilidade, uma ampla
aliança de partidos e lideranças. Uma demonstração disso dá o governador Jaques
Wagner quando diz que é cedo para discutir as eleições de 2014, especialmente
para governador, pois existem vários nomes de aspirantes na sua base política.
Realmente existem. Há
candidato declarado, pelo menos um, o presidente da Assembléia Legislativa,
deputado Marcelo Nilo. Existem também os não declarados, mas ostensivos, caso
do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, do PT e o também petista José Sérgio
Gabrielli, além dos não ostensivos, mas notórios – Rui Costa, do PT, Otto
Alencar, vice-governador e presidente do PSD. Todos, se confessam suas
pretensões, condicionam a implementação da respectiva candidatura ao apoio
(concordância) do governador Jaques Wagner.
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.