Sexta, 30 de novembro de 2012
De Monica Yanakiew
Para a Agencia Brasil
Para a Agencia Brasil
Lima – O Paraguai criticou energicamente a decisão dos presidentes
da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) de manter a suspensão do
país, em vigor desde a destituição do então presidente Fernando Lugo, em
junho passado. Em um comunicado, emitido nesta sexta-feira (30), tão
logo terminou a sexta reunião de cúpula da Unasul, o Ministério de
Relações Exteriores paraguaio classificou a decisão como uma
“perseguição sistemática” do bloco regional e anunciou que iniciará uma
campanha para torná-la pública, mobilizando todas as suas embaixadas.
Na véspera, os chanceleres do bloco regional ouviram o relato do
coordenador do Grupo de Alto Nivel da Unasul, o peruano Salomon Lerner
Ghitis, que esteve no Paraguai na semana passada, para averiguar o
andamento do processo eleitoral. Eles decidiram manter a suspensão do
Paraguai até as eleições presidenciais (previstas para 21 de abril de
2013), que serão acompanhadas por uma missão da Unasul.
“Os chefes de Estado homologaram hoje [sexta-feira] a decisão dos
chanceleres de estabelecer que a Unasul acompanhará este processo, para
que haja uma plena reincorporação do Paraguai a partir de uma
constatação de que foi reestabelecida a plena vigência da democracia no
Paraguai”, disse em entrevista o chanceler Antonio Patriota, ao final da
reunião de cúpula. Segundo ele, a situação do Paraguai será
“reexaminada a partir das eleições”.
O governo paraguaio reagiu à noticia apontando motivações políticas
da Unasul para manter a suspensão. Um comunicado oficial do Paraguai
critica a decisão, que, segundo a nota, já tinha sido tomada antes mesmo
das reuniões de chanceleres e presidentes em Lima e citou declarações
do assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência do
Brasil, Marco Aurélio Garcia, feitas na quarta-feira (28), na Argentina.
“A decisão da Unasul não causou surpresa alguma ao governo do
Paraguai, ainda mais porque foi anunciada previamente pelo assessor
especial de Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil,
constituído em porta-voz ad hoc da Unasul, que declarou, antes
de escutar o relato do coordenador de seu próprio Grupo de Alto Nível,
que a Unasul não vai dar marcha atrás na suspensão”, diz o comunicado
paraguaio.
Tanto o Mercosul quanto a Unasul suspenderam o Paraguai depois que o
Congresso destituiu o então presidente Fernando Lugo, cujo mandato
terminaria em abril do ano que vem. Apesar de o impeachment estar
previsto na Constituição paraguaia e de a grande maioria dos
parlamentares terem condenado Lugo por mau desempenho de suas funções, a
velocidade do processo foi criticada pelos governos da região. Lugo
teve apenas duas horas para se defender, antes de ser substituído por
seu vice, Federico Franco.