Domingo, 18 de novembro de 2012
Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Desde 1995, a legislação brasileira reconhece o
direito de crianças e adolescentes hospitalizados ao acompanhamento
pedagógico-educacional. É obrigação dos sistemas de ensino e de saúde
municipais e estaduais organizar o atendimento educacional especializado
para estudantes impossibilitados de frequentar as aulas por motivos de
saúde.
De acordo com profissionais da área, passados 18 anos, a classe
hospitalar - nome da modalidade de ensino que possibilita esse
aprendizado nos hospitais - ainda não se tornou realidade para a maioria
das crianças e adolescentes com doenças crônicas.
Para a coordenadora do Núcleo de Apoio a Projetos Educacionais e
Culturais, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do
Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Magdalena Oliveira, a
classe hospitalar ainda “engatinha” no Brasil, sobretudo no preparo dos
professores.
“A rede hoje precisa de uma estrutura mais ampla para atender essas
crianças de forma mais integral. Falta tempo para o professor estudar. A
grande maioria dos cursos é paga e a classe é absolutamente
discriminada, com um dos piores salários do país. Faltam professores
para dar uma atenção diferenciada a essas crianças e adolescentes,”
disse.
Na capital fluminense, dez hospitais contam com o apoio de
professoras municipais, resultado de parcerias da prefeitura com as
instituições de saúde.
O governo do estado do Rio informou que ainda não oferece classe
hospitalar, mas que o projeto está sendo discutido na secretaria de
Educação.
O Ministério da Educação não soube informar o número de hospitais no
país que oferecem classe escola. Por meio de nota informou apenas que o
atendimento em classes hospitalares é ação intersetorial organizada
entre as secretarias de Educação e Saúde de cada estado ou município,
conforme demanda existente
Dados do Censo 2010 mostram que o Brasil tem hoje mais de 45 milhões
de pessoas com algum tipo de deficiência: quase um quarto do total da
população. Não existem dados específicos sobre doenças crônicas, de
acordo com médicos da área.