Sexta, 9 de novembro de 2012
  
   
    
               
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Movimento Mães de Maio quer investigação federal para o
 aumento do número de assassinatos no estado de São Paulo, especialmente
 na capital. “Há a necessidade muito grande de uma equipe federal para 
acompanhar o desenrolar das investigações sobre os assassinatos dos 
civis”, disse a coordenadora do movimento, Débora Maria da Silva. Ela se
 reuniu ontem (8) à noite com representantes de outros movimentos 
sociais para definir formas de cobrar das autoridades uma solução para o
 problema.
O balanço da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo indica 
aumento de 96% no número de homicídios na capital em setembro, em 
comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 135 casos de 
homicídios, enquanto em 2011 foram registrados 69 casos. No acumulado de
 janeiro a setembro, a alta foi 22% na capital, com 920 casos de 
homicídios. Em todo o estado, no mesmo período, o aumento foi 8%.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil nos 
últimos dias apontam como causa principal da violência uma guerra entre a
 Polícia Militar e a facção criminosa que atua nos presídios paulistas. 
Detentos estariam comandando ataques contra policiais, o que já resultou
 no assassinato de 90 membros da corporação desde janeiro. As mortes de 
civis seriam uma forma de vingar esses assassinatos.
O convênio firmado esta semana entre os governos federal e estadual 
para tentar conter o aumento da violência em São Paulo foi alvo de 
críticas durante a reunião. Segundo Débora Silva, em nenhum momento o 
convênio fala sobre os cidadãos comuns que estão morrendo.
Na parceria, foi acordada  a criação de uma agência integrada de 
inteligência para combater a violência no estado. Além disso, ficou 
acertada a transferência de criminosos acusados de ordenar a morte de 
policiais para presídios federais de segurança máxima em outros estados.
Para Débora Silva, que acompanha as mortes em confronto com 
policiais e a atuação de grupos de extermínio desde 2006, há 
envolvimento de policiais nessas ações e, por isso, a investigação 
federal é importante. “Existem grupos de extermínio, existem milicianos 
muito bem aparelhados dentro dos batalhões”, sustenta.
A educadora Fabiana Ivo, da Rede de Educação Cidadã (organização que
 trabalha em bairros periféricos), diz que tem sido observado um aumento
 significativo de mortes de jovens nas periferias, muitos sem 
envolvimento com o crime. “A gente tem trabalhado com levantamentos nos 
distritos do Campo Limpo, Jardim São Luís, Jardim Ângela e Capão 
Redondo. Dentro desses distritos temos recebidos informações sobre 
jovens, de 13 a 29 anos, que estão desaparecendo”, acrescenta.
Segundo Fabiana Ivo, nos últimos 15 dias pelo menos cinco jovens 
desapareceram. Ela conta ainda que seu primo foi alvo de um atentado em 
um bar na madrugada de quarta-feira (7) em Diadema, no ABC Paulista. Na 
ocasião, dois homens em uma moto atiraram contra todas as pessoas que 
estavam em frente ao estabelecimento. O primo de Fabiana foi atingido no
 braço.
Procurada pela Agência Brasil, a Polícia Militar do
 Estado de São Paulo respondeu que o grupo deve formalizar a denúncia na
 Corregedoria da instituição, para que possa ser apurada.
 
 
 
