Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Repórter Agência Brasil
Parlamentares e cidadãos baianos prometem agir para impedir
que toneladas de resíduos industriais tóxicos – há décadas armazenados
pela empresa multinacional Rhodia em terrenos de Cubatão (SP), sejam
transportados e queimados em Camaçari, na região metropolitana de
Salvador (BA).
Após a Agência Brasil divulgar,
nesta terça-feira (20), com exclusividade, que o Instituto de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia e a Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo autorizaram o
envio de toneladas de material contaminado por substâncias
organocloradas como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o
hexaclorobenzeno para serem incineradas pela empresa de soluções
ambientais Cetrel Lumina, as manifestações de repúdio à decisão vêm
ganhando corpo.
Em Camaçari, além dos alertas e campanhas compartilhados entre usuários
de redes sociais, os vereadores do Democratas, Antonio Elinaldo e
Manoel Jorge Curvelo, prometem entrar, ainda hoje (22), com uma
representação junto ao Ministério Público estadual para impedir o envio
do material à Bahia.
“É uma falta de responsabilidade com a população permitir que este
produto venha para Camaçari, que já tem tantos problemas de saúde”,
disse Elinaldo, indiferente às manifestações dos órgãos ambientais
baiano e paulista, que garantem que a operação só foi aprovada após a
Cetrel Lumina ter realizado testes de queima de provas do material,
comprovando a eficácia do incinerador para eliminar integralmente
qualquer resíduo que ofereça risco à população.
“A população não vai ter ganho nenhum com isso e nem é obrigada a
correr riscos, que existem. Temos exemplos comprovando que estes
produtos causam danos [à saúde e ao meio ambiente]. Vamos verificar
porque trazer esse material para a cidade, ao invés de queimá-lo em São
Paulo mesmo”, disse Elinaldo, por telefone, a Agência Brasil.
Os testes de queima realizados pela Cetrel foram, segundo a Cetesb e o
Inema, uma exigência do Ministério Público estadual para que o
transporte e a queima fossem autorizados. Em 2003, a Rhodia já havia
obtido o aval dos órgãos ambientais oficiais para transportar e
incinerar parte do material contaminado que está armazenado em São
Vicente. A Rhodia chegou a enviar para Camaçari 3,6 mil toneladas do
lixo tóxico, mas, em fevereiro de 2004, o juiz Ricardo D'Ávila, da 5ª
Vara da Fazenda Pública da Bahia, proibiu a continuidade da operação.
Ao discursar, ontem (21), na Assembleia Legislativa, a deputada
estadual Luiza Maia (PT) também prometeu recorrer à Justiça para impedir
que o material contaminado seja incinerado em Camaçari.
“Atenção ambientalistas de Camaçari. Não vamos aceitar o lixo químico de São Paulo. Todos à luta: revogação da licença do Inema já!", escreveu a deputada no twitter, antes do início da sessão na assembleia.
“Atenção ambientalistas de Camaçari. Não vamos aceitar o lixo químico de São Paulo. Todos à luta: revogação da licença do Inema já!", escreveu a deputada no twitter, antes do início da sessão na assembleia.
O deputado Bira Corôa (PT) também se pronunciou contra a iniciativa,
durante a sessão de ontem da Assembleia Legislativa. Ele afirmou que a
queima dos resíduos da Rhodia são uma ameaça não só para a população de
Camaçari e região, mas também para as cidades por onde vão passar os
caminhões nos quais o material vai ser transportado. "Convocamos a
sociedade civil para começar uma campanha contra esse absurdo, que
atenta contra a saúde pública e o meio ambiente”, conclamou Corôa. No
twitter, o deputado sustentou que a queima do material é proibida no
estado de São Paulo porque o estado adota limites mais restritivos de
índices de emissão de poluentes junto à fumaça resultante da queima.