Quarta, 6 de julho de 2016
Vladimir Platonow - Agência Brasil
Um grupo de seis jovens foi preso pela Polícia Militar (PM), após
o encerramento de um protesto pacífico de diversas categorias, nesta
quarta-feira (6), na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. O
fotógrafo Cauê Paloni, do coletivo Democratize, foi preso ao registrar a
prisão de um manifestante.
Eles
foram levados para a 5ª Delegacia de Polícia, na Lapa, e depois
transferidos para a Cidade da Polícia, para serem ouvidos. De acordo com
a fotógrafa Bárbara Dias, que faz parte do mesmo coletivo, Cauê estava
fotografando a prisão de um dos manifestantes quando recebeu voz de
prisão.
“Estávamos fotografando a abordagem de um rapaz que tinha
sido autuado e estava sendo levado para a delegacia. Aí o policial
disse que nós não podíamos estar fotografando e partiu para cima da
gente, mandando parar de fotografar. O Cauê estava com uma [câmera
esportiva] Gopro e acabou preso", disse Bárbara.
O comandante do
5º Batalhão de Polícia, tenente-coronel Maurício Silva, esteve na
delegacia e disse que um dos rapazes foi preso por estar depredando
patrimônio público e que o fotógrafo foi preso por “atrapalhar a
prisão”. Os jovens foram assistidos pela advogada Eloisa Samy, que iria
se pronunciar somente após ouvir a versão dos dois.
A manifestação
O
protesto começou por volta das 16h, reunindo diversas categorias,
incluindo professores, profissionais de saúde e metalúrgicos. Também
atraiu diversos jovens mascarados, a maioria estudantes secundaristas.
A
integrante do Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino do Rio de
Janeiro (Sepe), Cecília Braz, do núcleo de Barra Mansa, reconheceu que
há risco dos estudantes perderem o ano letivo, após quatro meses de
greve, que teve continuidade aprovada em assembleia nesta tarde.
“Se
perdermos o ano letivo, será um ano que vamos lutar para resgatar, pois
é profundo o descaso com a escola pública. Quando os alunos ocuparam as
escolas, eles mostraram o quanto está deficiente a educação no Brasil. A
nossa luta é justa, pois estão nos tirando um direito sagrado, que é o
salário. E se a gente não luta, nossa situação vai piorando cada vez
mais”, disse Cecília.
A
presidente do Sindicato dos Professores da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (Uerj), Lia Rocha, disse que a instituição está em greve há
quatro meses, por melhorias salariais e de infraestrutura.
“Este
ano a nossa universidade não recebeu nenhum investimento por parte do
estado. O restaurante está fechado e não tem ninguém para fazer a
limpeza. Estamos em uma greve unitária, reunindo técnicos, alunos e
professores”, disse Lia.
O metalúrgico Wanderson Oliveira faz
parte de um grupo de trabalhadores que perderam o emprego quando o
Complexo Petroquímico da Petrobras (Comperj), em Itaboraí, paralisou as
obras, devido aos escândalos de corrupção na estatal. “Estamos
reivindicando a retomada das obras do Comperj. Não aguentamos mais esta
situação. São mais de 7 mil chefes de família desempregados. Vamos parar
o Rio de Janeiro se for preciso”, disse Wanderson.
O protesto
foi oficialmente encerrado por volta das 18h, em frente à prefeitura, na
Cidade Nova. Porém, um grupo de manifestante decidiu regressar pela
Avenida Presidente Vargas, em direção à Central do Brasil, quando foram
houve a abordagem e as prisões por parte da PM.
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