Do SindMédico
Em mais uma visita do SindMédico-DF à UPA, caos e desassistência permanecem. Sindicato cobra solução por parte da gestão de Saúde e do governo.
Dois dias após a primeira visita da
semana, o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF)
voltou à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia na noite desta
quinta-feira (18) e nada mudou. Pelo contrário. Os problemas são os
mesmos e a situação apenas se agrava a cada dia. Continuam faltando
medicamentos. O aparelho de Raio-X ainda está quebrado e não há, para a
atual demanda, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem
suficientes. Muito menos leitos.
A sala vermelha da UPA de Ceilândia foi
transformada, à força, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Pessoas em estado grave, que precisam ser removidas para hospitais,
passam dias no local, sem qualquer previsão de quando terão atendimento
digno. Não há vagas na rede pública do Distrito Federal. Por conta
disso, segundo funcionários, muitos chegam a morrer. Mortes evitáveis.
Isso porque não há estrutura na unidade: continuam faltando pontos de
oxigênio, desfibriladores e antibióticos, por exemplo.
No dia 13 deste mês, uma médica relatou
no registro de ocorrência da UPA de Ceilândia que dois pacientes da sala
vermelha foram a óbito por total falta de estrutura. “Não havia dois
desfibriladores nem duas pranchas rígidas para reanimação. Não havia
monitor para ambos e nem medicação suficiente no carrinho para suprir a
necessidade de duas paradas cardíacas respiratórias simultâneas”.
Sem suportar mais a situação e abalada
com as cenas diárias de descaso na UPA, a médica concluiu o relato do
seu plantão no dia 13: “a equipe que aqui trabalha se esforça para fazer
o melhor. Mas, sem as condições mínimas necessárias, os pacientes
continuarão a serem trazidos para cá para morrer e não quero presenciar
essa chacina”.
Na porta da UPA, mesmo à noite,
pacientes agonizam na recepção. Do lado de dentro, três médicos se
esforçavam para lidar com a demanda de 52 pessoas precisando de
atendimento. “É humanamente impossível. Especialmente porque não temos
estrutura para os pacientes graves. Inverteram a lógica. A UPA, de porta
de entrada, virou referência. E não há estrutura, nem física nem de
humana, para isso aqui”, desabafou um servidor da unidade. “Não dá para
escolher quem vamos salvar”, concluiu.
Outro servidor, que contou já ter
trabalhado em no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e no Hospital de
Base, assegura: “nenhum hospital do DF se compara ao caos que está aqui.
Há pacientes que vão e voltam, todos os dias, a maioria deles a pé,
porque não temos condições de interná-los para fazer o tratamento
adequado. É triste demais”, afirmou.
Na saída da UPA, após ter concluído a
visita, o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, e o vice,
Carlos Fernando, ambos foram abordados por pacientes que pediam uma
solução. “Estamos, a maioria aqui, há mais de seis horas esperando por
atendimento. E sem água na recepção. Tiraram até o bebedouro daqui. É
uma vergonha”, contaram.
Para
o presidente do SindMédico-DF, a Secretaria de Saúde (SES-DF) e o
Governo do Distrito Federal (GDF) precisam, urgentemente, solucionar os
problemas da UPA de Ceilândia. “Não é possível que o governo não se
sensibilize com o sofrimento dessa população. Não dá mais para esperar”,
disse.
O presidente do Sindicato dos Médicos e o
vice voltarão à UPA de Ceilândia ainda nesta semana para, mais uma vez,
averiguar se problemas relatados nesta segunda visita foram
solucionados pela gestão. O SindMédico-DF continua de olho na UPA de
Ceilândia!