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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Pacientes, comunidade e trabalhadores evitam fechamento do centro obstétrico do HRG

Quinta, 20 de julho de 2017
Do SindSaúde


Por SindSaúde DF
Na manhã de quarta-feira (19), representantes da comunidade, dos servidores — representados pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues e o diretor Regional, Marcos Rogério —, membros do Conselho Regional de Saúde e seu presidente, sr. Enóquio, confrontaram os gestores presentes — dr. Robledo (superintendente Região Sul), Raquel (Diretoria de Atenção Primária à Saúde - DIRAPS), Dr. Macedo (Diretor do HRG) e a sra. Maria Antônia, administradora regional —, contra a decisão dos gestores em fechar o serviço de obstetrícia do Hospital Regional do Gama (HRG). Na oportunidade, foi incluído na pauta da reunião a movimentação arbitrária e injustificada de servidores das unidades básicas de saúde para o HRG.

A reunião foi realizada no auditório do Centro de Ensino Especial do Gama e teve momentos de muita tensão, causados pela intransigência dos membros da cúpula da saúde local em desativar o serviço de obstetrícia, invocando um falso encaminhamento da Conferência de Saúde da Mulher de que o centro Obstétrico deveria ser reformado e se transformar em casa de parto. Conselheiros de Saúde do Gama, do Guará e de outros locais, presentes à reunião, desmentiram esse suposto encaminhamento oriundo da conferência. Segundo eles, não houve essa determinação. 

Reclamaram ainda da forma desonesta com que o GDF vem se apropriando das deliberações do controle social, usando-as como respaldo para maquiar a política de terceirização, marca da atual gestão.
A presidente do SindSaúde destacou que o sindicato não se posiciona contra a casa de parto, porém, pede bom senso. “É preciso manter o centro obstétrico até como suporte para esse serviço seja implementado no futuro. Tanto a mãe quanto o bebê necessitam de atendimentos bem estruturados para lhes dar segurança. A humanização ocorre quando o Estado assegura todas as condições necessárias para a mulher, o bebê e os profissionais de saúde. Lembrando que ter a casa de parto não significa a exclusão do serviço hospitalar", alertou.

Sobre essa manipulação das deliberações emanadas dos órgãos de controle, o presidente Conselho de Saúde do Gama, reclamou. "O Conselho Regional de Saúde do Gama não se omitirá e tampouco será conivente com esse desmantelamento dos serviços, sem um amplo debate com a sociedade e os trabalhadores. Os conselhos não são extensão da gestão", garantiu.

A insatisfação pelo fechamento do serviço Obstétrico foi generalizado. Todos insurgiram contra essa decisão, pois, temem que essa situação que a SES diz ser temporária se torne definitiva, como parte do desmonte intencional realizada no serviço.

Foram dadas muitas sugestões para que a reforma possa ser feita sem paralisar ou transferir o serviço como sempre foi feito. O superintendente dr. Robledo tentou minimizar a situação, informando que ele tinha experiência no assunto e a reclamação era improcedente. Marli Rodrigues refutou duramente o desdém do representante local da SES: "o senhor veio de Brazlândia. Não conhece a história de nosso hospital, de nossos servidores e dessa população aguerrida. Aqui, lutamos pela saúde pública e por serviços de qualidade. Não iremos aceitar que um forasteiro venha destruir o que conquistamos com muito esforço. Se for para insistir nisso, melhor pegar sua mala e voltar para sua Regional de origem!".

Após muito debate, foi deliberado pela plenária que o centro obstétrico não será fechado e que uma comissão será formada para acompanhar a deliberação no CSDF, instância máxima do Controle Social da saúde pública. Vitória da comunidade e dos trabalhadores, que defendem o direito da mulher parir num hospital de referência como o HRG.

"A população do Gama e os servidores não se curvarão a chefias despreparadas que, de modo intencional, querem precarizar os nossos serviços de saúde. Talvez tenham o intuito de dar continuidade ao processo de terceirização, como estão tentando fazer no HBDF. Não conseguirão!", emenda o diretor do SindSaúde Marcos Rogério. 

MOVIMENTAÇÃO DE SERVIDORES VIA WHATSAPP: ASSÉDIO MORAL ESCANCARADO NA SUPERINTENDÊNCIA SUL
Pacificada a questão do não fechamento do centro Obstétrico, foi debatida a questão das movimentações dos servidores da atenção primária para o HRG. AOSD's, motoristas, telefonistas ou outras categorias com restrição laboral estão sendo tratados como "refugo", trabalhadores que sempre serviram para o atendimento estão sendo humilhados e perseguidos.

Alegando cumprir a Portaria 78 e em desconformidade com a deliberação do CSDF sobre implementação das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) — que decidiu pela não-movimentação de nenhum servidor, independente de ter restrição ou não, sem amplo debate —, os gestores da Superintendência Sul vem remanejando servidores sem qualquer formalidade ou acordo prévio. Alguns estão sendo avisados da nova lotação pelo WhatsApp. 

Em clima de muita revolta e inconformismo, os representantes da comunidade e sociedade civil apoiaram a exigência do sindicato e do conselho regional de saúde, no sentido de se debater com transparência esse novo processo pretendido pela SES. Os gestores tentaram convencer os presentes de que não haveria prejuízos para os servidores, tampouco para os usuários dos serviços. 

A presidente do SindSaúde atacou duramente a medida, declarando que "essa "reformulação" é mais um engodo, tirado do baú de mentiras e maldades de Rollemberg. Tirar servidores que estão há mais de 20 anos trabalhando na atenção primária em total sintonia com a comunidade, é só mais uma desculpa para terceirizar. O secretário de Saúde já anunciou que os serviços de laboratório da atenção primária serão terceirizados. E para isso, trata os trabalhadores como refugo, descartando quem já trabalha há tantos anos no setor. Além do flagrante desrespeito, os prejuízos financeiros são significativos. Não assistiremos isso de braços cruzados! "

Após caloroso debate, a plenária deliberou pela manutenção de todos os servidores em suas lotações atuais e pela formação de um grupo de trabalho para debater essa implementação, juntamente com o Conselho Regional de Saúde e o do DF.

Foi lembrado que na terça (18), servidores e o CRSG se reuniram com o sr. Helvecio Ferreira, Ppresidente do Conselho de Saúde do DF (CSDF), que reafirmou o entendimento de que "não haverá referendo à decisões arbitrárias" e que enquanto não forem tornadas sem efeito as movimentações feitas na Superintendência Sul, o CSDF não analisará nenhum requerimento de compra emergencial ou de qualquer natureza a pedido da SES. O intuito dessa medida é mostrar aos gestores que o conselho não é "puxadinho" da SES, segundo Helvécio. 

O SindSaúde continuará participando ativamente de todo o processo, alertando as autoridades de saúde que estão temporariamente à frente da SES de que "o SUS pertence ao povo e os servidores são públicos, não fazem parte do capital político de gestores de ocasião. Acima de qualquer mandatário está a Lei para fiscalizar as ações de saúde. Temos o controle social e as entidades sindicais", conclui Marli Rodrigues. 
Fica o reconhecimento pela postura firme e corajosa de todos os membros do Conselho de Saúde presentes, bem como dos representantes da sociedade civil e associações presentes. O SUS é nosso!! O HRG é do povo do Gama!