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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 16 de março de 2018

A vereadora assassinada; "Tinha que morrer mesmo", disse Bolsonaro

Sexta, 16 de março de 2018
A vereadora assassinada
Por
Helio Fernandes
Na primeira eleição, teve mais de 46 mil votos. Socióloga, se dedicou  a combater o racismo e defender acirradamente o direito das mulheres. Também não amenizava as denúncias contra a corrupção nos órgãos públicos. Principalmente na Polícia Militar, onde a  corrupção é mais sólida e poderosa do que o próprio crime organizado.

Ha 10 dias, Marielle Franco fez discurso violento com esse tema central: "Foi alertada sobre o perigo que corria". Sabia disso mas sabia também do papel importante que representava nessa luta. Mas não queria abandonar o combate.

Quando ela foi dizimada, quem me deu a primeira noticia, foi Ana Carolina Fernandes. Na eleição, não tinha candidato, pesquisou, se fixou em Marielle, votou nela, estava satisfeita. Veio me falar, revoltada e indignada. Os assassinos, seguramente, estão entre traficantes, milicianos e policiais militares.

O general  Braga Netto, que comanda toda a operação, assistiu uma reunião entre policiais civis e policiais militares.

PS- A hostilidade era tão grande, que comentou: "Só falta se matarem".

PS2- Se prender os assassinos da vereadora, vai crescer na opinião publica.

PS3- Ontem um protesto emocionante. No fim da tarde na Cinelândia.

A morte da lutadora

Desculpem, hoje o único assunto, é o fim da vida de uma mulher extraordinária. Não existe mais nada, só olhar para a televisão, ver o que está acontecendo, e liberar minha emoção.

Exatamente 16 horas, a Cinelândia vai sendo dominada por um público, que largou tudo para se emocionar com a morte de quem só queria viver e lutar.

Mas tenho que fazer uma interrupção dentro do próprio assunto, para  registrar a baixaria do capitão Bolsonaro. Ele justificou a morte da vereadora, afirmando:  "Tinha que morrer mesmo". Isso nem  atinge a sua candidatura, que continua inexistente.

Mas chamo a atenção do MP: Bolsonaro e seus acólitos, precisam ser responsabilizados pela defesa do assassinato. Imediatamente.

Comissão especial para o assassinato

Logo cedo, a bancada do PSOL fez o pedido, para a Câmara acompanhar o caso. Rodrigo Maia atendeu imediatamente. Com plenos poderes. Os deputados vão conversar com o MP, para que Bolsonaro seja responsabilizado por apologia do crime.

Se não conseguirem, convocarão membros do MP para a Comissão. Bolsonaro não é só irresponsável. É um criminoso que precisa ser responsabilizado e punido.

PS- A repercussão  foi tão grande que o plenário do STF se manifestou em massa.

PS2- Tratavam de outro assunto, condenaram duramente o assassinato covarde.

Continua o leilão na Câmara

Criaram um troca de 30 dias, para deputados mudarem de partido, sem perder o mandato. Mas logo se transformou em compra e venda, com dinheiro do cidadão – contribuinte - eleitor. Só que não bastava só dinheiro, era também importante a credibilidade de quem comprava.

Por causa disso, aconteceram fatos curiosos, mas não surpreendentes. O MDB, no governo, e sem  constrangimentos em gastar para aumentar a bancada não conquistou um deputado. E ainda está perdendo alguns.

O presidente corrupto e usurpador, veio logo a público, se explicar e justificar: "Prefiro  uma bancada menor, mas fiel e na qual se possa confiar". Nenhum protesto ou discordância.

O PSDB demonstrou notável coerência e convicção. Nenhum deputado saiu da legenda, nenhum entrou.

Até às eleições, continuam 43. Naturalmente, como já aconteceu, 22 de um lado 21 do outro.

Por enquanto, o vencedor desse leilão é o DEM. Tem dinheiro e uma candidatura presidencial.

*Matéria pode ser republicada com citação do autor.
Do Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa.