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(Millôr Fernandes)

sábado, 14 de abril de 2018

No rumo da inadimplência, o mundo deve o dobro do que produz a cada ano

Sábado, 14 de abril de 2018
Da Tribuna da Internet
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Charge do Adão Iturrusgarai (Arquivo Google)
 Pedro do Coutto
Como disse em artigo anterior, o repórter Sérgio Tauhata revelou na edição de quarta-feira do Valor, 12 de abril, que a dívida global dos países do mundo, incluindo e populações atinge a soma estratosférica de 237 trilhões de dólares, de acordo com os dados do Instituto de Finanças Internacionais. Para se dimensionar esse valor enorme, basta compará-lo com o Produto Bruto Mundial, que em 2017 oscilou em torno de 100 trilhões de dólares, em números redondos. O montante da dívida explica as razões da concentração de renda do planeta, com destaque para o caso do Brasi,l objeto de reportagem de Cássia Almeida, O Globo de quinta-feira.
Se calcularmos o efeito dos juros anuais sobre a dívida mundial global, vamos nos deparar com outra soma assombrosa. Se a média anual de juros fosse a adotada pelos EUA teríamos a incidência da taxa de 1,5% em cima dos 237 trilhões de dólares, o que significaria aproximadamente 6 trilhões de dólares a cada doze meses. O PIB do Brasil é de 6,6 trilhões de reais o que aproximadamente significa 2 trilhões de dólares.

PROPORCIONALIDADE – Nesse ponto destaca-se uma proporcionalidade  O Brasil produz por ano 6,6 trilhões de reais, e tem uma dívida interna bruta de 4,5 trilhões de reais. Os EUA possuem uma dívida interna de 3 trilhões de dólares, o que representa apenas 15% do PIB do país.  Assim, enquanto a relação dívida interna-produto bruto, nos Estados Unidos é de 15%, a relação no Brasil é de mais de 70%. Esse resultado acentua ainda cores mais fortes ao impulso concentrador da renda em nosso país. E tal processo, como Cássia Almeida acentuou, atinge sobretudo os mais pobres.
E, a meu ver, o ciclo só poderá ser rompido a partir do momento em que a renda do trabalho poder ser reajustada acima da taxa inflacionária, enquanto a renda atribuída ao capital financeiro estivesse empatando com índice de inflação. Mas tal condição é impossível de ser alcançada, uma utopia que atravessa os milênios e que vai muito além dos 2018 anos da era cristã.
FACE SOCIAL – Jesus Cristo, maior figura da humanidade, dividiu o tempo entre antes e depois dele. Deixou uma mensagem eterna no sentido de valorizar o ser humano. Suas palavras, assim, permanecem eternamente atualíssimas. Mas a face social do mundo é outra questão.
O fato predominante na realidade é o esforço não muito aparente de concentrar a renda e não  distribui-la pelo menos em 1% a/a. Este ponto de vista, claro, contraria a mão de tigre do mercado pesando sobre o destino do planeta. O pesquisador francês Thomas Piketti, na sua obra “O Capital no Século XX”I focaliza o tema e critica o peso do capital financeiro na problemática social.
LEIS DO MERCADO? – É curioso verificar-se que a elite dos economistas refira-se sempre às leis do mercado. Percebe-se que se trata do mercado financeiro, mais do que atividade econômica produtiva de alcance mais amplo.
É isso. Aproveito para agradecer o comentário-artigo de Flávio José Bortoloto neste site, edição de quinta-feira.