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(Millôr Fernandes)

domingo, 30 de setembro de 2018

#ELE NÃO. Movimento toma as ruas e a sua ampliação por trabalhadores, negros e índios pode abrir caminho para uma aliança antifascista no segundo turno

Domingo, 30 de setembro de 2018
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(Da equipe do blog) - Iniciado, pelo que informa a imprensa, por um núcleo de apenas 30 mulheres, que trabalharam, replicando as táticas da extrema-direita, principalmente com as redes sociais, usando o Facebook e o WhatsApp, o movimento #Ele Não transformou-se, com as manifestações de ontem no Brasil e no exterior, no maior fenômeno político das eleições até agora, abrindo caminho para a criação, pelos próprios cidadãos, de uma ampla aliança democrática antifascista para o segundo turno, com o intuito de impedir a ascensão, neste país, de um governo autoritário, violento, racista, preconceituoso, armamentista, misógino, inquisitorial, retrógrado e medieval a partir do dia primeiro de janeiro do ano que vem.

Resta saber agora se a bem sucedida estratégia das mulheres brasileiras será adotada por outros grupos sociais que estão sendo ameaçados por essa perspectiva.

Como os jovens, os trabalhadores - vide declarações em defesa do fim do décimo-terceiro e do ECA, entre outros absurdos recentes - os negros e os índios, com a criação de suas próprias comunidades no Facebook, a adoção do mesmo slogan e a realização, depois  de marchas setoriais, de manifestações conjuntas no segundo Turno.

Do ponto de vista tático-eleitoral, duas grandes ameaças pairam sobre a democracia brasileira.

A primeira, representada pela parte mais canalha da elite, responsável em grande parte pelo país ter chegado onde chegamos, que ameaça lavar as mãos como Pilatos no segundo turno ou que já acena pura e simplesmente com a previsível e abjeta adesão a um governo liberticida que tem tudo para destruir a democracia.

Fazendo isso - repetindo o mesmo erro histórico de sempre - como fez a burguesia alemã às vésperas da ascensão de Hitler ao poder, achando que seus  interesses seriam protegidos, quando a preservação da liberdade precede e é o pressuposto maior de qualquer perspectiva de paz, da oportunidade e da prosperidade.

E a segunda, o  voto nulo e branco (nada a ver com a  cor da pele dos candidatos em pauta) que na ponta do lápis, na reta final deverá beneficiar o fascismo, cujos seguidores seguem seus sonhos de brutalidade, estupidez e violência com viseiras presas às orelhas e uma cega, surda e canina fidelidade.      

Só a mobilização maciça de trabalhadores, negros, índios, e outros grupos sociais, debaixo do mesmo slogan suprapartidário do  #Ele não pode provar que a opção pelo lado escuro da força não é majoritária na sociedade brasileira.

E afastar da opinião pública outras falácias golpistas, como a fantasiosa teoria da carochinha da manipulação das urnas eletrônicas por uma justiça eleitoral que, desafiando o mundo, optou por manter atrás das grades o candidato que desde o início esteve à frente  das pesquisas de intenção de voto.

Impedindo-o, à moda da Gestapo e de países sob despudorado Estado de Exceção, para escândalo de nações democráticas e civilizadas,  até mesmo de dar entrevistas.

Trinta mulheres, multiplicadas em milhares, começaram a mudar o rumo deste país, mostrando como desviá-lo, como boi farreado, da beira do precipício do retrocesso e da ignorância, para onde parecia estar inexoravelmente indo. 

A defesa da Liberdade precisa de mais trinta trabalhadores, trinta artistas,  cientistas, intelectuais, homens, trinta negros, trinta índios.

Alguém se habilita?