Terça, 25 de setembro de 2018
Do Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
A primeira entrevista dada por Jair Bolsonaro após o atentado que sofreu é simplesmente constrangedora. Não fala coisa com coisa nem mostra a mínima capacidade de distinguir seus delírios da realidade objetiva. Reparem:
"Acredito que ele [Adélio Bispo de Oliveira] não agiu sozinho. Ele não é tão inteligente assim, não. A tendência natural de um ato como aquele é ele ser linchado. Então ele foi para cumprir a missão quase na certeza de que não seria. Não seria como? Sabendo que teria gente ao lado dele".
É a lógica de um louco aplicada a outro louco. Se o sujeito não regula bem e só pensa em tornar-se um herói de folhetim barato, lá pensaria ele no risco de ser linchado? Existe alguma alguma evidência, por mínima que seja, de ele ter recebido ajuda? Se houvesse cúmplices, não tratariam é de dar-lhe fuga? E por aí vai.
O que Bolsonaro parece querer é apenas insuflar um clima golpista, talvez já antevendo que se passar do 1º turno, será esmagado no 2º. As suspeitas infundadas sobre fraude eleitoral foram o primeiro passo, este é o segundo. Quantas outras esquisitices ainda virão por aí (risíveis para pessoas equilibradas, mas um prato cheio para os obcecados por teorias da conspiração)?
A falta de articulação mental é chocante neste outro trecho da entrevista, no qual, inclusive, ele começa a dizer que Adélio Bispo foi à Câmara Federal como parte da montagem de um álibi, mas depois se lembra que isto não passou de mais um boato desmentido, aí volta de novo para o delírio anterior, como se esquecesse de algo tão logo acaba de o afirmar:
"...Não quero que inventem um responsável. Longe disso. Tal partido… não. Mas dá para apurar o caso. Tem uma passagem dele [Adélio] na Câmara. Ou melhor, uma passagem falsa dele na Câmara, no dia 6 de setembro. E quando vai à Câmara, você se identifica, é fotografado. Então quem foi que…? Poderia ter um álibi aí.
A polícia legislativa trabalha com muita lisura. A imprensa também tem que apurar. Você sabe que parte dela tenta acalmar o negócio. O que está em jogo é o poder. Eu chegando lá, nós quebraríamos o sistema. Não é na ignorância, não, é na lei".
O único sistema que um indivíduo desses parece capaz de quebrar é o da saúde mental... dele próprio.
Então, mantenho a dúvida que lancei há 15 dias, no post E se o comportamento bizarro do Bolsonaro for consequência de... insanidade mental?! (vide aqui):
"...tão bizarro seu comportamento — dois dias após quase sofrer morte violenta como possível consequência da violência que prega e exalta há décadas, se fazer fotografar dando tiros imaginários — que não haveria exagero nenhum em suspeitar de que ele possa estar sofrendo de insanidade mental, daí a chocante discrepância entre tal reação e a que qualquer pessoa normal teria".