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(Millôr Fernandes)

domingo, 9 de agosto de 2020

Líderes religiosos e políticos fazem ato ecumênico em apoio à “Carta ao Povo de Deus”

Domingo, 9 de agosto de 2020
do Brasil de Fato

Lideranças manifestaram solidariedade às 100 mil mortes por covid-19 e criticaram a falta de atitude do governo

São Paulo |
 
Diversos líderes, religiosos e políticos criticaram falta de políticas públicas do governo de Jair Bolsonaro para combate à pandemia - Alan Santos - Agência Brasil
Líderes de religiões cristãs, evangélicas, muçulmanas, de matrizes africanas, entre outras, além de artistas, músicos e representantes de movimentos sociais e indígenas reuniram-se neste domingo (9) em ato ecumênico em apoio à “Carta ao Povo de Deus, divulgada por bispos da Igreja Católica em memória as vítimas da covid-19 e pela vida. A manifestação online, organizada pelo Projeto Brasil Nação, foi transmitida pela TVT (TV dos Trabalhadores) e reproduzida pelo Facebook do Brasil de Fato e outros parceiros.

Apresentações musicais, como dos grupos MPB4 e Pau Brasil e da cantora Fabiana Cozza, foram intercaladas com as falas dos convidados, que manifestaram solidariedade aos familiares dos mais de 100 mil mortos pela covid-19, registrados até ontem (8), segundo dados publicados pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
Diversos líderes também posicionaram-se a favor da liberdade, contra opressões, e criticaram a falta de políticas públicas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para o combate à pandemia e o apoio aos mais vulneráveis.
Depoimentos
Em apoio à carta e solidariedade aos mortos pelo coronavírus, o babalawo Ivanir dos Santos relembrou a necessidade da luta contra opressões e a intolerância religiosa. “É necessário que todos nós demos as mãos para fazer uma sociedade melhor. A democracia e as liberdades estão ameaçadas. Nossas casas de candomblé são perseguidas e destruídas pela intolerância. Todos nós temos que estar unidos, sejam cristãos, católicos, candomblecistas, kardecistas, temos que caminhar juntos para construir uma sociedade em que nossas diferenças não nos impeçam de mantermos o diálogo”, pontuou.
Monja Coen também deixou seu depoimento em apoio à carta e manifestou-se pela liberdade e contra opressões. “Temos que tomar atitudes: muitas pessoas estão morrendo, estão sendo abusadas, nossas terras estão sendo devastadas. É tempo de estarmos unidos pelo bem comum, queremos o nosso planeta saudável, queremos o nosso povo respeitado”.
Um dos fundadores do Projeto Brasil Nação, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira explicou como funciona o projeto, iniciado em 2017, e a importância do apoio à carta. Economista e membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile relembrou a atuação do Bispo Dom Pedro Casaldáliga, que faleceu ontem (8), na luta contra a ditadura militar, as desigualdades e pela democracia.
Carta ao povo de Deus
O documento, divulgado em 27 de julho, inicialmente reuniu assinaturas de 152 bispos que criticam "a incapacidade e inabilidade do governo federal" em enfrentar as crises econômica e sanitária que atingem o país. De acordo com os religiosos, essa movimentação não está restrita à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), mas tem encontrado eco em paróquias e igrejas pelo país afora, onde padres reclamam de perseguição política, por conta das críticas feitas ao governo de Bolsonaro nas missas ou em conversas com fiéis. A carta tem recebido apoio de sacerdotes e também de diversos representantes políticos, culturais e de outras religiões. 
Edição: Michele Carvalho