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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 15 de junho de 2022

ELEIÇÕES 2022 —Pesquisa no DF mostra Bolsonaro com metade do apoio que tinha em 2018

Quarta, 15 de junho de 2022
Em quatro anos, Bolsonaro viu seu apoio eleitoral derreter pela metade, segundo pesquisa de intenção de voto divulgada nesta quarta-feira (15) - Agência Brasil

Na capital do país, Lula e atual presidente estão tecnicamente empatados nas eleições deste ano

Pedro Rafael Vilela
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 15 de Junho de 2022 às 12:46

Pesquisa de intenção de votos feita pelo Instituto Opinião Pública, encomendada pelo jornal Correio Braziliense, mostra um empate técnico do ex-presidente Lula com Jair Bolsonaro entre os eleitores do Distrito Federal. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 9 de junho.

O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (15), aponta Lula com 33,9% e Bolsonaro, com 32,8%, isso na pesquisa espontânea, que é quando o eleitor informa diretamente a intenção de voto, sem escolher a partir de uma lista. Ciro Gomes (PDT) aparece com 3,4% e a candidata Simone Tebet (MDB), apoiada também pela federação PSDB-Cidadania, registrou 1,1% da preferência. Sergio Moro (União), embora não seja mais pré-candidato à presidência, é citado por 0,9%.


Na pesquisa estimulada, quando uma lista com nomes é apresentada aos entrevistados, Lula soma 37,3% e Bolsonaro aparece com 34,6% das intenções de votos no DF.

Juntos, Lula e Bolsonaro reúnem 71,9% do eleitorado em Brasília. Já Ciro Gomes tem 7,4% e Simone Tebet, 2,1%. André Janones (Avante) aparece com 1,3%. Em seguida, aparecem Vera Lúcia (PSTU), com 0,6%; Pablo Marçal (Pros), com 0,6%; Felipe d'Avila (Novo), com 0,5%; Leonardo Péricles (UP), que registrou 0,5%; Luciano Bivar (União), com 0,4%; José Maria Eymael (DC), com 0,3%; e Sofia Manzano (PCB), com 0,2%. Cerca de 11,3% responderam que votariam em branco ou nulo e 2,9% estão indecisos.

Para o professor e cientista político Leandro Gabiati, a pesquisa traz duas informações importantes, além da constatação da forte polarização entre Lula e Bolsonaro no DF. Uma delas é a consolidação do voto na capital do país.

"Na pesquisa espontânea, temos números muito parecidos com a estimulada, o que normalmente não ocorre. Isso sinaliza que boa parte do eleitorado, cerca de 60% a 70%, tem seu voto praticamente decidido. Há pouca margem para que um candidato alternativo à Lula e Bolsonaro consiga força eleitoral para competir pela vitória. Claro que pesquisa é uma fotografia do momento, mas mostra um cenário de consolidação do voto", explica.


Também chama atenção o desempenho de Bolsonaro quando se compara com as eleições de 2018. Na pesquisa atual, o presidente que tentará a reeleição tem apenas metade das intenções de voto que tinha há quatro anos.

No 1º turno de 2018, Bolsonaro obteve 58,37% dos votos no Distrito Federal, muito à frente do petista Fernando Haddad, que só obteve apoio de 11,87% do eleitorado, ficando atrás até de Ciro Gomes (16,6%) na capital brasileira. Já no segundo turno, o DF deu uma das votações mais estrondosas para Bolsonaro. Ele recebeu 69,99% dos votos válidos, contra 30,01% de Haddad.

"Quando a gente toma os resultados de 2018, por exemplo, quando Bolsonaro recebeu 69,99% dos votos no DF, no 2º turno, era de se imaginar que uma pesquisa atual o colocaria com alguma vantagem, ainda que menor, mas o que vemos é uma situação bastante diferente. O Lula lidera a pesquisa, embora na margem de erro", analisa.

Para Gabiati, é esperado de um governante que tenta uma reeleição um certo desgaste natural decorrente do exercício do mandato, mas o que a pesquisa demonstra é que esse desgaste está sendo bem significativo na gestão do atual presidente.

"O governo Bolsonaro enfrentou problemas próprios, originados por ele mesmo, e situações de conjuntura, como a pandemia, crise dos combustíveis, inflação, entre outros. Isso criou muita dificuldade".


Edição: Flávia Quirino