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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 20 de julho de 2023

O mau cheiro que exala das privatizações

Quinta, 20 de julho de 2023


A AEPET defende a reversão da venda de todos os ativos da Petrobrás
Publicado em 20/07/2023

Da AEPET —Associação dos Engenheiros da Petrobrás

Nas últimas semanas a AEPET vem publicando diversas matérias e artigos que revelam efeitos deletérios das privatizações realizadas nos últimos sete anos. São contratos com cláusulas draconianas, repasse de tecnologias avançadas e únicas, idas e vindas de altos executivos pelo efeito “porta giratória”, além do repasse da sanha pelo lucro fácil para o bolso dos consumidores.

No que concerne aos ativos vendidos pela Petrobrás, nos últimos 15 dias ao menos três situações nebulosas vieram à tona.

Primeiro foi a revelação de que o fundo investidor canadense Forbes & Manhattan, comprador da Six (unidade processadora de xisto, localizada no Paraná), deu um calote de R$ 140 milhões na Petrobrás, o que levou à paralisação das atividades. Segundo o jornalista Leandro Demori, a compra da Six pelos canadenses teve como principal objetivo apoderar-se de uma tecnologia exclusiva desenvolvida pela Petrobrás — Petrosix — única no mundo, mais eficiente e ecológica para a obtenção de óleo do xisto betuminoso. Além disso, a compradora não tinha técnico necessário para operar a unidade e, por uma “generosidade” do contrato, subcontratou a Petrobrás para manter a planta em funcionamento. Foi este serviço prestado pela Petrobrás e seus funcionários vítima do calote.

Já a Acelen, empresa criada pelo fundo árabe Mubadala, que comprou a refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, Bahia, acusa Petrobrás de concorrência desleal, acionando inclusive o Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade). Desde que assumiu a refinaria, no fim de 2021, a Acelen vem praticando os preços de combustíveis mais caros do Brasil, penalizando os consumidores nordestinos que não são atendidos pelas refinarias da Petrobrás.

Em resposta à acusação da Acelen, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates disse que isso é resultado do isolamento da refinaria e que a empresa é livre para comprar petróleo da Petrobrás, de outros produtores de petróleo no Brasil.

O caso da venda do Polo Potiguar para a 3R Petroleum também está envolto em negociações, no mínimo duvidosas. O início do processo de venda aconteceu quando Castello Branco era presidente da Petrobrás. Embora só tenha sido concluído este ano, já na gestão Prates, a 3R Petroleum agora tem como presidente de seu Conselho de Administração, o mesmo ex-presidente da Petrobrás.

Mas talvez seja o contrato da venda da BR Distribuidora o mais draconiano de todos. Ali ficou firmado que os novos controladores terão direito de usar o nome Posto Petrobrás (BR) por 25 anos! Ou seja, deixando o valioso nome Petrobrás à mercê de uma exposição sobre a qual ela não tem nenhum poder de ingerência.

Por fim, o caso da venda do controle acionário da Eletrobras. Embora a União ainda seja detentora da maior participação, os acionistas minoritários passaram a deter a maioria dos assentos no Conselho de Administração, ficando o governo como mero espectador.

Fica a pergunta: privatizar faz bem para quem?

ENERGIZANDO


Jornalismo AEPET

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Publicado em 20/07/2023

Coutinho: Governo não toma atitudes para recuperar o patrimônio público vendido

"Não temos uma posição da Petrobrás sobre os ativos privatizados. Quanto mais o tempo passa, mais difícil fica recuperar esses ativos"

Veja mais um trecho da entrevista de Felipe Coutinho, engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), para a TV Jovens Cronistas

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