Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

TEATRO BRASIL apresenta “COITADINHO DO GUEDES”

Segunda, 14 de setembro de 2020
Por
Pedro Augusto Pinho

Nossa peça trata da globalização e de seus malefícios, como serão demonstrados com números oficiais, pois neste teatro tudo é verdade. Salvo se o Tesouro e a Receita federais, o Banco Central e o IBGE estiverem cobertos pelo manto diáfano da fantasia.

Deixemos de lado as traições e os interesses que presidiram a redemocratização do Brasil. Iniciemos pelo governo da banca – o sistema financeiro internacional – tão bem assentado que, ao que tudo indica, corrompeu os ínclitos parlamentares que concederam ao presidente em exercício mais um quadriênio. Afinal havia muitos bens brasileiros, um país riquíssimo, para alienação ao capital estrangeiro.
Examinemos as finanças brasileiras em suas relações com o exterior. Fica mais fácil identificar as “perdas internacionais”, expressão correta de Leonel Brizola.

De início, as dividiremos nas transações comerciais e nas financeiras, com valores dos períodos dos oito anos de FHC, de Lula e de Dilma/Temer, confrontando-os com os 18 primeiros meses de Bolsonaro (Guedes).

As transações comerciais são as exportações e importações brasileiras. Nestes períodos houve saldo positivo no comércio exterior, principalmente pelo preço das commodities na primeira década do século XXI, e, recentemente, pelo petróleo cru e pelo minério de ferro necessários à República Popular da China. FHC teve saldo positivo de US$ 66,9 bilhões; Lula US$ 307,4 bilhões, Dilma/Temer US$ 241,5 bilhões e Bolsonaro (ano e meio) US$ 44,8 bilhões.

As operações financeiras são aplicações e retornos dessas aplicações no Brasil, pagamentos de juros sobre empréstimos, amortizações e investimentos no exterior. Os saldos financeiros foram todos e sempre negativos, evasão de divisas. FHC com fuga de US$ 89,1 bilhões, Lula US$ 96,9 bilhões, Dilma/Temer US$ 175,8 bilhões e Bolsonaro US$ 105,3 bilhões (até junho 2020).

Uma conclusão é que Guedes, agindo com especial dedicação para banca, colocou a economia brasileira no buraco. Apenas FHC (déficit de US$ 22,2 bilhões) tivera resultado global desfavorável ao Brasil. Nestes 18 meses, Paulo Guedes já provocou o rombo de US$ 60,5 bilhões, deixando FHC com inveja e na oposição. Foram os saldos positivos de Lula e Dilma que permitiram os programas de transferência de renda para as regiões e pessoas mais carentes, mesmo protegendo os ganhos financeiros.

Estes números já explicam uma razão para o golpe na Dilma, embora colocasse no governo, entre outros, Joaquim Levy e Aldemir Bendine.

O vírus Covid 19 veio apenas fornecer uma explicação para o desastre que já se antevia ao fim de 2019, exceto nas amestradas páginas da mídia comercial.

“Capital Economics”, empresa britânica, criada em 1999 para auxiliar os interesses financeiros, em abril de 2020, portanto antes que o Covid nos mostrasse a pujança de sua ação, já previa a queda de 5,5% no Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de juros Selic, ao fim do ano, atingindo 0,25% a.a.

“Contudo, Guedes continua mantendo o otimismo para os interlocutores do mercado financeiro e insiste em afirmar que a economia brasileira vai apresentar uma recuperação em V”, escreveu, em 24/04/2020, o Correio Braziliense. Recordemos que a primeira morte pelo coronavírus no Brasil aconteceu em 12/03/2020.

Para bem compreender os acontecimentos é conveniente recordar os objetivos e principais recursos da banca.

A banca pretende que todos os ganhos, de qualquer origem, isto é, salário, lucro empresarial, aluguel, tributo etc, sejam convertidos em receitas financeiras. E, dentro do sistema financeiro, se promova a permanente concentração de renda. Deste modo a produção, o verdadeiro e materialmente computado crescimento econômico, não é objetivo. Logo há o decréscimo da produção, o aumento do desemprego, a redução do consumo e a menor arrecadação tributária. Em síntese: a recessão, o retrocesso.

Com a covid em alta, reduzindo consumos, produções, créditos, a economia, como uma das manifestações da sociedade, também perde. Os jornalões, especialmente os de São Paulo, ao colocarem em manchete que Guedes está sendo fritado, que Bolsonaro quer gastar, elevam o já combalido “Teto de Gastos” de Temer ao patamar de objetivo maior da sociedade, e não os cidadãos.

Os bancos já receberam sem qualquer compromisso, ou seja, sem contraprestação de benefícios à sociedade, cerca de dois trilhões de reais, que aplicaram nos títulos do tesouro, resultando em mais dívidas para Nação. Parece até piada, mais o governo (Banco Central) transfere dinheiro para os bancos comprarem títulos do Tesouro Nacional que obrigará o Governo a lhes pagar juros.

Na quinta-feira, 27/08/2020, o Conselho Monetário Nacional (CNN) com a presença de Paulo Guedes, aprovou a transferência de R$ 325 bilhões do Banco Central para o Tesouro a fim de pagar a Dívida Pública Mobiliária Interna. Veja o que já conseguiu o coitadinho do Guedes.

O 1º ato encerra com seis banqueiros devorando avidamente notas de 200 reais, com o seu lobo e tudo mais.

Porém, o que chega à banca é sempre pouco, nossa peça trata da privatização, melhor designada como entrega do controle e bens nacionais para o estrangeiro.

Vimos no 1º ato que a sede e fome da banca são enormes e apenas o Banco Central não consegue saciar. São necessárias emissões após emissões, entregues como os referidos dois trilhões, sem qualquer contrapartida.

Assim, além dos importantes aspectos geopolíticos, surgem as privatizações. Pouco importa que a empresa, como é o caso da Petrobrás, seja altamente rentável, tenha saldo de caixa de até dez vezes mais do que as elogiadas multinacionais – Exxon, Shell, Chevron, BP – e detenha tecnologia, obtida em seu centro de pesquisa e desenvolvimento, que nenhuma outra companhia possui. Ela deve ser privatizada para salvar o Brasil (sic).

E, deste modo, lá se vão nossos minérios, nosso petróleo, nossa indústria, nossa telefonia, nosso território, tudo para que mais dinheiro possa ser entregue aos bancos. E para que estes bancos comprem títulos do Governo, aumentando a dívida que empurrará a taxa de juros, endividando o país, deixando-o na mãos dos bancos. Mágica besta, não é mesmo, respeitável público.

O 2º ato termina com o Brasil num caixão, para ser enterrado, e a banca bebendo champanhe. Fora do palco, Bolsonaro e o coitadinho do Guedes se abraçam efusivamente. Aplauso para os atores.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado.

Publicado no tabloide impressoALTERNATIVA nº 208, Nova Friburgo (RJ), setembro/2020.

domingo, 29 de março de 2020

POR UM PUNHADO DE DÓLARES

Domingo, 29 de março de 2020
Por
Pedro Augusto Pinho

O modelo de sociedade neoliberal não é perverso apenas pela concentração de renda, ou por divulgar que um atleta olímpico, um idoso manco e um menino na primeira infância podem disputar a mesma corrida, em outras palavras, podem competir. Se você contrapõe que só há competição entre iguais, eles colocam todas as pessoas como recém nascidas, onde umas venceram e outras perderam na corrida pela vida. Esquecem, pois não são especialmente ignorantes, os estudos sobre o capital cultural, que as desigualdades são construídas antes mesmo do parto.

Nesta crise, provocada pelo Covid 19, surgem várias reflexões que levam à mais contundente crítica do neoliberalismo. Tanto que, muitos defensores desta selvageria (ou não é uma lei da selva), não tendo como a defender, ressuscitam o comunismo, que nada mais é do que o neoliberalismo (globalizante, ideológico, centralizador, gerenciado por uma burocracia), com a diferença na distribuição do butim, para uns poucos ou para o Estado.

Notícias na televisão dizem que o aparelho respiratório para os infectados, em Nova Iorque, passou de 25 dólares, em janeiro de 2020, para 45 dólares atuais (28/03/2020). E há quem considere simplesmente uma “oportunidade de mercado”, ou seja, a vida humana exige um lucro excepcional para quem a tem sobre controle ou dela pode dispor.

Ouvindo o ministro Paulo Guedes, numa tela onde só há representantes do mercado, nome dado aos especuladores e aproveitadores das finanças desreguladas, fica-se com a impressão monárquica: um suserano e sua corte.

É o caso de fazer a pergunta, por tantos anos enunciada e repetida pela corajosa e combativa auditora fiscal Maria Lucia Fattorelli: que dívida é esta que não resiste a uma auditoria? É a farsa para transferir para bolsos privados o dinheiro público, e depois afirmar que a saúde e a educação não dispõem de orçamento para atender aos contribuintes, o cobertor só não é curto para os especuladores com dinheiro alheio.

Para o povo brasileiro, o povão desconhecido por todos governantes que combateram e combatem a Era Vargas, existe a Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, a PEC do Fim do Mundo, que por vinte anos, uma geração, congela as despesas com a saúde e a educação. Mas para os financistas, a privilegiada casta dos especuladores, o Banco Central transfere, todo dia, milhões e milhões de reais nas Operações Compromissadas. Estas Operações (poderia chamar assaltos) destinam-se a remunerar as sobras de caixa dos bancos, um overnight sobre o saldo dos depósitos menos saques. Que, na verdade, é o dinheiro dos correntistas remunerando os donos dos bancos. Um furto legalizado.

Vejamos algumas notícias, informações do sábado, 28/03/2020.

A biderberguiana cnnbrasil, emissora que pretende tirar da Globo o título de órgão oficial do neoliberalismo, surpreende ao afirmar que a Rússia, com 146 milhões de habitantes e 17.098 mil km², teve 253 casos de Covid 19, sendo quatro fatais, enquanto Luxemburgo, com 628 mil habitantes em 2.586 km² apresentava 670 casos com oito mortes. Mas foi incapaz de dizer que se tratava de um Estado Nacional Soberano e de um Estado Mínimo, em todos os sentidos, inclusive moral. Vive da lavagem de dinheiro.

Leiamos, na sempre magnífica tradução da Vila Mandinga, o que o diplomata britânico Alastair Crooke escreveu na plataforma Strategic Culture Foundation.

Título da matéria: “Dinheiro de helicóptero”: o grande evento geopolítico do momento. “EUA e Reino Unido, para deter o Covid-19, adotam abordagem bem próxima de tempos de guerra, com níveis invasivos de intervenção na vida social; ao mesmo tempo esses governos – como corolário da quarentena – propõem ‘resgates’ massivos. À primeira vista, talvez até pareça sensível e adequado. Mas... calma! Querem resgatar o quê? Ora... Claro que querem resgatar os mercados financeiros; de fato, sobretudo e esses todos: a Boeing, a indústria norte-americana do petróleo de xisto, companhias aéreas, indústria do turismo e (nos EUA) todos os cidadãos, enviando a cada um/uma, pelo Correio, essa semana, um cheque de $1.000 ou de $2.000 – ou, como se discute em DC – um cheque desses por mês. Excelente! Faz de conta que é Natal”. Não é para rir, caro leitor; é para chorar!

Para conter a “pandemia” tão a gosto dos neomalthusianos liberais, agora, por razão que talvez só os céus conheçam, atingindo mais ricos e classe média favorecida do que pobres e classe média baixa, mas sem prejudicar as receitas das “gestoras de ativos” só chovendo dólares.

E desta forma, Axel Christensen, estrategista-chefe de investimento na América Latina da BlackRock, pode enxergar maiores oportunidades de retomada aplicando em ações (!).

Oh Cristo! Será o caso de exorbitante cinismo, pois exorbitante já é o saque que esta gestora de ativos, que ao fim de 2019 apresentava-se com 10 trilhões de dólares estadunidenses em especulações pelas bolsas mundiais. Pois além de falidas - o que não era difícil prever desde a jogada geopolítica dos Estados Unidos da América (EUA) ao “descobrirem” sua “libertação” da dependência do petróleo árabe com as shale oil em seu território - a indústria do xisto só sobrevive por causa dos aportes estatais, sob as diversas denominações. A extração de petróleo dos folhelhos betuminosos não se sustenta, pelos custos e pela tecnologia disponível, frente à dos reservatórios “convencionais” de petróleo.

Mas o neoliberalismo, dos Estados Mínimos, da Lei da Selva, do projeto de extermínio de 2/3 da humanidade, também é o corruptor do judiciário, hoje desacreditado por pobres e ricos. Vamos ao exemplo da bilderberguiana cnnbrasil.

No noticiário noturno do sábado, 28/03/2020, ficamos sabendo que o Prefeito de São Roque (interior paulista), após frustradas negociações com o Hospital particular São Francisco, e com a autorização dada pelo Decreto de Calamidade Pública no Município, retirou e transferiu para Santa Casa sete respiradores. O prefeito, empresário Claudio José de Góes, é do PSDB, o mesmo partido do atual Governo paulista e que desde 1995 administra o Estado, além de ser dos maiores apoiadores do presidente Bolsonaro no Congresso.

A apreensão se deu após ser registrado o 38º caso de Covid 19 no município. Mas tanto as jornalistas da cnnbrasil quanto o entrevistado-consultor, que foi apresentado como médico, representante de hospitais particulares, acharam que o Hospital, que negociava com a vida dos munícipes, deveria ir à justiça contra o Prefeito. Aonde leva o neoliberalismo!

Alastair Crooke, sempre na tradução da Vila Mandinga, acrescenta:

“Na crise de 2008/9, o público ficou perplexo: o mundo financeiro parecia demasiado complexo para ser completamente compreendido. Só adiante apareceu quem percebesse que os bancos tinham sido salvos mediante a ‘socialização’ de seus erros e prejuízos. As perdas foram ‘socializadas’, vale dizer, transferidas para o balanço das contas públicas, e disseram que o povo esperasse austeridade e mais austeridade [“arrocho e mais arrocho”] – e cortes nos sistemas de saúde e bem-estar, para pagar por todos aqueles ‘resgates’ de 2008.

Dessa vez, não são os bancos, mas as empresas e sua respectiva dívida ‘podre’, que as autoridades esperam conservar em formol (como foi feito, antes, com os bancos). Em termos simples, o sistema permitirá que empresas super alavancadas assumam dívidas ainda maiores – tomando esses empréstimos agora avalizados pelo governo federal dos EUA.

Mas... será que público mais bem informado aceitará prontamente que a empresa Boeing mereça ser ‘resgatada’ com $60 bilhões, quando todo o dinheiro que hoje falta à empresa foi torrado ano passado para recomprar as próprias ações da empresa e pagar altos dividendos a eles mesmos?! Pode-se perfeitamente argumentar que, se o dinheiro é só papel impresso... ninguém mais precisa se preocupar com a tal ‘austeridade’ e os tais cortes.

Mas imprimir dinheiro oco dilui o potencial subjacente de compra do próprio dinheiro que havia antes da diluição. Quer dizer que, outra vez, os mesmos 60% pagarão os custos – outra vez.

Essa ‘neoausteridade’ será transferência clandestina de riqueza mediante a diluição do poder de compra das pessoas”

Mas as empresas, hoje, quase todas as negociadas nas bolsas de valores e outras de capital fechado - e isso é muito importante conhecer - após tantas crises fabricadas, pertencem ao BlackRock e seus colegas (concorrentes?) gestores de ativos: Vanguard, Wellington, Fidelity, State Street, PIMCO, Charles Schwab, Amundi, Morgan Stanley, Allianz e outras mais. Os cerca de 100 trilionários e bilionários sorvedouros da poupança mundial, para deleite e conforto de 0,001%, talvez menos, da população do planeta.

E quem as protege? Ouçamos um grande especialista, o primeiro civil a dirigir a Agência Central de Inteligência (CIA), dos EUA, Allan Dulles: “o serviço de inteligência é o veículo ideal para conspiração”. Inferimos que os gestores do MI6, do Mossad, e dos seus similares por todo mundo, não pensem e nem ajam diferentemente.

Pelo punhado de dólares, o neoliberalismo vende a senhora sua mãe. Prazerosamente.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado.

quinta-feira, 12 de março de 2020

GUIA DE SOBREVIVÊNCIA NA GUERRA ATUAL OU DESPINDO-SE DA IGNORÂNCIA

Quinta, 12 de março de 2020
A banca não se resume às especulações e corrupções, à venda de drogas e contrabandos. A banca também está nas academias, nas pesquisas – especialmente no contínuo aperfeiçoamento da comunicação de massa – e na garantia de seu futuro com a indispensável redução da população do mundo: seu projeto malthusiano para prosseguir na concentração de fortunas e rendas.

Por
Pedro Augusto Pinho

A Guerra atual se chama Guerra Híbrida e é, por isso, um pouco mais complexa do que as anteriores. Um sinal que o mundo continua progredindo.

Todas as guerras sempre disputaram o poder. O poder ganha complexidade na medida em que as relações na sociedade também se tornam mais enredadas, intrincadas, mais difíceis de entender e descrever.

A cratologia, ramo do conhecimento que estuda o poder, nos ensina que o poder não diz unicamente respeito à conquista dos corpos, mas deve dominar também os corações e as mentes. Ou seja, o poder deve obviamente dirigir as ações dos outros, dos seus conquistados, mas deve também tomar-lhes as emoções e o pensamento.

Para a conquista dos corpos existem duas importantes armas: as que destroem e as que compram, a bomba e a conta bancária.

Para o coração e a mente, existe a pedagogia colonial.

O domínio do poder, neste século XXI, é da banca ou do sistema financeiro internacional. Por muitos anos, sendo colônia dos Estados Unidos da América (EUA), nos habituamos a encontrar o poder nas empresas e nos governos estadunidenses. Muito provavelmente nossos avós ou bisavós diriam o mesmo da Inglaterra. Mas esta mudança foi a mais importante alteração ocorrida no final do século passado. O poder de hoje está como num ser quase sobrenatural, em toda parte e só visível pela interpretação de suas ações.

Acompanhando a banca em toda sua história, vejo que neste século travou-se uma luta interna pelo controle da banca. Sendo uma das partes, ao fim vitoriosa, a dos capitais marginais. Designo capitais marginais aqueles que foram introduzidos no sistema financeiro por Margaret Thatcher, seu sucessor Tony Blair, e por Ronald Reagan e os presidentes dos EUA que lhe seguiram, até Donald Trump, com as desregulações e o acolhimento de todo dinheiro no sistema sem perguntar sua origem.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Uma Breve História da Banca

Quinta, 5 de março de 2020
Por
Pedro Augusto Pinho

Uma Breve História da Banca
I - O Início

Abertura
Uma questão já ocorreu certamente a meus argutos leitores. Por que dois brilhantes generais, líderes populares, vencedores de batalhas que libertaram seus povos da sujeição a potências estrangeiras, não tiveram, eles e seus países, o mesmo destino?
Refiro-me, como é óbvio, a George Washington (1732-1799) e a Simon Bolívar (1783-1830).
Resposta: pelas opções econômicas. Não ignoramos fatores geográficos e sociais, mas, como veremos, uma opção econômica foi demolidora.
As 13 Colônias, ainda que abrangessem área inferior a da metade libertada por Bolívar (Capitania Geral da Venezuela, Vice-Reino da Nova Granada e Vice-Reino do Peru), cerca de dois milhões de quilômetros quadrados contra quatro milhões e setecentos mil km², mantiveram-se unidas. As ricas áreas libertadas por Bolívar estilhaçaram-se em seis países: Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela. E das Treze Colônias surgiram os desenvolvidos Estados Unidos da América (EUA). Daquela América de Bolívar, apenas países subdesenvolvidos.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

DELENDA EST BRASIL!

Segunda, 10 de fevereiro de 2020
Por
Pedro Augusto Pinho

Na Roma antiga surgiu um poderoso inimigo: Cartago. E o Senado romano, pela voz de Catão, em grito furioso concluía suas falas: “delenda est Cartago”, Cartago deve ser destruída; não poderiam coexistir Roma e aquela cidade africana.

O Brasil sempre foi uma colônia. Sua existência dependia de um produto vital para a civilização industrial: o petróleo. E, até a década de 1950, todo combustível que movimentava nossas mercadorias, transportava nossas forças armadas, iluminava recantos afastados de nosso País, chegava pelas quantidades e preços definidos pelas empresas estrangeiras. Pela vontade dos Impérios britânico e estadunidense.

Surge, então, um dirigente que resolve, com amplo apoio militar, pois também se tratava da defesa nacional, criar a Petrobrás. Um caso extraordinário de sucesso.

Em apenas 50 anos, transformou aquela colônia numa nação autossuficiente em petróleo. Autossuficiente porque descobrira petróleo em quantidade para suprir o país; autossuficiente porque desenvolvera tecnologia para produzir petróleo e derivados; autossuficiente porque construiu malha de dutos e terminais que colocava os derivados em todo o Brasil, aos menores preços possíveis; autossuficiente porque, em seu trabalho petroleiro, criara um parque industrial e uma engenharia que desafiavam e triunfavam nas competições internacionais.

Delenda est Petrobrás! Ouviu-se nas salas do poder nos Estados Unidos da América (EUA), no Reino Unido, em Israel, onde estavam os que nos colonizavam.

O poeta e cronista Rangel Alves da Costa, em 2014 no blog “Recanto das Letras”, discorrendo sobre a ação romana, registrou: “no jogo do vale tudo, ninguém respeita ninguém, e o mais normal é que tapetes sejam puxados, rasteiras dadas, falsidades e traições sejam vistas como normalidade” e “do eco da fúria romana, a humanidade caminha ensinando que a gana dos fortes, dos poderosos, não se contenta apenas em derrotar, mas destruir completamente tudo aquilo que seja visto como adversidade”. Surgia no Brasil a Operação Lava Jato.

E para que nada restasse da Petrobrás e dos benefícios que ela trazia para a nossa Pátria, se desenvolveram todo tipo de falsidades, de crimes, de injúrias, de detrações, delações, subornos para que não apenas a empresa, também o País fosse destruído.

Aqui trataremos de um único instrumento, criado pela ideologia que dá suporte a toda esta agressão ao Brasil: o neoliberalismo. Vamos discorrer sobre uma sigla em inglês: Ebitda.

Esta sopa de letras lembra Shakespeare. Muito para tão pouco, até enriquece o nada, que é o verdadeiro sentido da sigla. Em Macbeth, cena V, ato V, lê-se que temos apenas “uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado”. Realmente um gênio. Definiu, com quatro séculos de antecedência e com rigor e propriedade, a ebitda.

Passemos para um comentário técnico, do economista Cláudio da Costa Oliveira (Crime organizado: da política de preços à venda de refinarias, em AEPET Direto, 07/01/2020): “Primeiramente é importante saber que o indicador Ebitda (sigla em inglês) não é padronizado, o que impede comparativo entre empresas. Por isto nenhuma grande petroleira apresenta este indicador em suas publicações oficiais. Por outro lado a métrica é falsa e leva a conclusões erradas, (principalmente) quando a empresa está em fase de investimento e a dívida feita ainda não está gerando o caixa esperado para os projetos. Nenhuma grande petroleira utiliza esta métrica. Para avaliar o grau de endividamento é sempre utilizado o indicador “debty/equity” que é a divisão da dívida liquida pelo somatório da dívida liquida com o patrimônio liquido”.

E continua Cláudio Oliveira: “O pré-sal foi descoberto em 2006 e até hoje não foi feita delimitação de nenhuma de suas áreas. A definição das reservas do pré-sal faria com que o direito legal de preferência, que a Petrobrás tem na exploração destas reservas, tivesse de ser valorado e registrado em seu patrimônio. Isto faria com que o patrimônio da companhia aumentasse substancialmente, aumentando proporcionalmente o valor patrimonial de suas ações. Por outro lado o indicador debty/equity mostraria uma empresa muito pouco endividada. É por isto que a Petrobrás atrasa a delimitação das jazidas. Isto vai contra o interesse daqueles que querem vende-la e hoje administram a companhia”.

André Motta Araújo (A Petrobrás na fogueira das refinarias, em GGN, 22/12/2019) denuncia: “A obtusa, patética e obscura direção da PETROBRÁS, ao contrário do padrão mundial de administração das grandes petroleiras, NÃO SÃO PESSOAS DO MUNDO DO PETRÓLEO, são apenas financistas e criou uma nova doutrina econômica única no mundo: uma grande empresa AJUDA A CONCORRÊNCIA a assumir sua fatia do mercado onde ela é dominante. VAMOS ABRIR PARA A CONCORRÊNCIA é coisa inédita para uma empresa de capital aberto”. É a traição escancarada. A mesma da Lava Jato, que ocupa hoje a justiça no território recolonizado do Brasil.

Desde o início da corruptora Lava Jato, toda imprensa que edita e propaga para o Brasil o que interessa ao capital estrangeiro, aos interesses geopolíticos dos impérios, frauda toda e qualquer informação. O brasileiro vem sendo iludido sobre o que realmente assalta o País e qual o crime que está respondendo.

Seria possível que tanto dinheiro, milhões de dólares estadunidenses que aparecem em negociatas, conta nos exterior, ocupando malas filmadas e apartamento de parlamentar, não tivesse passado por um banco? Não necessariamente um grande banco ou um banco estrangeiro, mas um banquinho qualquer? No entanto, por que jamais um banqueiro ou dirigente de banco sentou em inquéritos e audiências da Lava Jato?

Porque vivemos a realidade que o historiador Gustavo Barroso, em 1934, já colocava no título de seu livro “Brasil - Colônia de Banqueiros”. Porém, ainda mais cruel do que a simples espoliação financeira. Não é mais o esbulho que os poderosos sempre fizeram aos desvalidos. O neoliberalismo quer o fim dos Estados Nacionais, quer que os ditames financeiros sejam a legislação global. Aplicada sem reconhecer fronteiras entre Estados.

E a Petrobrás, justo orgulho do povo brasileiro, precisa ser destruída. “Delenda est Petrobrás” é passo fundamental para “delenda est Brasil”.

E com os agentes e traidores que invadiram a Petrobrás desde 1990, com os subornos, ameaças, intimidações que passaram a cercar seus dirigentes, seus técnicos, seus profissionais, com o aproveitamento das fraquezas humanas – e quem escolheria os mais fracos para as gerências, para direção da empresa, para os seus conselhos, senão os financistas interessados na sua destruição? – chegamos a mais esdrúxula situação de um País que abriu mão dele mesmo.

Quando escrevo este artigo, empregados da Petrobrás estão em greve há nove dias. Inúmeras ameaças os cercam. Mas é o momento que os brasileiros precisam acordar e verificar quem está mandando no Brasil.

Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A economia de guerra da banca, a eterna farsante

Terça, 21 de janeiro de 2020
Por
Pedro Augusto Pinho

A ECONOMIA DE GUERRA DA BANCA, A ETERNA FARSANTE

O mundo enfrenta crise real, não aquelas provocadas pela banca, desde 1987 até o início deste século XXI, para ganhar o poder que hoje exibe.

Verdade ou fantasia? Que tipo de crise nos aguarda?

Quem enriqueceu, ainda na Idade Média, enfrentando obstáculos naturais - mares, montanhas, desertos - e humanos - povos e idiomas desconhecidos - para trazer produtos do oriente para Europa? Ora, os judeus que criaram bancos em Veneza, em Gênova, nos Países Baixos, porque era proibido para os católicos. Não enfrentaram os riscos físicos, só os financeiros. E armaram os reinos da Inglaterra e dos Países Baixos para disputa das presas orientais.

A usura era pecado e a presença da Igreja era forte na sociedade medieval. E a tal ponto ficaram reféns destes banqueiros judeus, que os empreendedores e senhores de terras e das guerras acabaram por criar um movimento, a inquisição, para tomar-lhes os bens.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Castilhos, Vargas, Brizola, Jango, Geisel

Sexta, 13 de dezembro de 2019
...quem mais assalta o Estado senão os que controlam o câmbio e a moeda? E quem são estes senão os sócios dos ruralistas, também seus aproveitadores, bancos e financeiras?  O sistema financeiro, hoje internacionalizado, sempre foi o mestre da corrupção, combatido até na Bíblia cristã.
Por
Pedro Augusto Pinho*

Em 14 de julho de 1891, foi promulgada a Constituição do Estado do Estado do Rio Grande do Sul. Foi a Constituição de Júlio de Castilhos, promulgada em nome da pátria e da humanidade, estabelecendo normas de defesa do proletariado, como aposentadoria aos trabalhadores a serviço do Estado.

Há na História do Brasil um fenômeno curioso. Podemos distinguir apenas dois instantes em que os principais políticos nacionais foram efetivamente nacionalistas.

O primeiro, no alvorecer da independência, com a personalidade política, intelectual e científica de José Bonifácio de Andrada e Silva. Emblemático Patriarca da Independência.

O segundo, curiosamente, reuniu um grupo de gaúchos com tendência ou formação positivista. São os que enumeramos no título do artigo. Três galgaram a Presidência do País, mas todos marcaram nossa História.

Como já escreveu, em excelentes ensaios, o cientista político Felipe Quintas, o positivismo, no Brasil, assumiu, no Rio Grande do Sul, uma coloração nacional-trabalhista.

Mas todos estes brasileiros foram combatidos, sem exceção, pelas forças colonizadoras, pelas elites exportadoras de produtos primários, estreitamente vinculadas aos capitais estrangeiros, quer pela força ou pela corrupção, quer pela astúcia com que sempre submeteram os brasileiros à pedagogia colonial e à escravidão.

Como verdadeiros puxa-sacos, esta “aristocracia” está sempre agarrada ao dominador, trocando este, mudam as mãos de lugar. Até a vinda da família real portuguesa para o Brasil, o saco eram os aristocratas lusitanos. Com a ascensão do financismo inglês, as mãos trocaram de lugar, o fazendo novamente quando os Estados Unidos da América (EUA) assumiu a liderança capitalista no século XX.

E, quando o governo brasileiro fica em mãos nacionalistas, como nas presidências de Vargas, Jango e Geisel, armam-se golpes para derrubá-los ou evitar que escolham sucessores.

O que é mais ridículo, trágico e cômico, é que as acusações são sempre as mesmas: corrupção e comunismo. Delas escapou somente Geisel, que foi rotulado de torturador, ditador assassino, mas ....... estatizante, seu crime.

Ora caros leitores; quem mais assalta o Estado senão os que controlam o câmbio e a moeda? E quem são estes senão os sócios dos ruralistas, também seus aproveitadores, bancos e financeiras? O sistema financeiro, hoje internacionalizado, sempre foi o mestre da corrupção, combatido até na Bíblia cristã.

Foi o sistema financeiro que aplicou o golpe da sucessão do Presidente Geisel. Foi também a pressa na apropriação do petróleo do pré-sal e a voracidade própria do capital financeiro que deu o golpe colocando seus marionetes na presidência do Brasil em 2016 e 2019.

Como todas pessoas informadas sabem, o capital financeiro é estéril. Ele se alimenta das especulações e dos assaltos às economias privadas e públicas. Sua arma, antes que os capitais ilícitos tivessem forte presença na sua formação, era a dívida. Pela dívida as finanças enriqueciam e escravizavam.

A situação atual está dúbia. Quem comanda as finanças internacionais?

Até o início do século XXI não teríamos dificuldade em responder. A velha aristocracia europeia com os novos ricos estadunidenses e pequena parcela nipônica: a conhecida trilateral, dominava o mundo não socialista.

Vamos aprofundar um pouco mais esta “velha aristocracia europeia”. Ninguém há de imaginar que, subitamente, como a descida do Espírito Santo fecundou Maria, uma arca de ouro foi depositada aos pés de conquistadores europeus. Antes da formação dos Estados Modernos, houve, de um lado, a constituição de casas de câmbio nas cidades estados da Itália (Veneza, Gênova) e nos Países Baixos, sob a condução de judeus, para dar condição ao comércio com o oriente. Isto ocorre pelo século XIII.

Mas, do lado da ocupação territorial europeia, casa de Wettin, da Saxônia, iniciava pelo ano 1000, um domínio que chega ao século XXI, com sua descendência espalhada por, praticamente, toda Europa Ocidental, continental e insular. Os nomes Meissen, Saxe-Goburgo, Windsor, Casteldosh, nossos conhecidos Braganças, as casas reais da Bélgica e da Bulgária estão entre estes formadores seculares de capital fundiário e financeiro. A este conjunto denominamos capital tradicional para distingui-lo do que foi formado com a expansão colonial inglesa e estadunidense, pela Ásia e pela América Latina, o capital do narcotráfico, e por capitais israelenses, ingleses, franceses e estadunidenses, capital do contrabando de armas. Estes dois últimos denominamos conjuntamente capital ilícito ou marginal.

O capital tradicional obteve as desregulações, comandadas pelas políticas britânicas e estadunidenses, na década de 1980. Não posso imaginar que o fizeram para beneficiar o capital marginal, mas para que seu próprio assumisse o controle da economia mundial. As nove crises de 1987 a 2001, varrendo as Américas, Europa e Ásia, demonstram unicamente a presença do capital tradicional. Se o marginal delas participou foi parcial e anonimamente.

Mas o capital marginal tinha uma vantagem formidável: é cash. Não depende da dívida, até mesmo porque ninguém financia a compra de cocaína ou de armas. Como e de quem cobrar?

Deste modo, com a criatividade de traficantes e contrabandistas, o capital ilícito constitui as empresas “gestoras de ativos”. E provavelmente nomeou seus Presidentes ou Chief Executive Officer (CEO) ou seus conselhos de administração.

São estas empresas, que citamos as maiores, com trilhões de dólares estadunidenses em seus ativos: BlackRock, Vanguard, State Street, Welligton, JP Morgan, Fidelity e europeias como Allianz e Amundi.

Transcrevemos da propaganda institucional da megaempresa BlackRock, dona de cerca de US$ 7 trilhões, quase quatro Produtos Interno Brutos brasileiros.

“A BlackRock está presente através dos seus escritórios em mais de 30 países espalhados pelo globo.

A carteira de ativos dessa empresa está dividida da seguinte maneira por continentes: Americas: 63% dos ativos totais; Europa: 29%; Ásia-Pacífico: 8%.

Embora essa companhia não desfrute de um monopólio em seu setor, são pouquíssimas as empresas de grande porte que não possuem negócios com essa instituição financeira.

Nos EUA, por exemplo, metades das doações feitas nesse país dependem da BlackRock para a administração dos recursos, bem como uma grande parte dos planos de aposentadorias também.

Hoje, a maior parte dos recursos geridos por essa empresa são oriundos de clientes institucionais, como governos, fundos de pensão, fundos soberanos, entre outros.

Desse modo, com tantos recursos sobre gestão, essa companhia está entre os principais acionistas das maiores companhias do mundo, tais como a Apple, ExxonMobil e os grandes bancos americanos”.

Como um Estado Colônia seria capaz de enfrentar tal poder?

A situação mundial, não apenas econômica, mas, principalmente, psicossocial e política, exige que países como o Brasil, tal como já fizeram a Rússia e a China, constituam governos nacionalistas, empenhados na conquista e manutenção das soberanias nacionais. Ao invés do que temos hoje e que o grande jornalista Romulus Maya denomina, no seu Duplo Expresso, “narcoevangelistão”. Uma união dos capitais ilícitos com igrejas neopentecostais, agências de golpes estadunidenses (DEA e CIA), britânica (MI6) e israelense (Mossad) e a participação dos marginais nacionais (Primeiro Comando da Capital – PCC paulista) e dos sistemas de repressão, policial e jurídica, ou seja, parte do Estado brasileiro.
Sem um Brasil Soberano, denominação do livro de 2009 do professor Marcos Coimbra, da UERJ e da Escola Superior de Guerra, nenhum projeto, por mais justo e social que seja, terá condição de enfrentar um ataque destas forças financeiras, verdadeiras fontes de corrupção e desnacionalização.

Este é o único caminho dos nacionalistas, dos brasileiros patriotas que honram o Patriarca da Independência e o notável conjunto de gaúchos positivistas e trabalhistas que dão título a este artigo.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

Transcrito do Portal Pátria Latina

sábado, 10 de agosto de 2019

Uma Breve História da Banca (atualizada e revista) e Preparando o Estado para Soberania

Sábado, 10 de agosto de 2019
Por
Pedro Augusto Pinho


Uma Breve História da Banca - O Início

"A denominada financeirização caracteriza-se como um novo regime de acumulação, uma nova fase do capitalismo, pós 1970, marcada pelo controle da economia pelas finanças, sobrepujando a produção e o comércio, que passam a estar controlados pela lógica do capital financeiro, cada vez mais autônomo das determinações produtivas reais" (Ranulfo Vidigal, A Barbárie Nos Espreita, Opinião, Monitor Mercantil, 05/06/2019).

Abertura
Uma questão já ocorreu certamente a meus argutos leitores. Por que dois brilhantes generais, líderes populares, vencedores de batalhas que libertaram seus povos da sujeição a potências estrangeiras, não tiveram, eles e seus países, o mesmo destino?
Refiro-me, como é óbvio, a George Washington (1732-1799) e a Simón Bolívar (1783-1830).
Resposta: pelas opções econômicas.
As 13 Colônias, ainda que abrangessem área inferior a da metade libertada por Bolívar (Capitania Geral da Venezuela, Vice-Reino da Nova Granada e Vice-Reino do Peru), cerca de dois milhões de quilômetros quadrados contra quatro milhões e setecentos mil km², mantiveram-se unidas, coesas. A áreas libertadas por Bolívar estilhaçaram-se em seis países: Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela. E das Treze Colônias surgiram os ricos Estados Unidos da América (EUA). Daquela América de Bolívar, apenas países subdesenvolvidos.
A decisão da Washington foi seguir a orientação de Alexandre Hamilton (1757-1804) e Thomas Paine (1737-1879). Esta seria denominada, hoje, industrial desenvolvimentista ou das "finanças funcionais".
Bolívar seguiu seu vice-presidente Francisco de Paula Santander (1792-1840), que fora influenciado pelo político inglês, defensor do monetarismo  das "finanças saudáveis", George Canning (1770-1827), o mesmo que procurou dissuadir Dom João VI de criar o Banco do Brasil.
Santander considerava fundamental eliminar o déficit público, manter superávit fiscal mesmo ao custo de permanente imobilismo e da recessão. Endividou a Grã Colômbia em 4 milhões de libras esterlinas, tomadas aos banqueiros B.A. Goldschmidt & Co. para zerar o déficit orçamentário. Um verdadeiro serviçal da banca,avant la lettre (apud Indalecio Lievano Aguirre, Bolívar, Editorial Oveja Negra, Bogotá, 1987, 6ª edição).

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Uma Breve História da Banca

Segunda, 10 de junho de 2019
Por
Pedro Augusto Pinho

Uma Breve História da Banca - I
"A denominada financeirização caracteriza-se como um novo regime de acumulação, uma nova fase do capitalismo, pós 1970, marcada pelo controle da economia em geral pelas finanças, sobrepujando a produção e o comércio, que passam a estar controlados pela lógica do capital financeiro, cada vez mais autônomo das determinações produtivas reais" (Ranulfo Vidigal, A Barbárie Nos Espreita, Opinião, Monitor Mercantil, 05/06/2019).

O neoliberalismo assim como o comunismo são concepções dogmáticas, iguais às religiões. Para os crentes, a fé é muito mais importante do que a evidência, a palpável realidade.

Abertura
Uma questão já ocorreu certamente a meus argutos leitores. Por que dois brilhantes generais, líderes populares, vencedores de batalhas que libertaram seus povos da sujeição a potências estrangeiras, não tiveram, eles e seus países, o mesmo destino? Refiro-me, como é óbvio, a George Washington (1732-1799) e a Simón Bolívar (1783-1830).

Resposta: pelas opções econômicas.

As 13 Colônias, ainda que abrangessem área inferior a da metade libertada por Bolívar (Capitania Geral da Venezuela, Vice-Reino da Nova Granada e Vice-Reino do Peru), cerca de dois milhões de quilômetros quadrados contra quatro milhões e setecentos mil km², mantiveram-se unidas, coesas. A áreas libertadas por Bolívar estilhaçaram-se em seis países: Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela. E das Treze Colônias surgiram os ricos Estados Unidos da América (EUA). Daquela América de Bolívar, apenas países subdesenvolvidos.

domingo, 26 de maio de 2019

Geisel e o Golpe da Banca — Parte 2 de 3

Domingo, 26 de maio de 2019
Por
Pedro Augusto Pinho

Neste segundo artigo da série, Pedro Pinho relaciona ações promovidas pelo governo de Ernesto Geisel com ênfase na política externa e cultural, bem como no desenvolvimento econômico e tecnológico. Ao questionar sobre a realidade de nossa democracia, o autor aponta questões para que possamos refletir o quanto as causas identitárias (fechadas em si) favorecem o jogo neoliberal, bem como a singularidade com a qual o espectro dito mais progressista de nossa sociedade simplifica os governos militares. 



Geisel e o Golpe da Banca | Parte 2 de 3


Por Pedro Pinho*, para o Duplo Expresso:

Governo Geisel

Ernesto Beckmann Geisel (03/08/1907 a 12/09/1996) presidiu o Brasil entre os dias 15 de março de 1974 e de 1979.

Em breve sumário, procurarei demonstrar sua condição nacionalista (tendo efetivamente o Brasil acima de tudo) que caracterizou seu mandato. Não estarei com isso defendendo – e tenho convicção que o luterano Geisel também não apoiou – a covardia da tortura e os infamantes assassinatos ocorridos no período de sua gestão. A interferência no II Exército (São Paulo) é um exemplo desta oposição do Presidente.

Há a ótica única, sobretudo pela esquerda identitária que tem apoiado no Brasil e no exterior o jogo do neoliberalismo, de ver em todos governos militares a negação democrática e o viés fascista.

Pergunto: Temos democracia no Brasil? Temos democracia nas colônias financeiras (ainda que nações com representação na Organização das Nações Unidas – ONU –, e com substituição periódica de dirigentes)? Terão maior participação nos destinos nacionais os habitantes desses países do que aqueles que vivem nas “ditaduras” russa, chinesa ou venezuelana? O que diferencia um cidadão turco de um haitiano?

Dividirei o Governo Geisel nas ações da política exterior com a política cultural, e da política tecnológica industrial. Tratarei das legislações formadoras da cidadania e farei comentários sobre a organização do Estado. Não pretendo ser exaustivo em quaisquer dessas áreas.

domingo, 19 de maio de 2019

GEISEL E O GOLPE DA BANCA

Domingo, 19 de maio de 2019
DUPLO EXPRESSO (DE)

Do ponto de vista econômico-desenvolvimentista, Pedro Pinho abre uma nova série de artigos onde descreve o que seria primeiro grande golpe do sistema financista internacional contra o nacionalismo brasileiro: a sucessão de Geisel. Foi ali que a Banca conseguiu conduzir-nos em uma direção oposta aquela que poderia alçar-nos a uma condição de potência internacional. A precarização induzida do Estado Nacional – nunca magro o suficiente para a estética neoliberal – continua a impor um quadro de anorexia social aos brasileiros.  



Geisel e o Golpe da Banca | Parte 1 de 3

Por Pedro Pinho*, para o Duplo Expresso:

Beto Almeida, Geraldo Lino, Romulus Maya e outros amigos, leitores e editores, costumam sugerir que eu apresente maiores informações sobre o que denomino o primeiro golpe da Banca no Brasil – a guerra híbrida na sucessão do presidente Ernesto Geisel.

Banca é a forma abreviada pela qual designo o sistema financeiro internacional. A guerra híbrida, que envolve trapaças, mentiras, ameaças e força, armada ou econômica, é típica ação da Banca.

Atender este pedido possibilita-me ampliar a resposta para uma leitura de nossa história e dos eventos fundamentais dos séculos XX e XXI, que se impõem agressivamente contra a humanidade, contra o Brasil e nossa vida individual.

Antecedentes
No British Imperialism 1688-2015, de Peter J. Cain e Antony G. Hopkins (Routledge, NY, 2016, 3ª ed.),[DE 1] lê-se que, em 1939, a “Pax Britanica” foi trocada pela “Pax Americana”.

Em 1930, a dívida pública externa brasileira estava dividida em títulos britânicos (65%), estadunidenses (30%) e franceses (5%), conforme o FGV CPDOC. Ao fim de 1954, a dívida externa de 1,3 bilhões de dólares estadunidenses (USD) era inferior a de 1930, mas, praticamente, toda em moeda dos Estados Unidos da América (EUA).

Em 1941, o então Capitão Severino Sombra de Albuquerque publica As Duas Linhas de Nossa Evolução Política (Zelio Valverde Editor, Rio), quais sejam, nas palavras do autor: “uma Liberal Revolucionária, outra Reação Orgânica Nacional”. Busquemos compreendê-las.

Acrescenta o futuro General Sombra: “Se pudéssemos resumir em duas palavras o sentido de nossa conclusão político histórica, diríamos que substituímos o signo da liberdade pelo da nacionalidade”. Referia-se ao antes e ao depois da Revolução de 1930.

Escrito no Estado Novo de Vargas, de quem Sombra foi ora aliado ora opositor, embora percebendo estas diferenças no comportamento político, não as associou à economia mundial. Esta passava do financismo mercantil inglês (liberal) para o industrialismo estadunidense. Um imperialismo que envolvia toda uma nação, distinto do imperialismo financeiro, de uma aristocracia desvinculada de seu povo; o dinheiro sem pátria, como visto por Marx.

Mas Sombra cuidava apenas da expressão política do poder. O Poder é muitas vezes decomposto para análise, além do político, no poder psicossocial, no poder militar e no poder econômico. Há quem desloque dos poderes psicossocial e econômico, como uma expressão própria, o poder científico-tecnológico.

Volto a Cain e Hopkins, em tradução livre:
As substância e ideologia do Império (britânico) sobreviveram à I Grande Guerra. A elite cavalheiresca permaneceu no comando; atitudes imperiais eram condutoras; políticas coloniais continuaram a ganhar a batalha da missão civilizadora.  A versão britânica do governo liberal unido a um império liberal ainda teve o poder de permanência. O modelo não foi substituído até 1940. Os defensores do estado intervencionista, que o substituiu, se sentiam confiantes de que tinham as ferramentas necessárias para melhorar o império e dar-lhe uma nova vida. O rápido aumento da dominância estadunidense significou que parte do antigo império britânico seria ocupado. A invasão dos amigáveis GIs foi seguida pela flotilha de publicidade, plásticos, sedutoras fantasias hollywoodianas, capturando para o american way of life os desmoralizados consumidores britânicos.
Na Conclusão e no Posfácio da citada obra, Cain e Hopkins, fazendo referência à velha corrupção, com a qual a Inglaterra se assenhoreou das resoluções do Tratado de Viena em 1815, mostram ser este o caminho para reconquista da “missão civilizadora” pela aristocracia financeira. Portanto, a inclusão dos capitais da droga e de todos os ilícitos, é uma consequência do próprio poder financeiro (vide o ópio e o HSBC, na China), e não apenas uma das decorrências das desregulações dos anos 1980.

Seria pedir muito ao Capitão Sombra, em 1940, antever a série de crises que levaria o sistema financeiro internacional – a Banca – a se empoderar, agora com nova estrutura de ação e a ideologia “neoliberal”.

Mas Sombra viu a dualidade nacional/liberal, o que ainda hoje causa perplexidade e pasmo para muitos colegas de profissão e mesmo para a academia e políticos brasileiros. Neste século XXI temos aguçado o antagonismo Soberania (nacionalismo) versus Globalismo (neoliberalismo).

Esta dualidade será usada para aplicar no General Ernesto Geisel, um presidente que prossegue a obra nacionalista de Getúlio Vargas, o golpe que o impede ter como sucessor um presidente da sua mesma linha, e chega ao fim outro ciclo de tentativa do empoderamento do Estado Nacional Brasileiro.

Na minha leitura, tivemos como projeto ou como ação, quatro oportunidades (ou átimos) de deixarmos a gestão colonizada por um Estado Soberano:

A primeira, que é objeto de recente livro O homem que inventou o Brasil: Um retrato de José Bonifácio de Andrada e Silva de Geraldo Luís Lino (Capax Dei, RJ, 2019) e dos pertinentes comentários do doutorando Felipe Quintas no Duplo Expresso (17/03/2019), coube a José Bonifácio de Andrada e Silva (ver J.B. de Andrada e Silva, Projetos para o Brasil, Companhia das Letras/Editora Schwarcz, SP, 2005).

A segunda, que está aguardando uma obra que articule o positivismo gaúcho, o tenentismo dos anos 1920, e desague e faça água com os acordos políticos da Revolução de 1930, mas chega a nossos dias pelos Manuais da Escola Superior de Guerra (ESG), denominaria da permanência do positivismo na política nacionalista brasileira.

A terceira, quando Getúlio Vargas consegue usar a fragilidade dos Impérios no advento da II Guerra Mundial, para implementar, ainda antes da deposição de 1945 e em seu mandato eletivo encerrado com o suicídio (1954), o mais completo Estado Nacional Brasileiro até então formalizado.

O quarto e último, surge no golpe de Costa e Silva em 1967, e vai aproveitar a fragilidade do modelo colonial estadunidense, o industrialismo dependente, para criar novos elementos formadores do Estado Nacional, com Emílio Garrastazu Médici (30/10/1969 a 15/03/1974) e Ernesto Geisel.

Iniciava com a sucessão de Geisel o desmonte, a desconstrução[DE2] do Estado Nacional Brasileiro. E se impõe, como também assinalam J. W. Bautista Vidal e Gilberto Felisberto Vasconcellos (Ocaso dos Combustíveis Fósseis e o Novo Colonialismo, in Brasil Civilização Suicida, Editora Nação do Sol, Brasília, 2000):
…a implantação no Brasil do Novo Colonialismo (que) começou em 1979 e fundamenta-se no predomínio absoluto do dinheiro de controle externo e na desvalorização dos recursos naturais locais e do mundo físico.
Para que entendamos o projeto nacional e a oposição, o golpe, que o inviabiliza, é preciso juntar as quatro vertentes que compõe tal projeto: a construção da cidadania, a projeção internacional, o projeto cultural e o domínio tecnológico industrial. E, como é óbvio, a estrutura organizacional do Estado que impeça seu domínio por um único e eventualmente antagônico segmento.
Nas duas ações para o Brasil Soberano, personalizadas por Getúlio Vargas e Médici-Geisel, houve falhas. Quer nos componentes do projeto, quer na forma de suas implementações. As forças que o destruíram agiram nestas falhas.

As forças opostas em 1945/1954 eram do industrialismo estadunidense e, em 1979, do financismo. Este, fortemente inglês, desvinculado de qualquer Estado Nacional, como a autonomia de Bancos Centrais e de instituições financeiras nacionais e internacionais.

Se a II Grande Guerra facilitou o projeto Vargas, a disputa pelo poder no mundo capitalista entre o industrialismo e o financismo, com clímax nos anos 1970, possibilitou as ações de Emílio Médici e de Ernesto Geisel.

Além da expressão política, descrita pelo General Sombra, há a expressão psicossocial, de enorme importância.

A Banca procurou desconstruir qualquer discurso que a colocasse como protagonista do golpe de 1979. Para tanto fez uso, entre outros, de dois jornalistas – André Gustavo Stumpf e Merval Pereira Filho. Ambos, ainda em dezembro de 1978, envolvendo e manipulando o jornalista Mino Carta, publicaram pela Editora Brasiliense (RJ, 1979), a obra de ficção “A Segunda Guerra: Sucessão de Geisel“, trazendo para a questão da abertura política a única luta desta sucessão.

Ao buscar confundir a candidatura de Costa e Silva, como Primeira Guerra, tentam colocar na mente do leitor que Figueiredo – o coronel que só foi a general-de-brigada com as promoções de março de 1969 –, já estava fadado a ser presidente desde a escolha de Médici.

Toda mídia, a comunicação de massa nas múltiplas manifestações, só apresentaram a abertura, o retorno dos cassados e a anistia “ampla, geral e irrestrita” como temas do embate sucessório. E interessava às partes – oposição e governo – esta polaridade. Ou por já estarem envolvidos com a Banca, ou pela ingenuidade do que ocorria no mundo, com repercussões inclusive no Brasil.

Os anos 1970
Esta década foi de fundamental importância para a derrota do industrialismo na luta que travava com o financismo.

A jugular do industrialismo atingida pela Banca foi o petróleo. Extremamente vulnerável, tanto pela ampla gama de usos, ou por estar presente na civilização do consumo de massa, ou pela indisfarçável poluição ambiental. Em 1973, o petróleo cru dispara de US$ 2,00 para US$ 13,00 o barril, e chega em 1979 ao valor de até US$ 52,00. O mundo inteiro se curva a nova realidade. Uns tentando a volta ao passado, outros investindo no futuro.

O Brasil optara pelo modelo clássico de desenvolvimento industrial com a chegada de Costa e Silva ao poder, em 1967. Este modelo se repetiria no I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), com Médici, Reis Veloso  e Delfim. Prosseguiria no II PND de Geisel. A “ilha de prosperidade no oceano revolto” era o desconhecimento das novas forças emergentes.
Para mim, é impossível não lembrar a advertência que Oswaldo Aranha escreve como Prefácio ao Ásia Maior – O Planeta China, da escultora Maria Martins (Edição Civilização Brasileira, RJ, 1958), “a China foi transformada em terra de todos e cada vez menos dos chineses”. E, assim, a artista plástica não descreveria uma “revolução”, mas faria uma “revelação”, “na China, viste, observaste e amaste o Brasil”, esclarece Aranha.

Médici, olimpicamente, mantinha o projeto de industrialização brasileira, com as mesmas pessoas que serviriam a Geisel: João Paulo dos Reis Veloso e Marcos Pereira Vianna (presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico).

Devemos a eles o projeto e a execução competente do Programa de Substituição das Importações, base do desenvolvimento industrial brasileiro.

Já que mencionei Mino Carta, permitam-me citá-lo: “…é do conhecimento até do mundo mineral, que…” as indústrias de ponta incentivam o surgimento de outras indústrias e prestadoras de serviço, num saudável desenvolvimento que, a partir da economia, aumenta a demanda de mão de obra e gera empregos bem pagos e amplia o comércio local, nacional. Muda a sociedade.

Esta era a ideia que norteava os PNDs, mas a qual se opunha a Banca. Para esta, todos os ganhos deveriam fluir para o sistema financeiro, quer pela poderosa e corruptora arma da dívida, quer pela apropriação de todos meios de produção unicamente pelo capital financeiro. Denomino este conjunto de primeiro objetivo da Banca; o segundo é promover a permanente concentração de renda, objetivo autofágico e malthusiano.

É importante entender os objetivos da Banca e suas estratégias: criar e manter a dívida (veja que nenhum governo depois de Vargas se empenhou na auditoria da dívida), corromper todo sistema jurídico e político (obtido em elevado grau no Brasil, desde a Constituição de 1988), para que possamos entender, em parte, alguns eventos de pouca nitidez.

Enfatizo o domínio dos capitais oriundos de ações ilícitas – produção e distribuição de drogas, contrabando de armas e órgãos humanos – que estão cada vez mais se apossando do controle da Banca.

Desde o início dos anos 2000, vínhamos observando transformações no controle e direcionamento dos capitais da Banca. Estes saíram de Fundações, escritórios jurídicos e de contabilidade, para empresas captadoras de recursos e gestoras de fundos financeiros. Os gestores passam a ser profissionais e não ficam nas famílias bilionárias. Os conselhos também se profissionalizam e, assim, os capitais ilícitos empoderam-se.

Já nos parece bastante nítido atualmente, o que o percuciente analista Romulus Maya, co-fundador do Duplo Expresso, chamou “narco-evangelistão”. Recomendo enfaticamente que se leia “Geopolítica da droga, os EUA e os golpes na América Latina” , que está nesta atualíssima esfera da Banca e de suas ações no Brasil.

Muitas vezes as menções aos Estados – EUA, Israel – e não ao sistema, revelam uma realidade passada. Como o perigo comunista, sobrevivendo à forjada crise de 2008, ou os inquisidores medievais (nesta cópia protestante rediviva de 1553 ressuscitada por Olavo Carvalho – os neopentecostais, buscando cientistas e outros Miguel Servet para fazerem arder nas fogueiras. A dualidade que temos, como pontos extremos, são a Nação, a cultura e a soberania dos Estados, de um lado, e, de outro, a Globalização, a pasteurização, a homogeneização universal, o neoliberalismo. A seguir, publicaremos mais reflexões e melhores informações sobre o Governo Geisel.


* Pedro Augusto Pinho é avô, administrador aposentado.
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DE1 – Quem se interessar pelo livro British Imperialism 1688-2015, de Peter J. Cain e Antony G. Hopkins, poderá descarregar a versão inglesa na íntegra aqui.

DE2 – “Desconstrução” é uma palavra roubada por Jair Bolsonaro da corrente desconstrutivista apresentada pelo filósofo francês Jacques Derrida, mas que ele provavelmente a aplique apenas em um sentido literal de desmanche. O desconstrutivismo foi um movimento crítico que questionou o pós-estruturalismo de Michael Foucalt, e tornou-se conhecido depois da leitura por Derrida do ensaio “A estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciências humanas” em uma conferência na Johns Hopkins University, em 1966.