Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O imperador

Quarta, 18 de abril de 2012
Causou estranheza ontem à tarde na CLDF o fato de o presidente da Casa, deputado Cabo Patrício, não ter recebido a direção do Psol, mesmo com o pedido de audiência feito antecipadamente. O senador Randolfe Rodrigues (Amapá), o deputado federal Ivan Valente (SP) e o Toninho do Psol (presidente do partido no DF), não foram recebidos, apesar da presença de Patrício na CLDF no momento da visita. Um “bom” exemplo de como se faz política no DF.

Os representantes do Psol estiveram na CLDF para entregar petição cobrando a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) visando investigar as denúncias que envolvem o governo do DF com Carlinhos Cachoeira. As denúncias citam, entre outros, o próprio governador Agnelo, o ex-subsecretário de Esporte, João Carlos Feitosa, o ex-chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro, além dos indícios de favorecimento à empresa Delta.

Na visita à CLDF, o presidente do Psol/DF, Toninho, lembrou à imprensa que já havia denúncias graves contra Agnelo durante a campanha das eleições de 2010. Frisou que o hoje governador tinha uma vida pregressa com possível envolvimento em fatos desabonadores que envolveram o programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte.

O Segundo Tempo foi basicamente o responsável pela vergonhosa e melancólica queda do ministro Orlando Silva, assessor e depois sucessor de Agnelo no Ministério do Esporte.

A CLDF, que tem maioria pertencente à base parlamentar de Agnelo, decidiu criar apenas uma CPI do Grampo, para investigar possíveis interceptações de comunicação (e-mails, inclusive) realizadas pela Casa Militar do governador, isso contra jornalistas e blogueiros, mas também contra políticos adversários do governador. E não tão somente contra adversários, pois, pelo que se fala, até mesmo o vice-governador foi bisbilhotado. É verdade que ele não pode a rigor, talvez, ser considerado de confiança de Agnelo. Mas nem por isso seria legal bisbilhotarem sua vida.

Mas o fato é que a CLDF, sob um argumento falacioso, decidiu não criar a CPI da Corrupção do GDF. Segundo a Casa, o Congresso já vai criar a CPI do Cachoeira. Nada mais fraco e sem sustentação do que esse argumento.

Ora, sabemos que Cachoeira molhou a mão de muita gente, pelo menos é o que acredita a Polícia Federal, tomando por base as escutas feitas com autorização judicial e, também, por outros meios de investigação. Que o Congresso realize a CPI do Cachoeira, mas que a CLDF realize a CPI do Cachoeira nas suas relações (e jantares) com autoridades do governo do Distrito Federal. Uma coisa não substitui a outra. A CLDF, infelizmente, mais uma vez abre mão da sua competência, da sua obrigação, da sua responsabilidade.

Ah! Por mais poderoso e autoritário que seja um imperador, chegará o dia em que a coroa quebra.

E o imperador ficará só.