Sexta, 27 de abril de 2012
Alex Ferraz*
Enquanto me dirigia para esta folha [Tribuna da Bahia], ontem de manhã, ouvia, como
sempre, o genial Ricardo Boechat na Bandnews FM. E ele descia o malho na
atitude boçal, prepotente e reacionária do senador Fernando Collor de
Mello, ex-presidente posto para correr pelas chamadas forças populares,
nos idos de 1992 (estive nas ruas, inclusive. Só não pintei a cara...).
Ocorre que Collor, inexplicavelmente alçado a escudeiro do governo
petista na CPI do Cachoeira, culpou a imprensa pela situação vexatória
em que se veem envolvidos parlamentares ligados ao contraventor e disse
que tudo fará para evitar que “certo tipo de imprensa” tenha acesso a
informações da CPI. Um boçal, sem dúvida.
Bravatas à parte, o que me chamou mais a atenção no comentário do Boechat foi a sua oportuníssima colocação a respeito da relação Collor/PT. E faço minhas suas palavras quando ele diz ser difícil de entender que um governo dito de esquerda, composto por pessoas que em 1992 capitanearam os protestos que culminaram na saída de Collor do Planalto, hoje tenham exatamente neste indivíduo, que chefiou um dos mais corruptos governos deste país (se é que é possível mensurar a corrupção neste mar de lama), um aliado de primeira linha.
Mas, caro Boechat, não me espanta muito a situação. Afinal, nos três mandatos que ocupa até agora, os governos petistas jamais abriram mão de uma misteriosa e indissolúvel aliança com José Sarney, sabidamente o que há de mais retrógado na política brasileira. “Estratégias”, dirão os petistas, enquanto o coronelismo e a corrupção seguem como dantes, neste viciado quartel da Abrantes.
*Fonte: Coluna Em Tempo - Tribuna da Bahia