Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Recuperação de informação

Terça, 15 de junho de 2010 
Por Ivan de Carvalho
    A Secretaria de Segurança Pública informou, ontem, que continuará disponibilizando mensalmente os dados relativos aos índices de violência na Bahia. Esta informação vem depois de notícia publicada em um dos principais jornais baianos, dando conta de que as estatísticas sobre criminalidade deixariam de ser divulgadas durante o segundo semestre deste ano – incluindo, portanto, toda a campanha eleitoral – por causa de uma troca a ser feita nos programas de computadores da SSP.
    A nova informação da SSP veio depois que a primeira notícia repercutiu, sendo divulgada em outros veículos da mídia e comentada, em tom crítico e duro, por políticos expressivos da oposição estadual, a exemplo do senador César Borges, presidente do PR na Bahia e do deputado ACM Neto.
    Este repórter também abordou o assunto ontem e fica feliz em saber que a SSP decidiu continuar fornecendo ao público, por intermédio da mídia, mensalmente, as estatísticas da criminalidade. Presumo que haja encontrado uma maneira menos complicada do que um apagão informático para trocar ou atualizar o software de seus computadores.
    Este repórter também presume que o fluxo de informações sobre a segurança pública e a criminalidade será mantido inalterado quanto ao conhecimento mais freqüente das ocorrências. De fato, a imprensa vinha obtendo os números da criminalidade com freqüência bem maior que a mensal, pois era possível divulgar o total de ocorrências registradas durante uma semana ou um fim de semana, por exemplo, pelo menos em relação a crimes envolvendo violência – homicídios, assaltos (em diversas modalidades), roubos e furtos de veículos. Que a freqüência mensal se restrinja apenas a estatísticas envolvendo dados gerais do mês e comparações com períodos anteriores será compreensível.
    Quando abordei ontem o assunto, usei a frase fatídica do ex-ministro Rubens Ricúpero no “caso das parabólicas” – “O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde” – para dizer que com isto se parecia a notícia de que não seriam mais divulgadas, até o fim deste ano, estatísticas sobre a criminalidade na Bahia. Estranhei que isto – um comportamento típico e compreensível somente nos regimes autoritários – pudesse ocorrer estando à frente do Executivo baiano um governador com inegável comportamento democrático, o que é o caso de Jaques Wagner.
    A informação de ontem da SSP é, sob este aspecto, tranqüilizadora, embora as estatísticas da criminalidade na Bahia, como sabem eu, o leitor e toda a torcida da seleção, sejam ruins. Mas o mal que seria escondê-las foi erradicado, a bem da cidadania, do direito do povo à informação sobre as ações do estado e sobre o que acontece em áreas de responsabilidade do estado, que é pelo povo criado e sustentado.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.