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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O vice de Serra

Quinta, 17 de junho de 2010 
Por Ivan de Carvalho
    O partido Democratas e o PSDB começaram ontem a conversar a sério, um com o outro, sobre a escolha do candidato a vice-presidente da República na chapa do tucano José Serra. Isso ocorreu em uma reunião, de mais de duas horas, dos presidentes do PSDB, senador Sérgio Guerra e do DEM, deputado Rodrigo Maia.
    Nos últimos dias, o tema esteve cercado e até obscurecido por um grande número de rumores, boatos, e até informações, algumas contraditórias, outras não. Basicamente, uma vertente de rumores insistia em que o vice do tucano Serra seria outro tucano e que o candidato a presidente e o PSDB sabiam que o DEM não estava em condições políticas e eleitorais de reagir a este monopólio tucano da chapa. Teria de conformar-se e pronto.
    Esta linha de rumores ou informações não confirmadas adiantava até que o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, de Pernambuco, já teria sido convidado para integrar a chapa de Serra. Se não aceitasse, outro tucano seria convidado e um dos mais prováveis seria o senador Tasso Jereisssati, do Ceará. Álvaro Dias, ex-governador do Paraná, seria outra hipótese, já aí a origem do candidato a vice deslocando-se do Nordeste para o Sul.
    Enquanto esses raciocínios e informações eram transmitidos pela mídia como tendo origem no ninho tucano e adjacências, o Democratas afirmava o contrário. Dizia que abrira mão da indicação do nome do candidato a vice-presidente apenas para o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Como Aécio não quis disputar a vice, preferindo candidatar-se a senador, o DEM voltaria a exercer o seu direito de aliado mais importante e indicaria um nome de seus quadros ou, na mais suave das hipóteses, deixaria José Serra escolher entre os quadros democratas o nome de sua preferência.
    Após a reunião de ontem entre Sérgio Guerra e Rodrigo Maia, o presidente nacional do DEM comentou que "avançamos positivamente na conversa sobre indicação do vice". Mas não deu qualquer detalhe ou indicação de rumo. No entanto, o líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Paulo Bornhausen (filho de Jorge Bornhausen, por muitos anos presidente nacional do PFL, que se transformou no DEM), foi menos discreto.
    Paulo Bornhausen disse ontem que o seu partido irá indicar o candidato a vice-presidente na chapa de Serra e que isto ocorrerá no dia 30, na convenção nacional do Democratas. Acrescentou que um edital que está sendo “finalizado” pelo presidente Rodrigo Maia prevê a definição do vice e a confirmação das alianças do DEM nos Estados e deve ser publicado na sexta-feira. E ainda sugeriu que os democratas mais cotados para a vice são o deputado José Carlos Aleluia, da Bahia e o senador José Agripino Maia, do Rio Grande do Norte.
    Aleluia já declarou que não foi convidado, mas acrescentou que “se for, será uma honra”.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.