Segunda, 5 de setembro de 2011
A agressão de Agnelo aos
pacientes indignados do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foi flagrada pelas TVs
Que a saúde pública no Distrito
Federal continua um desastre, todo mundo sabe. Que faltam médicos, enfermeiros,
auxiliares, remédios, instrumentos, equipamentos, macas, seringas, agulhas, gerência,
isso os pacientes que procuram os hospitais e centros de saúde estão cansados
de saber. Que os governos de Brasília
sempre tentam jogar a responsabilidade do caos nas costas dos pacientes, é um
fato velho.
O que não se esperava é o
nervosismo demonstrado pelo doutor Agnelo Queiroz, governador de Brasília, ao
ser questionado, vamos lá, até vaiado, por pacientes que se encontravam no
Hospital Regional de Ceilândia no dia 30 de agosto.
Na solenidade de comemoração dos
30 anos do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), foi inaugurado o auditório,
com direito a bolo, refrigerantes, discursos e muito ôba, ôba. Não que os 30
anos de vida do HRC não merecessem uma solenidade. Da mesma forma que os 30
anos da unidade de saúde mereciam uma festa, os pacientes merecem respeito.
Inconformados com o clima de
festa das autoridades, do bolo sendo cortado, enquanto sofriam horas esperando
serem atendidos por um médico que não existia, fazer um exame que não tinha
certeza que seria realizado, pacientes externaram sua indignação, sua
insatisfação, seu direito de protestar.
Foi nesse momento que o doutor
Agnelo Queiroz — governador do DF, que chegou a trabalhar em hospitais públicos
de Brasília, e que por isso bem sabe como se sente um paciente ou o pai, mãe ou
filho de algum doente, quando leva horas a fio num banco duro de madeira a espera
de atendimento médico que nem sempre acontece —perdeu a calma, a postura de
governador, e partiu para a agressão. Verbal, mas agressão. Agressão contra
gente humilde. Por serem humildes é que os pacientes mereceriam ainda mais toda
a paciência do governador.
Mas não, ele partiu para o
ataque, chamando aqueles que protestavam de mercenários. Triste, mas aconteceu.
As câmaras dos jornais da TV
Record, TV SBT e TV Brasília, captaram o nervosismo do governador e mostraram
as agressões aos pacientes. Mesmo que dentre aqueles que protestavam houvesse
um ou outro provocador, que parece não ter sido o caso, os demais não mereciam
ser chamado de mercenários, de terem recebido dinheiro para ali estarem protestando.
É até possível que Sarney tenha
chamado de mercenários os manifestantes, incluído aí Agnelo Queiroz, que
participaram daquele grande ato de protesto, em 27 de novembro de 1986, contra o presidente do país logo
após ser desnudado o Plano Cruzado. Aquele protesto que se chamou por aí de “Badernaço
da Esplanada”.
Mas Sarney é Sarney. E Agnelo
deveria ser o Agnelo daqueles tempos. Não deveria se igualar ao Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, agredindo manifestantes.
Você pode ver os vídeos do
destempero do governador contra pacientes do HRC acessando-os no “Blog do Sombra”.