Quinta, 8 de setembro de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"

Porém, analisando-se os dados da inflação (IPCA/IBGE) nos últimos 12 meses, e ponderando-se cada item pelo seu peso na cesta de consumo dos brasileiros, verificamos que nada menos que 70% da inflação do período se devem a fatores que não possuem relação com os salários ou taxa de juros:
- alta no preço dos alimentos, em um contexto de
forte especulação internacional com as commoditties agrícolas, e a falta
de políticas governamentais de reforma agrária, estoques reguladores,
comercialização direta produtor-consumidor e tributação das exportações;
- alta do aluguel, que a atual legislação permite que seja indexado ao questionável índice IGP-M, que acusa taxa de inflação bem maior que o IPCA;
- taxas residenciais, como água, esgoto e energia, que são administradas pelos próprios governos;
- transportes, devido à alta das tarifas de ônibus (administradas pelos próprios governos) e fortes aumentos dos combustíveis, provocado também pela alta dos alimentos (no caso, o açúcar, que leva os usineiros a produzirem este produto no lugar do álcool) e aos altos lucros da Petrobrás;
- serviços privados de saúde e ensino (infantil, fundamental, médio, superior e supletivo), cujos reajustes são administrados pelo governo, que deveria prover saúde e educação gratuitas e de qualidade a todos os brasileiros, mas não o faz devido à priorização dos pagamentos da dívida.
Portanto,
verifica-se que a maior parte da inflação dos últimos 12 meses não pode
ser combatida com alta nos juros ou queda nos salários. Mas o setor
financeiro e seus analistas continuam reivindicando mais uma alta de
juros, com seu suposto intuito patriótico de proteger o povo da
inflação, esquecendo-se de que eles mesmos aumentaram os serviços
bancários em nada menos que 12,10% no período, ou seja, quase o dobro da
média da inflação no período.
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