Quinta, 22 de setembro de 2011
Da Radioagencia NP
Durante visitas feitas aos municípios paulistas,
deputados estaduais receberam denúncias de que usineiros estão
incentivando o uso do crack entre os cortadores. O objetivo é aumentar a
produtividade. Em muitos casos, o trabalho nas lavouras de
cana-de-açúcar se estende por até 14 horas, sem interrupções.
Essa prática foi revelada pelo deputado Donisete Braga (PT), na
apresentação de um relatório produzido pela Frente Parlamentar de
Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, nesta terça-feira (20). O
levantamento indica que jovens com idade entre 16 e 25 anos representam
57% dos usuários da droga em São Paulo.
Para Daniel Adolpho Assis, advogado do Centro de Defesa dos Direitos
da Criança e do Adolescente (CEDECA), a situação é resultado da
disseminação do crack no interior e faixa litorânea do país. Ele
acrescenta que os jovens são as maiores vítimas da superexploração do
trabalho.
“Ainda não foi exterminado o trabalho forçado e o trabalho escravo
propriamente dito no Brasil. Há muita gente que ainda morre por
exaustão. Ou seja, por efeito negativo e danoso na saúde a partir da
exploração do trabalho. O crack vem para anestesiar, sendo uma droga
potente e extremamente aditiva, que causa dependência rapidamente.”
O crack é consumido no mesmo percentual que o álcool em municípios
com população entre 50 mil e 100 mil habitantes. Apenas 12% dessas
localidades recebem recursos federais para programas de enfrentamento ao
problema. Já os repasses estaduais chegam em apenas 5% dos municípios.
Uma pedra de crack pode ser comprada por até R$ 2. O uso crônico
provoca perda de peso e aumenta o risco de infecções. O usuário pode
apresentar quadros de psicose, agressividade, paranóia e alucinações.
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.