Quinta, 22 de setembro de 2011
Da Agência Brasil
Luana Lourenço - Repórter
A venda de terras a investidores internacionais está
deixando populações pobres ainda mais vulneráveis. A avaliação é da
organização não governamental (ONG) britânica Oxfam, que lançou hoje
(22) o relatório Terra e Poder, que denuncia a falta de transparência na exploração e grilagem internacional de terras em países emergentes
Em dez anos, pelo menos 227 milhões de hectares foram vendidos ou
alugados em países em desenvolvimento para grupos internacionais,
segundo o levantamento.
Em parte, o movimento de investidores internacionais rumo a novas
terras em países emergentes é explicado pela crise mundial de alimentos
em 2007-2008, que levou compradores a buscar novas áreas para aumentar a
produção ou simplesmente para especular no mercado mundial.
O relatório Terra e Poder avalia episódios de grilagem de
terra feitos principalmente por investidores internacionais que deixaram
populações de países pobres em situação de miséria e vulnerabilidade. O
informe cita casos de efeitos negativos da venda de terras sobre as
populações locais em Uganda, na Indonésia, em Honduras e na Guatemala.
Em Uganda, segundo a Oxfam, pelo menos 22,5 mil pessoas perderam
suas terras para dar lugar a uma empresa britânica que explora madeira, a
New Forest Company. O grupo é acusado de despejar agricultores sem
direito à compensação ou indenização. As famílias foram deixadas sem
casa, dinheiro e serviços de saúde. Algumas ficaram sem condições de
enviar os filhos à escola. A empresa nega as acusações.
Na avaliação da Oxfam, se não forem tomadas medidas para evitar o
avanço da grilagem internacional de terras, a situação deve se agravar.
Entre os motivos para a piora do cenário, a Oxfam lista o aumento da
demanda por alimentos, dos impactos das mudanças climáticas, da escassez
de água e a competição por terras para produção de insumos para
biocombustíveis.
No documento, a organização sugere medidas como o fortalecimento de
políticas e regulamentações de posse de terras e a garantia do direito à
consulta das populações que serão afetadas com os negócios