Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Boaventura critica Rio+20 por estar dominada pelo capitalismo verde

Terça, 24 de janeiro de 2012
Da Agência Pulsar
Para o sociólogo português Boaventura Sousa Santos, o Fórum Social Temático (FST) 2012, no Rio Grande do Sul, acerta ao debater a crise capitalista e a destruição da natureza. Porém, garante que é preciso ir além do "capitalismo verde".

O estudioso acredita que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada em junho, no Rio de Janeiro, estará “completamente dominada por idéias que não resolvem os problemas das justiças ambiental e social”.

Boaventura explica que o sistema capitalista hoje volta a uma fase extrativista dos recursos naturais, principalmente na América Latina e na África. Frente a isso, ressalta que o Fórum é um espaço para se mostrar soluções “não capitalistas” para a sociedade. Entre elas, a economia solidária e a  agricultura familiar e agroecológica, que criticam os atuais níveis de consumo no mundo. 

Neste contexto, o termo “desenvolvimento” deve ser questionado. Boaventura aponta que é preciso superar este conceito, mesmo quando somado a palavras como “humano” ou “sustentável”.  De acordo com o sociólogo, até hoje essas políticas apenas se traduziram em mais crescimento econômico e desrespeito aos direitos humanos.

Boaventura destaca que a atual fase do capitalismo tem origem no neoliberalismo, que em resumo defende a liberdade dos mercados e ganhou força a partir dos anos 90. Este modelo econômico, grifa o intelectual, não garantiu “formas de rentabilidade no capitalismo industrial”. Ele esclarece ainda que as commodities, ou seja, produtos de origem primária, como os alimentos, viram objetos de especulação em um capitalismo financeiro, hoje em crise.

Por isso, lutas históricas como a distribuição de terras e em defesa da água, apontadas por Boaventura como bens comuns da humanidade, permanecem centrais para os movimentos sociais. Ao lembrar dos ensinamentos do indiano Gandhi, Boaventura conclui que a natureza é suficiente para “todos os usos, mas não para todos os abusos dos seres humanos”. (pulsar)