Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Saudades de Brizola, que hoje estaria completando 90 anos e jamais permitiria que a oposição se omitisse.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Carlos Newton, da Tribuna da Imprensa

O sempre atento comentarista Carlo Germani nos lembra que Leonel Brizola hoje completaria 90 anos, embora nenhum jornal, site ou blog tenha se lembrado da importante data, que nos desperta algumas reflexões.
Para início de conversa, se o grande líder trabalhista ainda estivesse conosco, a política brasileira certamente estaria muito mais animada. É claro que o PDT não continuaria integrado à base aliada, subjugado por interesses meramente fisiológicos. Pelo contrário, há tempos já teria abandonado o barco e estaria liderando a oposição.
Brizola jamais aceitaria que um governo pretensamente progressista, comandado por um partido como o PT, estivesse subordinado aos interesses da comunidade financeira nacional e internacional, não apenas com o Banco Central praticando os mais elevados juros reais, mas sobretudo com os bancos estatais e privados explorando os empresários e a classe trabalhadora, através da cobrança de juros verdadeiramente abusivos, seja nos empréstimos, no cheque pessoal ou no cartão de crédido.
Se tivesse chegado ao poder e não tivesse sua carreira obstada pelas manobras do general Golbery do Coutto e Silva, que habilmente favoreceu o PT e dividiu as oposições, Brizola jamais teria atitude revanchista com os militares e não permitiria que as Forças Armadas fossem desmoralizadas e sucateadas.
Criaria a tal Comissão da Verdade? Claro que sim, mas certamente para apurar os crimes cometidos pelos dois lados, não apenas por um só. E jamais aceitaria projetos absurdos e ditatoriais, com o famoso Plano Nacional de Direitos Humanos – 3, da mesma forma como não admitiria qualquer ameaça à liberdade de imprensa.
Em seu governo, o BNDES seria a mola-mestra do desenvolvimento nacional, mas o banco de fomento jamais seria atrelado aos interesses das multinacionais, das instituições financeiras ou das megacorporações empresariais, como se verifica desde a gestão de Guido Mantega, mas agora com maior intensidade, na gestão de Luciano Coutinho.
A Educação pública, é claro, estaria em outro patamar, com os Cieps de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer disseminados por todo o país. Haveria avanços também na saúde pública e no saneamento, pois Brizola jamais foi um privatista e certamente saberia incentivar as responsabilidades estatais nos setores de real interesse público.
E por aí vamos, em busca de um tempo perdido que nem Proust explicaria. Saudades de Brizola.