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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Gabrielli entra no jogo

Terça, 24 de janeiro de 2012
Por Ivan de Carvalho
 Pode-se afirmar que ontem ocorreu um fato importante para o processo sucessório de 2014, quando o eleitorado baiano vai escolher um novo governador, além de seu vice e o futuro ocupante da chapa de senador que vai ficar vaga com o fim do mandato do senador João Durval, do PDT. O fato é o anúncio oficial, feito pela Petrobrás, de que o presidente do Conselho da empresa, ministro Guido Mantega, da Fazenda, já manifestou que vai encaminhar, como proposta para a próxima reunião do órgão, a escolha de Maria das Graças Foster para a presidência da Petrobrás.

            Atualmente diretora de Gás e Energia da Petrobrás, Maria das Graças Foster assumirá o posto hoje ocupado pelo economista baiano José Sérgio Gabrielli, que ocupou na empresa, primeiro, cargo de diretor e depois o de presidente, durante o governo Lula e, por sugestão deste, permaneceu, conforme o combinado, o primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff no comando da maior empresa da América Latina e uma das maiores do mundo. Agora, Dilma porá no cargo a pessoa que ela desejava desde sempre conduzir a ele – Maria Foster.

            Mas para a sucessão baiana de 2014, o importante é que Gabrielli sai agora do cargo na Petrobrás como aspirante não declarado, mas evidente, ao governo da Bahia. O governador Jaques Wagner, sem que isto signifique qualquer sinal precipitado de apoio ou compromisso a candidatura, já afirmou que “Gabrielli é extremamente qualificado e poderá contribuir com o governo baiano”.

            Não só por isto, mas por muitos outros sinais conhecidos por todo o meio político, Gabrielli, que é filiado ao PT desde criancinha e já disputou (sem nenhuma chance de vitória, mas para marcar a posição petista na época) o cargo de governador, deverá ocupar cargo no governo Wagner.

            Ainda há alguma dúvida quanto a qual será este cargo, mas é muito improvável que se concretize a hipótese de ser o do secretário da Fazenda, cujo atual ocupante, Carlos Martins, do PT, vai deixar o governo para disputar a prefeitura de Candeias.

            Até ontem à noite, a hipótese considerada mais provável é a de que o cargo de secretário da Fazenda venha a ser ocupado por James Correia, que atualmente é o secretário da Indústria e Comércio. E Gabrielli iria para a Secretaria da Indústria e Comércio, pois aí teria melhores condições para articular-se com o empresariado e preparar, neste setor, a sua candidatura a governador.

            Mas convém lembrar que, no lado do governo, José Sérgio Gabrielli não é o único aspirante. Além dele, são notórios também outros. Pela movimentação política que empreendem, esbracejando doidamente, ou pelas posições e poderes que lhes foram atribuídos ou que conquistaram.

            Não vou incluir nessa lista, por mais guerreira que seja, a prefeita petista de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, que deixa o cargo em 31 de dezembro deste ano. Mas vale citar o obstinado petista Luiz Caetano, prefeito de Camaçari e presidente da União dos Municípios da Bahia e o senador petista candidato a tudo Walter Pinheiro, ainda que seja para não ficarem zangados. E o secretário-chefe da Casa Civil, deputado federal petista Rui Costa, ex-secretário de Relações Institucionais, porque aí a coisa é muito séria.

            Terá notado o leitor que só citei nomes de petistas como aspirantes ao cargo de governador no lado governista. Isto porque o PT não admite a ideia de o governo ter um candidato não petista à sucessão de Wagner. Notará o leitor, com o tempo, que dos nomes citados – salvo gravíssimo acidente de percurso – a lista de candidatos petistas a governador tenderá a limitar-se a Gabrielli e Rui Costa.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.