Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Davos e o futuro distópico

Quinta, 26 de janeiro de 2012
por Octávio Teixeira*
Inicia-se hoje o conclave anual do Fórum de Davos, com Merkel a abri-lo, que normalmente reúne alguns dos principais líderes políticos mundiais e a elite do poder capitalista global. Fórum que anualmente traça as orientações a serem seguidas para a economia planetária com o objectivo de preservar a globalização desregulada que lhes garante o poder e os lucros de que beneficiam.
A curiosidade deste ano reside no documento-base para as deliberações do Fórum, "Riscos Globais 2012".
O diagnóstico das consequências da crise é demolidor: "27 milhões de pessoas perderam o seu posto de trabalho", "muitas pessoas foram forçadas a aceitar uma redução dos seus salários e dos seus benefícios laborais", "os jovens foram particularmente afectados pela falta de oportunidades de trabalho", "muitos países foram confrontados com aumentos das taxas de pobreza, doenças mentais…", "o descontentamento tem-se agravado como resultado da disparidade na distribuição de rendimentos, pois a metade mais pobre da população possui apenas 1% da riqueza mundial, enquanto 1% possui quase metade dessa riqueza".
E as expectativas são brutais: "a análise da interacção entre os vários riscos globais revela uma constelação de riscos que apontam no sentido de um futuro distópico para a maioria da humanidade", definindo-o como um futuro "onde a vida é repleta de dificuldades e sem esperança"… o que poderá "pôr em causa a estabilidade económica e social".
Os donos do mundo estão assustados. Mas nem isso os leva a retirar a conclusão fundamental de que este é o resultado dramático de 30 anos da selvática globalização neoliberal de que eles são os mentores e de que não querem abrir mão.
As deliberações serão, irresponsavelmente, a manutenção do rumo a esse futuro de desastre. 
24/Janeiro2012

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