Segunda, 26 de março de 2012
Por Ivan de Carvalho 
Vale citar a pendência
entre o PT e o PMDB, o primeiro ganhando cada vez mais o controle do aparelho
estatal e o segundo tendo sua influência notoriamente reduzida em relação à que
tinha durante o segundo mandato do ex-presidente Lula.
A influência do PMDB no Executivo é, hoje, uma
sombra do que foi antes de Dilma. O PR está alijado do primeiro escalão do
Executivo, com sua direção nacional e sua bancada no Senado “em oposição” e sua
bancada na Câmara vacilando entre a oposição e a “independência”. O PTB
continua marginalizado e descontente e o PDT busca um sofrido e protelado
retorno ao Ministério do Trabalho, provavelmente com o deputado Brizola Neto.
Em meio a essa delicada situação na base
parlamentar e partidária do governo, com demandas desatendidas ou mal
atendidas, a presidente Dilma Rousseff, sob a proteção dos seus 60 por cento de
popularidade, dá uma entrevista à revista Veja,
na qual manda recado para a base, avisando que se dispõe a uma mudança de
paradigmas e a por fim ao tipo de negociação que prevalecia entre o governo e
seus apoiadores no Congresso e no espectro partidário.
Durante a semana passada, nos bastidores
imaginava-se que a presidente faria mais algumas mudanças no Ministério. Se com
o apoio de seu partido Brizola Neto vai para o Ministério do Trabalho,
resolve-se o problema do PDT. O ministro Paulo Bernardo, do PT, poderia sair
das Comunicações e ir presidir uma empresa estatal importante, talvez Furnas.
Assim terminaria uma situação estranha e incômoda, um casal de ministros, já
que a mulher dele, Gleisi Hoffmann, também do PT, é ministra-chefe da Casa
Civil.
Para as Comunicações iria o atual ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, do PT e
ligadíssimo à presidente Dilma. E o senador Blairo Maggi, aceitando, iria para
o lugar de Pimentel, com o que se resolveria o problema do PR sem devolver a
este partido o Ministério dos Transportes, que Dilma já mandou avisar que não
devolverá.
Bem, algumas definições para candidaturas a
prefeito de Salvador dependem do tempo da crise e sua resolução (ou não) em
Brasília. Esta é a convicção de mais de um político, pelo menos na área das
oposições estaduais. Essas definições, na área oposicionista, estavam sendo
esperadas para fim de março ou abril, mas, se a crise em Brasília perdurar, as
decisões na área de oposição, aqui, poderão ficar lá para maio, à espera do que
aconteça em Brasília.
De qualquer modo, se as oposições não conseguirem
chegar à unidade (que está difícil) em Salvador, dificilmente entrariam na
disputa da prefeitura com três ou quatro candidatos (ACM Neto, do DEM, Mário
Kertész, do PMDB, Antonio Imbassahy, do PSDB e eventualmente César Borges, do
PR). Entrariam com dois. Quanto à base do governo, por enquanto, tem dois
principais – Nelson Pelegrino, do PT e Alice Portugal, do PC do B. E ainda há o
PDT que não cessa de lembrar que tem candidato próprio, Marcos Medrado. E há,
por enquanto, pelo menos, o candidato João Leão, do PP, partido do prefeito
João Henrique.
Não havendo uma desistência em massa, o segundo
turno fica garantido.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.