Terça, 27 de março de 2012
Da Agência Brasil
Mariana Jungmann, repórter
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), que
assumiu a liderança do partido deixada por Demóstenes Torres (GO) na
manhã de hoje (27), disse que aguarda informações da Procuradoria-Geral
da República para que o senador goiano possa defender-se e, a partir de
então, o partido tome uma posição quanto à permanência dele na legenda.
Agripino Maia lembrou que, em outra ocasião, o partido já decidiu
expulsar um membro quando ficou comprovado que ele estava envolvido em
um escândalo de corrupção. Foi em 2009, na Operação Caixa de Pandora,
que resultou na prisão do ex-governador do Distrito Federal José Roberto
Arruda. Para o presidente e líder do DEM, é possível que o mesmo ocorra
com Torres se ele não conseguir provar sua inocência.
“Eu não quero dizer que a expulsão é provável porque eu não conheço as
acusações e não quero fazer um julgamento antecipado. Agora, posso dizer
apenas que o partido já teve, em circunstâncias preocupantes, um
comportamento claríssimo que o Brasil todo conheceu. E não vai hesitar
um minuto em repetir a dose se as evidências se mostrarem iguais”,
declarou Agripino Maia.
Nos últimos dias, aumentou a pressão de senadores para que o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, repasse ao Senado as
gravações da Polícia Federal (PF) e outras informações de inquéritos que
citam Demóstenes Torres e o ligam ao empresário Carlos Augusto Ramos,
conhecido como Carlinhos Cachoeira.
Hoje, Gurgel recebeu um grupo de senadores e os informou que irá
encaminhar ao STF o pedido para iniciar uma investigação contra todos os
parlamentares citados na Operação Monte Carlo, da PF, que culminou na
prisão de Cachoeira. Além de Demóstenes Torres, trechos de gravações que
vazaram da operação implicam também os deputados Sandes Júnior (PP-GO) e
Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO).
Gurgel também disse que encaminhará as informações que possui sobre o
envolvimento de Demóstenes com Cachoeira para o corregedor-geral do
Senado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). O senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP), que participou da reunião com o procurador-geral, disse que
vai aguardar a abertura de inquérito contra Demóstenes e o envio das
informações a Vital do Rêgo, para, então, abrir representação contra ele
no Conselho de Ética do Senado.
“Claramente me parece que não tem mais condições para o senador
Demóstenes aqui, no âmbito do Senado Federal. Eu, se fosse o senador
Demóstenes, acho que a única alternativa que restaria neste momento
seria a renúncia. Da nossa parte, ocorrendo a denúncia da PGR ao Supremo
com o pedido de abertura de inquérito, torna-se inevitável que aqui
sejam representados os membros envolvidos na Operação Monte Carlo ao
Conselho de Ética”, disse o líder do PSOL.
Nesta terça, Demóstenes Torres enviou ofício ao presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), comunicando que ocupará a tribuna da Casa para se
defender assim que tiver acesso ao conteúdo dos autos dos processos nos
quais é citado. “Não me escusarei de responder a qualquer
questionamento que, por ventura, seja feito pelos senhores senadores e
senhoras senadoras”, garantiu no documento.
O senador disse ainda que vem sofrendo nas últimas semanas “toda sorte
de ataques à minha honra, sem que sejam observadas as garantias
constitucionais previstas em qualquer Estado Democrático de Direito”.
Ele também repetiu o que disse em discurso no dia 6 de março, quando se
propôs a ser investigado no Supremo Tribunal Federal para esclarecer as
acusações de que teria recebido dinheiro em troca de favores a Carlinhos
Cachoeira.