Quinta, 22 de
novembro de 2012
Por Ivan de
Carvalho

As vitórias da oposição em Salvador e Feira de
Santana, os dois maiores colégios eleitorais do estado, têm um marcante
significado político. No caso de Feira de Santana, a vitória oposicionista foi
esmagadora. No caso de Salvador, onde o PT jogou todas as cartas de que
dispunha, inclusive mobilizando o ex-presidente Lula e a presidente Dilma
Rousseff, a vitória da oposição foi emblemática.
O
resultado eleitoral nos dois municípios, bem como a tomada de Irecê pela
oposição em prejuízo direto do PT, valem como um importante alerta para o
governo Wagner e o partido do governador. Esse alerta é tanto maior quanto o
governo se sustenta numa coalizão política e eleitoral em que alguns dos
parceiros podem eventualmente mudar de lado mais adiante, caso percebam forte
perspectiva da oposição conquistar o poder.
A
estratégia do governo tem, logicamente, de incluir a evidência permanente de
que essa perspectiva de poder para a oposição não existe ou é mínima,
desanimadora de qualquer futura migração de governistas para a oposição. Para
isto, o governo e o PT têm de se recuperar de certos desgastes que sofreram ou
pelo menos compensar esses desgastes.
No
caso do governo, há ainda desgaste remanescente da greve na Polícia Militar e a
permanência de um forte desgaste resultante da longa batalha política que foi a
greve do magistério estadual e a conduta do governo diante dela.
A esses desgastes, digamos,
especiais, há o contínuo problema das deficiências gravíssimas no sistema
público de saúde (na capital, por exemplo, o governo fez o Hospital do Subúrbio
e conseguiu implantar uma unidade coronariana no Hospital Ana Nery, além de
algumas ações menores, mas as condições operacionais dos dois grandes hospitais
gerais – o HGE e o Hospital Roberto Santos – permanecem calamitosas.
O governo tem ainda um imenso
problema na questão da segurança pública. Este é um problema que está
incomodando de há muito, mas cada vez com mais intensidade, a população da
capital, de toda a sua região metropolitana. O interior também está cada vez
mais exposto à criminalidade, destacando-se, claro, a violência – nas cidades,
grandes, médias, pequenas, nas estradas, até nas zonas rurais.
Grave é também que o problema
geral, seja da saúde pública, seja da segurança pública, não têm solução
possível em curto ou médio prazos. Os recursos existentes são limitados e os
governos deixaram os problemas tornaram-se muito maiores do que eles.
O
PT, não só na Bahia como em todo o país, enfrenta ainda o desgaste produzido
pelo julgamento do processo do Mensalão. Outros partidos estiveram envolvidos,
mas parece que é o PT que está pagando o mico praticamente sozinho. E não dá
para dizer que injustamente. Ainda é difícil, senão impossível, medir a duração
e a profundidade desse desgaste. É uma questão que só o tempo poderá
esclarecer.
Há
ainda um problema global, a crise econômica e financeira, que vem se refletindo
cada vez com mais intensidade no Brasil e é neste país que fica a Bahia.
Portanto, a conjuntura estadual inclui esse componente também.
Neste
cenário é que o governador Wagner e o PT precisarão se mover e buscar manter as
alianças políticas hoje em vigor, além de manter, na população, as simpatias
que têm e recuperar as que perderam.
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Este artigo foi publicado originariamente na
Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.