Sexta, 2 de novembro de 2012
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
As dificuldades que surgem com a morte de um parente podem
ir além da dor da perda. A conta a ser paga com serviços funerários, por
exemplo, pode ser um motivo a mais de preocupação por ultrapassar os
limites orçamentários de muitas famílias.
Levantamento realizado pela Agência Brasil no Distrito
Federal aponta que as famílias gastam pelo menos R$ 2 mil por um
sepultamento. Os pacotes mais simples oferecidos pelas principais
funerárias da região, que incluem serviços básicos, como transporte do
corpo, o caixão e a sua ornamentação, custam, em média, R$ 1 mil. Além
disso, é preciso pagar pelo arrendamento das gavetas em um cemitério, o
que também fica em torno de R$ 1 mil.
A garçonete Juacimária Bispo, 50 anos, surpreendeu-se quando
fez orçamentos para o enterro da mãe, há dois anos. Sem contar com uma
poupança suficiente para arcar com a despesa total de R$ 3 mil, ela
precisou da ajuda dos oito irmãos para dividir os gastos.
“O valor assustou todo mundo. Eu não tinha o dinheiro todo para pagar,
não tinha condições de assumir sozinha. O mais barato que consegui
encontrar, na época, equivalia a três vezes o meu salário”, contou ela,
que fechou o pacote mais simples, depois de pesquisar os preços em pelo
menos quatro funerárias.
“Os preços não variavam muito, todas cobravam mais ou menos os mesmos valores”, reclamou.
Josefa Cardoso da Silva, 57 anos, teve que desembolsar um pouco mais
para garantir itens, como caixão e roupa, com um pouco mais de
qualidade. Ela também contou com a ajuda dos irmãos para pagar os R$ 4
mil relativos apenas ao serviço funerário do enterro do pai, há cerca de
um ano.
“Como já tínhamos adquirido uma gaveta quando a minha mãe morreu, cinco
anos antes, só tivemos que pagar o pacote da funerária, que foi um
intermediário, porque queríamos itens um pouco melhores. Ainda bem que
os irmãos tinham condição de pagar por isso”, disse.
No Distrito Federal, as famílias que não têm recursos para pagar as
despesas do sepultamento podem recorrer à Secretaria de Desenvolvimento
Social e Transferência de Renda e solicitar o serviço funerário social.
De acordo com a secretária adjunta da pasta, Ana Lígia Gomes, o
benefício é disponibilizado às famílias com renda por pessoa inferior a
um salário mínimo. Os interessados devem procurar uma unidade do Centro
de Referência de Assistência Social (Cras) com os seguintes documentos:
certidão de óbito, guia de sepultamento, documentos de identificação
própria e de identificação do morto. Durante os fins de semana, o
serviço pode ser solicitado na unidade do Sistema Único de Assistência
Social (Suas), que funciona 24 horas.
A secretaria encaminha, em média, 120 sepultamentos por meio do serviço mensalmente.
“O benefício, que é garantido na Lei Orgânica da Assistência Social,
inclui o traslado do corpo do Instituto Médico-Legal até um dos
cemitérios da região, a urna funerária e as taxas de sepultamento. O
Estado se responsabiliza por isso”, disse Ana Lígia Gomes.
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Comentário do Gama Livre: É o que dá essa onda de privatização para beneficiar determinados grupos empresariais. A Justiça já decidiu pela anulação da privatização dos cemitérios do DF, mas ainda não houve governo que enfrentasse o problema. Até porque políticos, alguns da base (outros não) do governo de plantão, são os beneficiários. Ah! E a CPI dos cemitérios que "enterraram", depois de morte matada, lá pras bandas da Câmara Legislativa do Distrito Federal?