Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Família luta para tratar criança de 6 anos com canabidiol

Terça, 1 de novembro de 2016
Adriana Bernardes, do Correio Braziliense //// Blog do Sombra 

Durante cinco anos, as visitas aos hospitais e as crises convulsivas eram constantes. Até que Emanuel começou a usar o medicamento à base de maconha. Desde então, a transformação é visível

Emanuel vive com o pai, Elizandro Souza, 40 anos, a mãe, Valéria Moreira, 32, e a irmã, Sabrina, 14, numa casa de fundo. É um quarto, sala, cozinha e banheiro. Sabrina dorme numa cama de solteiro na sala. Emanuel e os pais dividem a cama de casal. Desde que Elizandro perdeu o emprego, há oito meses, por causa das constantes internações do filho, a família vive com a renda de bicos que ele faz. Ainda assim, o clima na casa é de alegria.

O único momento de tristeza é quando Valéria se lembra do dia em que, no hospital, ao ver Emanuel tendo uma convulsão atrás da outra, entregou o filho nas mãos de Deus. “Aquilo rasgou meu coração. Mas eu disse: ‘Senhor, eu vou entender se ele não tiver que ficar aqui entre nós’.” Não era da vontade de Deus que Emanuel partisse naquele momento.

Nos seis anos de vida, o menino de cabelos negros e riso fácil tem batalhado cada segundo para viver. Os exames do pré-natal não detectaram a má formação no esôfago e, portanto, a necessidade imediata de ele ser operado após nascer. O bebê precisou esperar três dias até conseguir a vaga no Hospital de Base. Quando, finalmente, foi transferido, teve uma parada cardiorrespiratória, que lhe deixaria com graves sequelas, só descobertas a partir dos 6 meses de vida. “Ele não conseguia se sentar e uma das mãozinhas ficava o tempo todo fechada”, relembra Valéria.